Populismos
(1)
O processo
de mundialização implicará profundas alterações urbanas e também demográficas,
especialmente nas grandes metrópoles da Europa (mais acentuadamente). Esse tipo
de transformação profunda e ampla é, naturalmente, muito traumática,
especialmente para aqueles que vivem passivamente o processo, no caso, os
europeus tradicionais moradores há gerações dessas cidades mais atrativas. É
nessa dificuldade que floresce o populismo, com suas soluções imediatistas e respostas fáceis (fechamento de fronteiras, proibição de imigrações).
Mas será
que isso é realmente possível?
Será que
um grupo de governantes conseguiria parar o processo de integração com a Ásia
, "na marra"?
Ou são
apenas tolos saudosistas e/ou oportunistas políticos evocando um passado mítico
que nunca existiu de fato?
Entendo
que os conservadores são tolos - conseguem até conquistar o poder, mas não
conseguem fazer face a esses desafios que a historia impõe.
É possível parar a marcha da história em nome do medo?
Populismos
(2)
Uma coisa a gente pode tender a concordar com o populismo de extrema direita: considerando a média de padrão de vida mundial, a Europa e os EUA vivem com o file mignon e o resto do mundo, mal e mal, com o osso. Se você diz "sim" à globalização (livre fluxo migratório e de capitais, integração dos processos produtivos etc.), das duas uma:
1. Ou você vai viver um decréscimo do padrão de vida dessa elite, em maior ou menor grau; ou
2. você advoga q todos cresçam, os asiáticos mais que os europeus, de modo q ninguém perde , mas os pobres ganham mais (é o que os globalistas têm defendido).
Suspeito que quem paga a conta dessa segunda hipótese é o
meio-ambiente. Ou seja, para você sustentar ganhos globais constantes, o índice
de produtividade terá que ser muito alto, extraindo-se da natureza esse excedente
a ser apropriado desigualmente.
Provavelmente
o processo histórico será uma combinação de ambos, da seguinte forma:
A elite
de primeiro mundo e também a classe média tentarão se fechar cada vez
mais, numa tentativa de segurar o máximo do filé possível. Mas o processo histórico
segue seu curso e conspira contra esse conservadorismo. Os populistas tentam
vender a ideia de que é possível, sim , brecar essa marcha. Mas os chineses,
indianos, paquistaneses, africanos e muçulmanos de diversas nações,
dentre tantos outros continuam e continuarão chegando e mudando o
perfil habitacional, de mercado de trabalho, a educação , a cultura etc.
Populismos
(3)
Ha quem diga que a própria natureza vai impor um limite ao crescimento nas próximas décadas. Se isso acontecer, voltamos ao cenário (1), anteriormente mencionado, com maior radicalismo. Ou seja, o crescimento de produtividade não se sustenta e a elite mundial ( estou aqui incluindo a classe media dos países avançados) vai tentar se fechar ainda mais, diante da escassez de recursos.
Num
certo sentido e sob esse ponto de vista sócio-econômico, é como se a pauta
ambientalista jogasse mais lenha no fogo populista, pois ao propor
maior preservação dos recursos , está dizendo: o consumo de vocês é - e sempre
foi - exagerado, ele só se sustentou graças à exploração de populações inteiras
de outros continentes (colonialismo) e graças a uma exploração ambiental insustentável. Mas agora que todos estão se integrando, seus filhos terão
que se contentar com menos!
Ora,
isso, para essa elite , é absolutamente inaceitável!
Sem uma mudança
cultural profunda (menos consumismo, menos filhos, decrescimento econômico,
mudança da matriz energética etc.), esse pessoal cai no colo do discurso
populista , simplesmente porque não admite abrir mão de nada , nesse
momento crucial para o mundo humano e não humano.
O medo e o ressentimento
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