O texto que se segue foi escrito há algumas semanas. Após muitas reticências de minha parte, decidi publicá-lo neste Blog, inspirado pelo texto de nosso amigo e colaborador, o escritor Otávio Aquino.
Surpreendi-me (positivamente) ao ver que Otávio Aquino tenha mencionado, com muita propriedade, à fase denominada por ele de "apagão consciencial". Se estamos falando da mesma coisa, creio que o "apagão consciencial" constitui um "estado intermediário", localizado, se assim podemos dizer, entre dois momentos : entre o momento em que a mente perde todos os seus referenciais (sentidos, racionalidade, percepção) e aquele em que as imagens oníricas começam a se formar. Ocorre uma espécie de vácuo da consciência, porém, embora esteja próximo de um desmaio, o sonhador atento percebe o que ocorreu e mantém sua lucidez. É como se tudo o que pensamos, sentimos e percebemos fosse um "filme" e esse "apagão" constituisse o momento em que "o filme" acaba, as luzes do "cinema" conservam-se apagadas e o novo "filme" ainda não começou.
Penso que tal momento, muitíssimo fugaz e de difícilima percepção, é muito importante e pode nos revelar insights, sendo ele próprio, talvez, mais importante que o próprio sonho.
Em postagem mais antiga (vide "Sobre sonhos...(7)"), já havia mencionado esse estado, porém, até então, não me havia dado realmente conta de sua importância. Ou melhor, já havia percebido, porém não experimentado com tanta nitidez. O texto que se segue trata exatamente desse processo, relatando a experiência mais prolongada que vivi nesse "estado". Posteriormente, em outras ocasiões, e mesmo recentemente, tive a oportunidade de vivenciar tal experiência, geralmente durante a meditação estabilizadora ou logo após esta, quando procuro prolongar a lucidez no estado hipnagógico.
O final do texto foi suprimido por razões pessoais, pois esse teve como propósito buscar aconselhamento junto a alguns mestres.
Apagão Consciencial
No último sábado, 21/06/08, acordei muito cedo, por volta das 05:00 hs um pouco perturbado e estressado por problemas mundanos. Resolvi então tentar dormir mais um pouco, procurando relaxar ao máximo minha mente, entrando em um processo de meditação, em que tentava me desapegar dos pensamentos ao mesmo tempo em que buscava um grau máximo de relaxamento. Trata-se de uma prática de meditação na qual procuro associar uma clara atenção – livre ao máximo de pensamentos ou outras perturbações que possam desviar a própria atenção, levando-me quase a uma "atenção pura" a um "puro estar" – com um relaxamento cada vez mais profundo. A atenção parece que vai aumentando à medida em que me aproximo de um estado intermediário entre sono e vigília.
Nesse instante aconteceu algo muito intenso e instigante.
Repentinamente, uma escuridão desabou e todas as sensações, pensamentos, percepções e emoções subitamente sumiram, atingindo inclusive o propósito ou o esforço meditativo – como se a própria meditação desabasse. Ao mesmo tempo, uma espécie de onda de choque atravessou-me de ponta a ponta. Essa experiência – que nem posso afirmar se foi boa ou ruim naquele instante, pois parecia que eu mesmo havia desaparecido – assemelhou-se a um desmaio, com a diferença de que permaneci lúcido, sabendo o que havia ocorrido. Durou talvez dois segundos, se bem que é difícil mensurar o tempo nessas situações.
Um pouco assustado, virei-me de lado, e entrei novamente em meditação, dessa vez buscando repetir a experiência. E, novamente, quando me aproximava de um relaxamento bem profundo – aproximando-me do estado intermediário entre vigília e sono, porém sem perder a atenção clara -, senti uma espécie de vertigem e a sensação de que todo meu corpo e mente caíam de um trampolim. Novamente, por apenas um instante e muito repentinamente, a vista escureceu e essa sensação de “nada” me atingiu, como uma bomba atômica eliminando tudo. Dessa vez, entretanto, não senti choque algum, creio que essa segunda vez foi um pouco menos intensa ou prolongada que a primeira.
Depois disso, finalmente consegui dormir, bastante relaxado. Depois de cerca de 2 horas de sono, levantei-me e passei todo o dia completamente livre do stress, com a cabeça meio “flutuante”, leve, uma sensação quase física. E até o dia de hoje, parece que preocupação alguma me abate. A sensação que se seguiu, portanto, é de um profundo relaxamento, tal como aquela que sentimos após uma prática de exercícios físicos ou mesmo de um orgasmo.
Devo dizer que é a quarta vez que isso acontece – a primeira, há algumas semanas -, porém, nas outras ocasiões, a sensação não foi tão intensa, nítida, prolongada e jamais havia sentido ondas de choque em meu corpo, nem, ao que me lembro, a sensação de “leveza” havia perdurado por tantos dias.
Talvez seja interessante observar que venho praticando meditação com regularidade, o que acabou redundando também em uma prática de sonhos lúcidos.
Nesse instante aconteceu algo muito intenso e instigante.
Repentinamente, uma escuridão desabou e todas as sensações, pensamentos, percepções e emoções subitamente sumiram, atingindo inclusive o propósito ou o esforço meditativo – como se a própria meditação desabasse. Ao mesmo tempo, uma espécie de onda de choque atravessou-me de ponta a ponta. Essa experiência – que nem posso afirmar se foi boa ou ruim naquele instante, pois parecia que eu mesmo havia desaparecido – assemelhou-se a um desmaio, com a diferença de que permaneci lúcido, sabendo o que havia ocorrido. Durou talvez dois segundos, se bem que é difícil mensurar o tempo nessas situações.
Um pouco assustado, virei-me de lado, e entrei novamente em meditação, dessa vez buscando repetir a experiência. E, novamente, quando me aproximava de um relaxamento bem profundo – aproximando-me do estado intermediário entre vigília e sono, porém sem perder a atenção clara -, senti uma espécie de vertigem e a sensação de que todo meu corpo e mente caíam de um trampolim. Novamente, por apenas um instante e muito repentinamente, a vista escureceu e essa sensação de “nada” me atingiu, como uma bomba atômica eliminando tudo. Dessa vez, entretanto, não senti choque algum, creio que essa segunda vez foi um pouco menos intensa ou prolongada que a primeira.
Depois disso, finalmente consegui dormir, bastante relaxado. Depois de cerca de 2 horas de sono, levantei-me e passei todo o dia completamente livre do stress, com a cabeça meio “flutuante”, leve, uma sensação quase física. E até o dia de hoje, parece que preocupação alguma me abate. A sensação que se seguiu, portanto, é de um profundo relaxamento, tal como aquela que sentimos após uma prática de exercícios físicos ou mesmo de um orgasmo.
Devo dizer que é a quarta vez que isso acontece – a primeira, há algumas semanas -, porém, nas outras ocasiões, a sensação não foi tão intensa, nítida, prolongada e jamais havia sentido ondas de choque em meu corpo, nem, ao que me lembro, a sensação de “leveza” havia perdurado por tantos dias.
Talvez seja interessante observar que venho praticando meditação com regularidade, o que acabou redundando também em uma prática de sonhos lúcidos.
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OBS: esta postagem também foi publicada no Blog Sonhos Lucidos
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