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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

8 1/2, a experiência meditativa de Fellini



Após ter dirigido seu oitavo filme - um episódio de Boccaccio'70 (A tentação do Dr. Antonio) - Fellini comentou com seu amigo, o roteirista Ennio Flaiano, a intenção de filmar uma história radicalmente subjetiva, conduzida em meio aos sonhos e à imaginação do protagonista. O roteirista, entretanto, cético, duvidava ser possível filmar algo assim. O projeto permaneceu vago, até que, pressionado pelo produtor Angelo Rizzoli, Fellini resolveu que sua própria situação, naquele momento, seria o fio condutor da história.


Nas primeira cenas de 8 1/2, somos jogados para dentro ...

...do universo onírico do diretor-protagonista Guido

O filme é a experiência meditativa do diretor. Não sabemos se o que acontece é real ou imaginário. Pouco importa. Seus personagens são os vários "eus" do diretor-protagonista Guido. O crítico de arte é seu super-ego, a amante, a esposa etc., todos são parte de sua subjetividade.

Guido está atormentado. Mas não apenas com o filme, que é uma metáfora de sua vida. Percebe que se encontra disperso, fragmentado. Com a amante, não se encontra "presente". Não há gozo. "É incapaz de amar", diria, mais tarde, a personagem Cláudia. Vê a si mesmo incapaz de se entregar a uma situação única. Quer tudo e ao mesmo tempo e não vive cada situação em sua inteireza.

A uma certa altura, Guido finalmente consegue aproximar-se do Cardeal. Na busca de socorro espiritual, ouve do religioso:

O Cardeal: -Ouça os pássaros !


Guido e a amante Carla (Sandra Milo)...


...só quando há "fantasia"...

Mas o filme é leve, saboroso. O que há de "meditação" é mesmo esse aspecto: Guido vivencia as situações mais "surreais" com um tom levemente distante, um sorriso irônico sobre si e sobre todos os "dramas".

Seu "sonho" é não abrir mão de nada, reunir tudo e a todos em um únco cenário, onde haveria uma conciliação plena e sem julgamentos de todas as situações, emoções, pessoas e significados.
Ora, vejamos, por exemplo, o que diz Sri Nisargadatta Maharaj:


Pergunta
: Suas palavras são sábias, seu comportamento é nobre e sua graça é poderosa.


Maharaj
: Eu não sei nada sobre tudo isso e não vejo diferença nenhuma entre você e eu. A minha vida é uma sucessão de eventos exatamente como a sua. A única coisa é que estou desapegado e vejo o show que passa somente como um show que passa enquanto você se apega às coisas e vai com elas de um lado para o outro.




É o que ele percebe ao final.
Por que ser tão sério se a vida é apenas um sonho ?






Fellini e Mastroianni



Fellini

Marcello Mastroianni e Federico Fellini

Guido e Luisa (Marcello Mastroianni e Anouk Aimée)

Saraghina (Edra Gale)

Rossella (Rossella Falk)

Elenco:

Marcello Mastroianni: Guido, il regista
Claudia Cardinale: Claudia
Anouk Aimée: Luisa
Sandra Milo: Carla
Rossella Falk: Rossella
Barbara Steele: Gloria
Nadine Sanders: Nadine, la hostess
Guido Alberti: Pace il produttore
Madeleine Lebeau: l'attrice francese
Jean Rougeul: l'intellettuale
Caterina Boratto: la signora delle terme
Annibale Ninchi: il padre di Guido
Giuditta Rissone: la madre di Guido
Edra Gale: la Saraghina
Mario Conocchia: direttore di produzione
Cesare Miceli Picardi: ispettore di produzione
Maria Antonietta Beluzzi: una cliente delle terme
Tito Masini: il cardinale
Mario Pisu: Mezzabotta
Jacqueline Bonbon: Yvonne la soubrette
Jan Dallas: Maurice il telepate
Georgia Simmons: la nonna di Guido
Edy Vessel: Edy indossatrice
Annie Gorassini: l'amica di Pace
Rossella Como: amica di Luisa
Gilda Dahlberg: la moglie del giornalista americano
Olimpia Cavalli: Olimpia
Hazel Rogers: la negretta
Bruno Agostini: segretario di produzione
Elisabetta Catalano: sorella di Luisa
Sebastiano De Leandro: un prete
Frazie Rippy: il segretario laico del cardinale
Roberta Valli: bambina
Eva Gioia: la ragazza dell'ispettore di produzione
Dina De Santis: la ragazza dell'ispettore di produzione
Roby Nicolosi: un medico delle terme
Maria Tedeschi: la direttrice della scuola
Polidor: un clown
Ian Dallas: mago inglese
Marisa Colomber:

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

David Lynch e a meditação





David Lynch fala sobre meditação em São Paulo

Palestra e Lançamento de Livro
Quinta-feira, 7 de agosto às 15h
Tema: EM ÁGUAS PROFUNDAS - Criatividade e meditação
Palestrantes: David Lynch
Local: Livraria Cultura Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073 - São Paulo/SP


"Meditar é como mergulhar num cofre cheio. Cada vez que vai lá, consegue pegar algumas moedas. Se for todos os dias, pega mais e mais moedas." "Apenas faça, depois siga com sua vida e veja tudo melhorar."





"O lançamento do livro não é sua preocupação maior. O foco é o programa de educação baseada na consciência", diz Kleber Tani.


http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/eventos/resenha.asp?nevento=3357&tipoEvento=palestra&sid=8918901971083606869785225&k5=28858B99&uid=



Neste livro, uma mistura de autobiografia, história do cinema, ensaio espiritual e manual de meditação, o célebre diretor David Lynch conta como a prática da Meditação Transcendental mudou a sua vida, além de revelar como ela o ajuda a concentrar energias, estimulando sua criatividade e consciência. Um relato de experiências entremeado de histórias jamais reveladas sobre a produção de suas obras-primas cinematográficas. Em Águas Profundas é uma leitura imperdível, não só para fãs do cinema de David Lynch, mas também para todos que desejam melhorar a sua própria condição mental, através do desenvolvimento da criatividade e da capacidade de concentração.



http://www.travessa.com.br/EM_AGUAS_PROFUNDAS_CRIATIVIDADE_E_MEDITACAO/artigo/dce11297-2f66-4d8e-abcf-a35b5c368776

Mais sobre David Lynch e a meditação

(matéria publicada no IOL Portugal Diário em 17-11-2007)

O realizador norte-americano David Lynch esteve este sábado no European Film Festival, o último dia da mostra portuguesa, para dar uma Masterclass aberta ao público.
Mas Lynch não se deslocou ao nosso país apenas para falar de cinema, o tema principal da «aula» que deu no Centro de Congressos do Estoril e da breve conversa que teve antes com os jornalistas foi a meditação transcendental.
David Lynch, contou o próprio, anda na estrada há dois meses a falar de meditação transcendental, disciplina que abraçou há mais de 30 anos. Neste espaço de tempo, Portugal foi o 15º país e o Estoril a 26ª localidade que visitou e onde defendeu publicamente que a meditação transcendental pode trazer a paz ao mundo.
«A meditação ajuda a libertar, a ser feliz por dentro», disse o cineasta. «Procura o reino dos céus que tens dentro de ti e o resto virá por acréscimo», continuou. «Com a meditação as coisas negativas - a raiva, a depressão, a tristeza - desaparecem», garantiu o realizador durante a Masterclass.
Questionado sobre o impacto que esta disciplina teve na sua vida pessoal, em particular como artista, David Lynch comentou que antes de começar era uma pessoa afectada pela depressão e pela raiva.
«Com a meditação consegui ultrapassar emoções negativas como o medo e a ira, libertei a minha consciência e a criatividade começou a fluir», descreveu.
«O cinema não é só uma coisa intelectual, é muito emocional e tem também a ver com a intuição. É com a intuição que conseguimos saber se algo está certo ou errado. E se temos a mente limpa de negatividade, temos melhor acesso à intuição», disse.
Em 2005, o cineasta criou a David Lynch Foundation For Consciousness-Based Education and Peace (Fundação David Lynch para a Educação e Paz Baseadas na Consciencialização), que visa financiar pesquisas sobre os efeitos positivos da meditação transcendental.
«Tenho observado uma grande transformação nas escolas onde a meditação está a ser introduzida. Os níveis de violência baixaram e as crianças começam a aprender melhor e a desenvolver o seu potencial», referiu o realizador.
Recentemente Lynch encontrou-se com o presidente de Israel Shimon Peres a quem disse que colocar cerca de duas centenas de mestres em meditação em Israel seria o suficiente para acabar com o conflito no Médio Oriente.
«Podem dizer que sou louco, mas ao menos tentem e vejam o que pode acontecer. Em Portugal bastariam 350 professores para toda a população», disse na Masterclass.




O cinema de Lynch

Na «aula» e na conversa com os jornalistas era impossível fugir ao tema pelo qual ficou mais conhecido em todo o mundo, o cinema.
Mas como cria afinal David Lynch filmes que muitos (público e crítica) consideram «incompreensíveis»?
O realizador contou a história do seu último filme, «Inland Empire».
«Ia escrevendo e filmando. Certo dia tive uma ideia e escrevi-a. Era uma cena que nada tinha a ver com nada, peguei na câmara e fui para a rua filmá-la. Passados uns dias tive outra ideia, que nada tinha que ver com a primeira. Voltei a ir para a rua filmá-la. Mais tarde tive outra ideia, em nada relacionada com as duas primeiras. Voltei a fazer o mesmo», revelou.
«Depois comecei a criar cenas que estivessem relacionadas com as três primeiras. E aí já comecei a rodar o filme de maneira mais tradicional», acrescentou.
«As ideias surgem-me sempre fragmentadas, só mais tarde é que as reúno num só argumento», concluiu.
Quanto à maneira como lida com a incompreensão dos seus trabalhos, a resposta é simples: «cada um tira a sua própria conclusão dos meus filmes, e todas as conclusões são válidas».
Aos jovens cineastas deixou um conselho: «Sejam verdadeiros convosco próprios, mantenham-se fiéis às vossas ideias, não aceitem uma má ideia, mas nunca recusem uma boa», afirmou o realizador perante uma audiência de mais de 600 pessoas.