quarta-feira, 23 de abril de 2014

Gregory Bateson: um cérebro privilegiado



Humberto Mariotti **

Eis um fato surpreendente: fala-se que estamos em uma época de grandes transformações, em que antigos pontos de vista cedem cada vez mais espaço a uma consciência ampliada do real e,  portanto, da condição humana. Todos apontam para o papel fundamental que a visão de mundo complexa e um de seus principais instrumentos instrumentos — o pensamento sistêmico — desempenham em todo esse processo. Ainda assim não existe entre nós, pelo menos publicado em veículo de circulação significativa, quase nada a respeito de Gregory Bateson, um dos pesquisadores mais importantes deste século.
O mínimo que se pode dizer é que sem sua contribuição todo esse acervo de idéias, propostas e ações transformadoras teria sido se não impossível, pelo menos limitado e portanto menos motivador. Este texto pretende tentar corrigir a falha, não apenas pelo que expõe, mas também pelo que espera mobilizar, em termos de abertura para novos e mais detalhados estudos da vida e da obra do antropólogo inglês.
Gregory Bateson nasceu em Cambridge, em 9 de maio de 1904, e morreu nos Estados Unidos, em 4 de julho de 1980. Começou seus estudos em história natural ainda em Cambridge e graduou-se em antropologia. Seus primeiros trabalhos o levaram à Nova Guiné. O resultado foi a publicação de seu primeiro livro, de título longo, do qual menciono aqui só a primeira palavra: Naven. A amplitude de seu horizonte intelectual fez com que desde cedo Bateson se interessasse por uma vasta gama de assuntos.
Assim, a interdisciplinaridade foi para ele mais um projeto de vida do que uma postura científica.
Na Nova Guiné Bateson conheceu Margaret Mead, cujo pensamento era muito semelhante ao seu. Foi casado com ela durante 14 anos, período em que trabalharam juntos, inclusive em Bali. Dessa convivência surgiram as primeiras documentações fotográficas de comportamento em etnologia, publicadas em Balinese character (1942). O que impressiona em Naven — um trabalho de 1936 — é a antecipação de uma correlação que viria a se tornar mundialmente aceita. A obra é considerada um elo entre a antropologia e a cibernética. Esta, como se sabe, só começaria a tomar a forma que tem hoje a partir dos anos 1940.
Não ficaram por aí os interesses de Bateson. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele se mudou para a Califórnia. No Veterans Administration Hospital, em Palo Alto, voltouse para o estudo do alcoolismo e da esquizofrenia. Por essa época, desenvolveu com outros pesquisadores a teoria do duplo vínculo (double bind) que, dada a sua importância será agora examinada com mais detalhes.
O duplo vínculo Trata-se de uma situação que se estabelece quando uma pessoa se vê diante de mensagens simultâneas de aceitação (amor) e rejeição. O fato de tais mensagens serem simultâneas e contraditórias, faz com que quem as recebe fique confuso. Esse quadro é freqüente no meio familiar, e ocorre em especial entre crianças e pais.
Segundo Bateson, adultos jovens que desenvolveram esquizofrenia muitas vezes têm história de relação de duplo vínculo na infância.
Assim, é comum que crianças ouçam de seus pais falas com múltiplas variantes do seguinte teor: “Nós gostamos muito de você, mas temos de castigá-lo porque se não o fizermos você irá se comportar mal, e não queremos que isso aconteça porque queremos continuar gostando de você”.
É claro que mensagens contraditórias nos acompanham pela vida afora. A sabedoria popular há muito já havia identificado o double bind, que entre nós tomou a forma de pelo menos dois ditos: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” e “morde e assopra”. Em meu livro As paixões do ego: complexidade, política e solidariedade, estabeleço a relação entre essa situação e o condicionamento de nossa cultura pelo pensamento linear. Esse modelo mental dificulta ou impede nossa convivência com paradoxos. No entanto, sabemos que há situações nas quais a manutenção da própria vida depende dessa convivência.
Assim, conviver com os paradoxos, mais do que uma opção é um imperativo biológico. Se não se estivéssemos condicionados ao pensamento linear, com sua estrutura binária do tipo "ou/ou", é muito provável não existiriam situações como as de duplo vínculo. O duplo vínculo é perverso, porque obriga as pessoas a conviver com uma ambigüidade externa que, por sua vez, lhes mostra a dificuldade que elas têm para lidar com a ambigüidade da própria condição humana. No caso das crianças a situação é bem pior, porque atinge o ego em uma idade em que este ainda está em formação.

Ambigüidade e comunicação interpessoal

Como acabamos de ver, a proposta de Bateson e seus colaboradores para o estudo da esquizofrenia baseia-se na análise das comunicações interpessoais. Seu principal campo de estudo é a estrutura familiar. O instrumental de abordagem é a teoria dos tipos lógicos, que por sua vez faz parte da teoria da comunicações.
A situação de duplo vínculo, descrita como uma circunstância em que a vítima “não pode ganhar”, já havia sido, como vimos há pouco, notada pela sabedoria popular.
Não é de estranhar, portanto, que o fenômeno seja tão disseminado, e que as pessoas que o experimentam terminem desenvolvendo sintomas esquizofrênicos, ou mesmo o quadro pleno da doença. Estamos diante do resultado de respostas adaptativas inadequadas. Por seu intermédio, as pessoas procuram modificar a realidade para que ela se mostre menos ameaçadora. A conseqüência final pode ser a alienação mental.
Por ser ambíguo e gerar ambigüidade, o duplo vínculo é uma distorção de comunicação que leva a níveis intoleráveis as já conhecidas dificuldades que as pessoas têm de receber e interpretar mensagens. Antes do estudo sobre a esquizofrenia, iniciado em 1953 por Bateson e colaboradores, o matemático americano Claude E. Shannon havia enunciado seus teoremas, propostos em com base em comunicações telegráficas e telefônicas, e hoje ampliados para as comunicações em geral. O teorema mais conhecido de Shannon diz o seguinte: "Uma mensagem, enviada por qualquer canal, é influenciada por várias distorções durante a sua transmissão. O resultado é que quando ela chega ao seu destino parte das informações que continha se perdeu".
Assim, a situação de “não poder ganhar”, característica do duplo vínculo, assume uma gravidade ainda maior. Além de difíceis de entender, as mensagens são em si mesmas incompletas, dada a dissipação mencionada no teorema de Shannon.
Estudos posteriores, desenvolvidos por Bateson, mostraram que o problema é muito mais complexo do que se pensava. Envolve múltiplos modos de comunicação humana como os jogos, os não jogos, o humor, a falsificação consciente ou inconsciente de sinais identificadores de modos, como o riso, as atitudes amistosas e a aprendizagem.
São situações que não podem ser entendidas — e muitas vezes nem sequer percebidas — por meio do raciocínio linear. Hoje, com a ampliação dos usos do pensamento complexo, novos níveis de compreensão dessas questões vêm se tornando possíveis.
Sabe-se que as pessoas, em condições experimentais e no cotidiano, além de aprender podem também aprender a aprender. Podem também aprender a trabalhar com muitos níveis de sinais ou mensagens sob as mais diversas condições. Tudo isso leva ao infinito as possibilidades da aprendizagem — para o bem e para o mal.
Daí a gravidade de uma aprendizado distorcido por experiências traumáticas como o duplo vínculo. Para que seus efeitos se manifestem, é necessário que a situação-base se repita com tal freqüência que termine se transformando em um agente condicionador. Além da longa duração, ela precisa ocorrer em circunstâncias nas quais a vítima não tenha escapatória. Esse é o caso das crianças no contexto familiar. No fim, o padrão de resposta se torna automático: a vítima acaba vendo o mundo pela ótica da dupla vinculação.

Em busca de uma saída

Como vimos há pouco, a condição de não permitir alternativas à vítima é condição indispensável para que o double bind conduza a situações patológicas. Quando há como escapar, ele não apenas deixa de levar a quadros esquizofrênicos como até pode ser utilizado em contextos terapêuticos. Bateson observa que em seu trabalho os psicoterapeutas, conscientemente ou não, provocam com freqüência esse tipo de  circunstância. Os pacientes, por sua vez, procedem da mesma forma. A diferença é que em tais cenários há sempre possibilidades de saída. Estas se caracterizam pela oportunidade que as pessoas atingidas têm de poder comentar e questionar as mensagens que recebem.
Tais oportunidades lhes conferem uma capacidade de entendimento e discriminação que permite escolher a alternativa a ser descartada, bem como aquela a ser considerada e trabalhada. Por outras palavras, ao receber uma comunicação a pessoa-alvo pode intervir sobre ela, questionando-a, pedindo mais detalhes, buscando mais clareza. A esse procedimento, Bateson chama fazer uma metacomunicação.
Um bom exemplo são os koan, situações enigmáticas insolúveis pelo raciocínio linear e utilizadas pelos mestres Zen nas interações com seus discípulos. Bateson lembra um deles. Diz o mestre: “Se você disser que esta varinha que tenho na mão é real eu lhe baterei com ela; se você disser o contrário eu também lhe baterei; se você não disser nada eu lhe baterei da mesma forma”.
Em uma situação como essa, o discípulo pode buscar uma saída e acabar tomando uma providência — tirar a vara da mão do mestre, por exemplo. Esse é um exemplo de intervenção sobre uma comunicação, ou seja, uma metacomunicação. No caso dos esquizofrênicos, porém, a saída adotada é muito mais radical: consiste em afastar-se do mundo real, porque a longa exposição ao duplo vínculo os fez perder a capacidade de se metacomunicar.

Modelos e metáforas

Nas pessoas vistas como normais, situações de duplo vínculo são interpretadas como desafios. Quando recebem mensagens contraditórias, elas reagem atendo-se à literalidade. Como observa Bateson, esse é o comportamento de testemunhas ao serem interrogadas na polícia ou em tribunais: respondem de modo binário, dentro da lógica ou/ou do pensamento linear: é/não é, vi/não vi, sei/não sei, inocente/culpado e assim por diante.
Os esquizofrênicos, porém, são incapazes de diferenciar mensagens literais de comunicações metafóricas. Quando alguém lhes propõe algo ambíguo eles entram em crise, pois o confronto deflagra o condicionamento estabelecido pelo duplo vínculo. Por isso, nesses casos eles respondem com metáforas ou, quando isso se mostra impossível, “transformam-se” em outras pessoas — o que é uma forma de fuga, ainda que inadequada.
Desse modo, pode-se considerar que os esquizofrênicos reagem à dupla vinculação de um modo que os aliena de si próprios e do contexto de suas ações. Além disso, por não ter capacidade de discriminar, eles não percebem que estão usando metáforas, isto é, que estão substituindo a literalidade por outro modo de comunicação. Numa palavra: os sistemas de sinais que utilizam são diferentes dos empregados pelas demais pessoas.
Diante de uma mensagem contraditória, há três comportamentos esquizofrênicos principais. O primeiro consiste em procurar em tudo um subtexto, isto é, imaginar que toda mensagem tem sempre algo “por trás”. Essa circunstância leva a uma conduta de suspeita e desconfiança constantes, típico da esquizofrenia paranóide.
O segundo comportamento revela um padrão de pensamento concreto e infantil. Se alguém diz, por exemplo, “é tiro e queda”, o ouvinte logo procura o ferido ou cadáver.
Tudo é motivo de riso. O quadro clínico correspondente é o da esquizofrenia hebefrênica.
O terceiro modo de comportamento consiste em ignorar as mensagens. As pessoas tendem a afastar-se de tudo e a se encastelar cada vez mais em seu mundo interior. É o quadro da esquizofrenia catatônica.

Cotidiano e responsabilidade

Bateson assinala que em todos e em cada um desses comportamentos o ponto comum é que as pessoas perderam a sua  capacidade de auto-regulação, que caracteriza os sistemas cibernéticos em
geral e os seres vivos em particular. Elas passam a estar no mundo como barcos à deriva. É óbvio que esses comportamentos, levados ao extremo pela patologia, são observados em graus variáveis nas pessoas consideradas normais.
Todos nós conhecemos no dia-a-dia os indivíduos que suspeitam de tudo, os que desqualificam as situações transformando-as em brincadeiras e, no limite, as pessoas que se isolam do convívio social. Rotulá-las como indivíduos que não querem se comprometer, que não assumem suas responsabilidades diante da vida, é até certo ponto razoável, mas também simplista. Podemos também ver, em tais casos, modelos diferentes de comprometimento, ou até mesmo modos de pedir socorro. Não atender a esses pedidos seria fugir à responsabilidade e aos desafios que nos são postos pela própria condição humana.
Como acentua Bateson, as relações interpessoais consistem em receber mensagens, comentá-las e retorná-las sob a forma de metamensagens. Segundo ele, a esquizofrenia é a incapacidade de metacomunicação. Nesse sentido, a comunicação de massa e seus veículos — em especial a televisão — vêm contribuindo para produzir uma civilização esquizóide, dado que a massificação das mensagens e a padronização das respostas impede a diversidade mental criadora. O que, por sua vez, tende a manter o condicionamento de nossa cultura pelo pensamento binário.

O caminho da complexidade

Mas nem tudo é desesperança. Ao que parece, existe uma auto-regulação maior, que ultrapassa tudo isso. Não há outro modo de explicar certos fatos do cotidiano. Vejamos alguns exemplos. O pensador Edgar Morin entrou em contato com a obra de Bateson por intermédio de Anthony Wilder, do Departamento de Comunicação da Universidade de San Diego, na Califórnia. E daí continuou, rumo às várias linhas que se entrelaçam na teoria dos sistemas. Esse contato foi decisivo para a continuidade da obra de Morin — um dos principais teóricos do pensamento complexo —, conforme ele próprio destaca em seu livro O paradigma perdido.
Sabemos também que Margaret Mead e Bateson mantiveram um estreito relacionamento com Milton H. Erickson, o famoso psicoterapeuta do Arizona, que influenciou de maneira exemplar as
pesquisas que resultaram em sua originalíssima abordagem psicoterapêutica. Em Erickson, Bateson
descobriu a contribuição da hipnose ao estudo da esquizofrenia. Observou que os delírios, as alucinações e outros fenômenos aparecem com freqüência em pessoas hipnotizadas, mesmo quando não sugeridos pelo hipnotizador. Destacou também o modo como Erickson utilizava o duplo vínculo em hipnose, dizendo, por exemplo, ao paciente: “Sua mão não pode se movimentar, mas quando eu der o sinal ela se moverá”.
Essa é uma mensagem contraditória, incompreensível pela lógica binária e possível indutora de dupla vinculação: “Sua mão não pode se mover mas pode”.
Erickson então dá o sinal combinado e o hipnotizado tem uma alucinação: vê sua mão, que declarara imóvel, movimentarse. Nesse caso, como nota o terapeuta, a alucinação foi uma saída para o duplo vínculo, embora inadequada para as práticas cotidianas — como acontece com as alucinações dos esquizofrênicos.

Profundidade, amplitude e globalidade

Estas considerações sobre o duplo vínculo talvez tenham sido longas demais para um texto como este. Mas elas me pareceram necessárias por uma série de motivos, dos quais destaco dois. Primeiro, para mostrar como a dificuldade de comunicação entre as pessoas continua a ser o maior entrave à convivência humana, seja na família, no trabalho ou em qualquer outro contexto. A segunda é que a diversidade de uma obra como a de Bateson me parece melhor ilustrável por meio de um exemplo marcante, que mostra como as idéias batesonianas se identificam com uma rede mais ampla, que inclui as maiores inteligências deste século.
Essa imensa teia, cujos fios ligam tantas áreas do conhecimento, é que faz chegar ao tecnicismo do conhecimento o acervo experiencial da sabedoria e compõe o que chamo de pensamento sábio. São fios que unem núcleos poderosos de pensamento, como o Bateson, o de Francisco Varela, o de Margaret Mead e o de Edgar Morin, entre muitos outros.
O que essas pessoas têm em comum?
Muita coisa: tendência para pensar de modo global, ordem e método sem dogmatismos, ousadia, espontaneidade, diferenciação, visão de futuro, senso de justiça social, ludicidade na seriedade, sinergia. Talvez agora esteja um pouco mais claro o que Bateson chama de "padrão que liga" (binding pattern), conceito que aparece em seu livro Steps to an ecology of mind.
Não fosse isso suficiente, ele também navega à vontade por temas tão variados como caráter moral e social, teoria dos jogos e fantasia, categorias lógicas de aprendizagem, cibernética, comunicação com cetáceos e outros mamíferos, ecologia, o papel das alterações somáticas na evolução e assim por diante. Até seus últimos dias, Bateson continuou a insistir na necessidade do aprofundamento dos estudos sobre a complexidade dos sistemas vivos, inclusive os sociais. A metodologia utilizada inclui o que ele chamou de metálogos: conversas sobre assuntos problemáticos conduzidas de tal modo que os participantes discutem os temas, mas acrescentam a estrutura e a totalidade do diálogo à discussão. Por outras palavras, procuram não traçar fronteiras dentro das quais não se julguem incluídos.
Essa maneira de superar a separação sujeito-objeto permite que a discussão se auto-alimente o tempo todo. Essa circunstância a mantém aberta a múltiplas vias de abordagem. Bateson vê a interação da teoria da evolução e sua história como um metálogo entre o homem e a natureza, no qual a criação e a troca de idéias representa o fator de manutenção da abertura — ou seja, da sobrevivência do sistema.

Bibliografia

BATESON, Gregory. Naven: a survey of the problems suggested by a composite picture of the culture of a New Guinea tribe drawn from three points of view. Cambridge: Cambridge University Press, 19336.
_____; Mead, Margaret. Balinese character: a photographic analysis. Special Publications of the New York Academy of Sciences, vol. 2. Nova York: New York: Academy of Sciences, 1942.
_____. Mind and nature: a necessary unity. Londres: Wilwoad House, 1979.
_____. Steps to an ecology of mind. Nova York: Ballantine Books, 1985.
_____. A sacred unity: further steps to an ecology of mind. Nova York: Harper Collins, 1991.
GUILLAUME, Patrice. O duplo vínculo: um laço íntimo entre comportamento e comunicação. Thot (São Paulo) 68: 27-35, 1998.
RUESCH, Jurgen; Bateson, Gregory. Communication: the social matrix of psychiatry. Nova York: Norton, 1951.

© Humberto Mariotti 1999
* Publicado, com modificações, na revista Thot (São Paulo) 60:23- 27,1995.

** HUMBERTO MARIOTTI. Professor e Coordenador do Centro de Desenvolvimento de Lideranças da Business School São Paulo. Consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional.
Conferencista nacional e internacional.
Coordenador do Núcleo de Estudos de Gestão da Complexidade da Business School São Paulo.