14/12/2008
Entrevista com Nicholas Stern
Há dois anos, publicou o relatório que mudou a percepção econômica do “global warning” mostrando que ficar parados olhando o crescimento do caos climático custa de cinco a 20 vezes mais do que arregaçar as mangas e colocar em prática a nova economia baseada no uso inteligente da energia. Agora, lord Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial que se dedicou à análise do aquecimento global, participou da conferência da ONU em Poznan para medir o pulso da mudança em ação.
A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicado no jornal La Repubblica, 12-12-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O senhor lançou uma advertência de tons claros. Mas alguns governos, dentre os quais o italiano, não crêem no alarme: consideram que os investimentos em eficiência e em fontes renováveis devem ser concedidos no momento em que a crise econômica se resolva.
“A pressão italiano para o reenvio fez a Europa correr um risco considerável”, responde Stern, “ameaçando destruir o processo que pode levar ao sucesso da cúpula de Copenhagen, isto é, à definição de uma via que comprometa a União Européia, os Estados Unidos e os países emergentes. Foi uma grave responsabilidade sobre o mundo e também sobre os cidadãos italianos: a região meridional da Itália está entre as áreas mais expostas à ameaça climática. Até o final do século, poderia se transformar em uma paisagem semelhante ao Saara. Mas a reestruturação da economia baseada na energia solar traria muitas vantagens à Itália”.
A desertificação maciça do sul da Itália pressupõe um nível de aquecimento que pende sobre os 6 graus: é a mais pessimista das hipóteses da IPCC, a força-tarefa dos cientistas da ONU sobre o clima.
Seguindo o modelo de negócio “as usual”, isto é, bloqueando as intervenções de correção, as probabilidade de se chegar a um aquecimento de 5 graus são de 50%. Para fazer descer aos 3%, deve-se reduzir pela metade as emissões de gases poluentes em nível global, o que quer dizer que os países de industrialização madura, aqueles que começaram antes, devem chegar aos 80%.Exatamente o objetivo que o Parlamento da Inglaterra adotou votando a primeira lei sobre clima do mundo.
Mas um empreendimento do gênero é compatível com a saúde das nossas economias, enfraquecidas pela crise?
Colocar em competição ambiente e clima é absurdo. A crise econômica representa uma razão a mais, não uma a menos, para nos comprometermos com a luta contra as mudanças climáticas. Devemos dar novamente a partida no motor da produção, devemos criar postos de trabalho, devemos dar-nos um grande objetivo capaz de mobilizar recursos e inteligências. E esse objetivo está diante de nós, ao alcance das nossas mãos. Estamos na aurora de uma revolução tecnológica de porte epocal que daria, por si mesma, resultados positivos em termos de reestruturação econômica e bem-estar difundido. Hoje, esse salto se tornou urgente e indispensável pela necessidade de salvaguardar as condições de base, sem as quais nenhuma economia é possível.
Há algo que o senhor reveria em seu relatório à luz do que ocorreu nos últimos dois anos e da crise econômica de hoje?
Do ponto de vista ambiental, a situação de hoje parece mais grave com relação a dois anos atrás. E, portanto, o 1% do PIB que era colocado no balanço para a promoção do sistema baseado sobre as energias limpas deve-se ligeiramente corrigido, colocando o percentual sobre 2%. Quanto à crise econômica que estamos atravessando, provavelmente mais grave do que a de 1929, posso dizer que nos oferece um grande ensinamento: todo atraso na compreensão dos problemas, todo atraso na resposta é pago com um preço alto.
Entrevista com Nicholas Stern
Há dois anos, publicou o relatório que mudou a percepção econômica do “global warning” mostrando que ficar parados olhando o crescimento do caos climático custa de cinco a 20 vezes mais do que arregaçar as mangas e colocar em prática a nova economia baseada no uso inteligente da energia. Agora, lord Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial que se dedicou à análise do aquecimento global, participou da conferência da ONU em Poznan para medir o pulso da mudança em ação.
A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicado no jornal La Repubblica, 12-12-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O senhor lançou uma advertência de tons claros. Mas alguns governos, dentre os quais o italiano, não crêem no alarme: consideram que os investimentos em eficiência e em fontes renováveis devem ser concedidos no momento em que a crise econômica se resolva.
“A pressão italiano para o reenvio fez a Europa correr um risco considerável”, responde Stern, “ameaçando destruir o processo que pode levar ao sucesso da cúpula de Copenhagen, isto é, à definição de uma via que comprometa a União Européia, os Estados Unidos e os países emergentes. Foi uma grave responsabilidade sobre o mundo e também sobre os cidadãos italianos: a região meridional da Itália está entre as áreas mais expostas à ameaça climática. Até o final do século, poderia se transformar em uma paisagem semelhante ao Saara. Mas a reestruturação da economia baseada na energia solar traria muitas vantagens à Itália”.
A desertificação maciça do sul da Itália pressupõe um nível de aquecimento que pende sobre os 6 graus: é a mais pessimista das hipóteses da IPCC, a força-tarefa dos cientistas da ONU sobre o clima.
Seguindo o modelo de negócio “as usual”, isto é, bloqueando as intervenções de correção, as probabilidade de se chegar a um aquecimento de 5 graus são de 50%. Para fazer descer aos 3%, deve-se reduzir pela metade as emissões de gases poluentes em nível global, o que quer dizer que os países de industrialização madura, aqueles que começaram antes, devem chegar aos 80%.Exatamente o objetivo que o Parlamento da Inglaterra adotou votando a primeira lei sobre clima do mundo.
Mas um empreendimento do gênero é compatível com a saúde das nossas economias, enfraquecidas pela crise?
Colocar em competição ambiente e clima é absurdo. A crise econômica representa uma razão a mais, não uma a menos, para nos comprometermos com a luta contra as mudanças climáticas. Devemos dar novamente a partida no motor da produção, devemos criar postos de trabalho, devemos dar-nos um grande objetivo capaz de mobilizar recursos e inteligências. E esse objetivo está diante de nós, ao alcance das nossas mãos. Estamos na aurora de uma revolução tecnológica de porte epocal que daria, por si mesma, resultados positivos em termos de reestruturação econômica e bem-estar difundido. Hoje, esse salto se tornou urgente e indispensável pela necessidade de salvaguardar as condições de base, sem as quais nenhuma economia é possível.
Há algo que o senhor reveria em seu relatório à luz do que ocorreu nos últimos dois anos e da crise econômica de hoje?
Do ponto de vista ambiental, a situação de hoje parece mais grave com relação a dois anos atrás. E, portanto, o 1% do PIB que era colocado no balanço para a promoção do sistema baseado sobre as energias limpas deve-se ligeiramente corrigido, colocando o percentual sobre 2%. Quanto à crise econômica que estamos atravessando, provavelmente mais grave do que a de 1929, posso dizer que nos oferece um grande ensinamento: todo atraso na compreensão dos problemas, todo atraso na resposta é pago com um preço alto.
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