Abaixo, trecho de entrevista com José Tardim.
IHU On-Line – Como o senhor analisa o debate acerca da agroecologia no país?
José Tardim – A agroecologia tem alcançado no Brasil um espaço crescente de debate e estudo. Afinal, ela vem sendo colocada em prática nas comunidades, nos assentamentos, em todas as regiões do Brasil. Com isso, a população camponesa está cada vez mais se abrindo para a questão. O seu crescimento acontece num impulso muito grande a partir do momento em que os movimentos camponeses da Via Campesina no Brasil assumem essa proposta junto aos seus programas e começam efetivamente a impulsioná-la nas comunidades e nos assentamentos de reforma agrária.
IHU On-Line – Uma dos grandes motivações para o desenvolvimento da agroecologia é que, a partir dela, os camponeses poderão se tornar independentes das grandes empresas de sementes. Como a agroecologia pode também resgatar a identidade dos camponeses?
José Tardim – A agroecologia, mesmo se organizando como uma ciência, parte de dois fundamentos. O primeiro é o conhecimento tradicional das populações indígenas e camponesas. O outro aspecto é que o saber dessa prática indígena e camponesa se associa ao saber acadêmico-científico. Então, a agroecologia é uma ciência que vem construindo uma unidade, uma cooperação solidária e muito forte entre o saber e a prática indígena e camponesa e o saber acadêmico-científico. Seu trabalho faz com que a auto-estima do povo camponês seja erguida, recuperando saberes que estavam latentes e recursos genéticos em processo de risco de erosão genética, além de resgatar o plano técnico e cultural. Desse modo, a agroecologia tem se revelado, nessa conjuntura atual, uma das ciências mais importantes para reconstrução ecológica da agricultura de base camponesa. Traz de volta, então, a recriação de territórios indígenas e camponeses, de territórios livres no sentido plano, de autonomia tecnológica, de conhecimento, de geração de saberes, de uma nova cultura que contribua para que a humanidade corrija o seu grande desvio, detectado na agricultura do agronegócio, com transgênicos, o monocultivo em larga escala, o problema dos agrotóxicos cada vez mais potentes e ameaçadores à saúde e a natureza. Esse é o campo da mudança mais radical que a agroecologia aponta para o mundo camponês e a sociedade em geral.
José Tardim – A agroecologia tem alcançado no Brasil um espaço crescente de debate e estudo. Afinal, ela vem sendo colocada em prática nas comunidades, nos assentamentos, em todas as regiões do Brasil. Com isso, a população camponesa está cada vez mais se abrindo para a questão. O seu crescimento acontece num impulso muito grande a partir do momento em que os movimentos camponeses da Via Campesina no Brasil assumem essa proposta junto aos seus programas e começam efetivamente a impulsioná-la nas comunidades e nos assentamentos de reforma agrária.
IHU On-Line – Uma dos grandes motivações para o desenvolvimento da agroecologia é que, a partir dela, os camponeses poderão se tornar independentes das grandes empresas de sementes. Como a agroecologia pode também resgatar a identidade dos camponeses?
José Tardim – A agroecologia, mesmo se organizando como uma ciência, parte de dois fundamentos. O primeiro é o conhecimento tradicional das populações indígenas e camponesas. O outro aspecto é que o saber dessa prática indígena e camponesa se associa ao saber acadêmico-científico. Então, a agroecologia é uma ciência que vem construindo uma unidade, uma cooperação solidária e muito forte entre o saber e a prática indígena e camponesa e o saber acadêmico-científico. Seu trabalho faz com que a auto-estima do povo camponês seja erguida, recuperando saberes que estavam latentes e recursos genéticos em processo de risco de erosão genética, além de resgatar o plano técnico e cultural. Desse modo, a agroecologia tem se revelado, nessa conjuntura atual, uma das ciências mais importantes para reconstrução ecológica da agricultura de base camponesa. Traz de volta, então, a recriação de territórios indígenas e camponeses, de territórios livres no sentido plano, de autonomia tecnológica, de conhecimento, de geração de saberes, de uma nova cultura que contribua para que a humanidade corrija o seu grande desvio, detectado na agricultura do agronegócio, com transgênicos, o monocultivo em larga escala, o problema dos agrotóxicos cada vez mais potentes e ameaçadores à saúde e a natureza. Esse é o campo da mudança mais radical que a agroecologia aponta para o mundo camponês e a sociedade em geral.
IHU On-Line – Que transformações nos modelos de produção e de consumo da sociedade são necessários para que um modelo de desenvolvimento realmente sustentável possa ser construído no Brasil?
José Tardim – No Brasil, é notório que uma política fundamental e imediata seria uma ampla e massiva reforma agrária. Não podemos seguir sendo o Brasil do latifúndio, do trabalho escravo e da violência no campo. A reforma agrária é uma política estrutural fundamental para criar uma ampla base de agricultura camponesa no país, que possa, nesse momento, ampliar em larga escala a produção de alimentos básicos e a garantia de uma soberania alimentar, assim como produzir trabalhar com uma agricultura ecológica, no sentido de produzirmos alimentos saudáveis para a vida. Essa é uma mudança fundamental e estrutural para o país. A outra é, no plano da sociedade urbana, alterar o padrão de consumo. Isso porque a sociedade urbana está cada vez mais concentrada e precisa passar por um processo de desconcentração, ou seja, de reforma urbana. Dentro desta, devemos incluir uma reeducação no que se refere ao que é necessário ser consumido diariamente, a fim de garantir a vida das pessoas que utilizam um produto de base agrícola contaminante, além de consumirem uma quinquilharia, uma quantidade de objetos desnecessários para manutenção da vida, colocados nas lojas do comércio, em geral da cidade. Então, é preciso uma reforma agrária, uma reforma na base tecnológica da produção agrícola e uma ampla reforma urbana que possa incluir uma educação ao consumo daquilo que é necessário e ambiental. Tudo com o objetivo final de cuidarmos da vida de forma diferente a partir de fundamentos ecológicos.
IHU On-Line – Pensando no campo da agricultura brasileira atual, como o senhor analisa a produção de bicombustíveis?
José Tardim – Os bicombustíveis aparecem na pauta internacional do agronegócio e inclui os interesses do grande capital que controlam a economia mundial, fundamentada na energia do petróleo. Interessa às petroleiras ter uma fonte alternativa de energia combustível sob seu controle. Não que o agrocombustível será a fonte de energia do futuro: isso é uma grande mentira. Na verdade, é uma forma de as petroleiras controlarem o outro processo alternativo, mas numa escala que não irá alterar o padrão geral ecológico da destruição ambiental, que continua a ser praticado na sociedade capitalista. No caso brasileiro, essa política responde diretamente aos interesses do agronegócio. As transnacionais que controlam a tecnologia dos transgênicos, da maquinaria da agricultura, do agrotóxico, das sementes têm grande interesse em expandir, em larga escala no Brasil e no mundo, o monocultivo de algumas espécies sob as quais as transnacionais possuem total controle tecnológico. Assim, ela consegue impor uma ampliação da sua capacidade de explorar a sociedade dos países do Terceiro Mundo e entregar nos países ricos alguma escala de energia pode ser interessante para o ambiente deles.
José Tardim – No Brasil, é notório que uma política fundamental e imediata seria uma ampla e massiva reforma agrária. Não podemos seguir sendo o Brasil do latifúndio, do trabalho escravo e da violência no campo. A reforma agrária é uma política estrutural fundamental para criar uma ampla base de agricultura camponesa no país, que possa, nesse momento, ampliar em larga escala a produção de alimentos básicos e a garantia de uma soberania alimentar, assim como produzir trabalhar com uma agricultura ecológica, no sentido de produzirmos alimentos saudáveis para a vida. Essa é uma mudança fundamental e estrutural para o país. A outra é, no plano da sociedade urbana, alterar o padrão de consumo. Isso porque a sociedade urbana está cada vez mais concentrada e precisa passar por um processo de desconcentração, ou seja, de reforma urbana. Dentro desta, devemos incluir uma reeducação no que se refere ao que é necessário ser consumido diariamente, a fim de garantir a vida das pessoas que utilizam um produto de base agrícola contaminante, além de consumirem uma quinquilharia, uma quantidade de objetos desnecessários para manutenção da vida, colocados nas lojas do comércio, em geral da cidade. Então, é preciso uma reforma agrária, uma reforma na base tecnológica da produção agrícola e uma ampla reforma urbana que possa incluir uma educação ao consumo daquilo que é necessário e ambiental. Tudo com o objetivo final de cuidarmos da vida de forma diferente a partir de fundamentos ecológicos.
IHU On-Line – Pensando no campo da agricultura brasileira atual, como o senhor analisa a produção de bicombustíveis?
José Tardim – Os bicombustíveis aparecem na pauta internacional do agronegócio e inclui os interesses do grande capital que controlam a economia mundial, fundamentada na energia do petróleo. Interessa às petroleiras ter uma fonte alternativa de energia combustível sob seu controle. Não que o agrocombustível será a fonte de energia do futuro: isso é uma grande mentira. Na verdade, é uma forma de as petroleiras controlarem o outro processo alternativo, mas numa escala que não irá alterar o padrão geral ecológico da destruição ambiental, que continua a ser praticado na sociedade capitalista. No caso brasileiro, essa política responde diretamente aos interesses do agronegócio. As transnacionais que controlam a tecnologia dos transgênicos, da maquinaria da agricultura, do agrotóxico, das sementes têm grande interesse em expandir, em larga escala no Brasil e no mundo, o monocultivo de algumas espécies sob as quais as transnacionais possuem total controle tecnológico. Assim, ela consegue impor uma ampliação da sua capacidade de explorar a sociedade dos países do Terceiro Mundo e entregar nos países ricos alguma escala de energia pode ser interessante para o ambiente deles.
(Fonte: http://unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=15487.)
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