O conceito de ecologia libidinal tem por finalidade estabelecer um vínculo entre, por um lado, a psicanálise política, nomeadamente a que foi desenvolvida por via das teorias de Wilheilm Reich e Herbert Marcuse ( o chamado Freud-marxismo), e por outro, as reflexões ecologistas, sociológicas e económicas ( que constroem uma crítica ao crescimento económico), surgidas no fim dos anos de 1970 e que são hoje retomadas por uma plêiade de movimentos, desde os movimentos antiglobalização ao pensamento libertário.Trata-se pois de uma ecologia no sentido em que pretende enfatizar a continuidade e a interdependência entre o ser humano e os outros sistemas vivos e não-vivos. E assume-se também como libidinal na medida em que a energia vital universal corresponde no homem à energia sexual ( libido)
Mas não se pense que se trata de mais uma ideologia. Por definição, uma ideologia é um sistema fundado num axioma de base que é inquestionável. Por exemplo: «Deus existe» (todas as religiões são ideologias), ou «a laei do mercado leva-nos à prosperidade» ( ideologia liberal). Ora é nossa vontade escapar a este esquema mental. Sem apriorismos predefinidos procuramos observar quais são os motivos de sofrimento humano e o estado do planeta para justificar a necessidade de transformações sociais e económicas para tornar possível o desenvolvimento das potencialidades de cada ser.
Por sua vez a psicanálise política é a aplicação da psicanálise para a análise dos fenómenos de sociedade. Com efeito, as relações sociais e o modelo de sociedade são uma resultante do psiquismo dos indivíduos que compõem uma sociedade, sendo aqueles condicionados e formados também pelo modelo social dominante.E se a terapia individual pode tratar alguns pacientes, a verdade é que só um abordagem psicanalítica global da sociedade permitirá corrigir os males que sofrem a quase totalidade dos seus membros.( ver a este propósito o livro La Psychanalyse politique, de Roger Dadoun, P.U.F., 1995 – tradução portuguesa, A psicanálise política de Roger Dadoun )
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