Meditação é a atenção em que existe um estado de consciência, sem escolha, do movimento de todas as coisas – o grasnido dos corvos, o serrote elétrico, cortando a madeira, a agitação das folhas, o riacho barulhento, o menino gritando, os sentimentos, os motivos, os contraditórios pensamentos, e, indo mais para o fundo, a percepção da consciência total. Nesta atenção deixa de existir o tempo, como o dia de ontem, que tem continuidade no dia de amanhã, as distorções e movimentos da consciência aquietam-se e silenciam. Neste silêncio, há um imenso e incomparável movimento; movimento imperceptível, que constitui a essência do sagrado, da morte e da vida. Impossível é segui-lo, pois não deixa vestígio algum e é estático e silencioso, ele é a essência de todo movimento.
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O fluxo exterior e interior da existência forma um único movimento. Com a compreensão do mundo exterior inicia-se o movimento interior, mas não em oposição ou em contradição entre si. Cessando o conflito, o cérebro, ainda que altamente sensível e alerta, aquieta-se. Somente então torna-se válido o movimento interior.
Deste movimento surge uma generosidade e uma compaixão que não resultam da razão ou do auto-sacrifício intencional.
A força e a beleza da flor estão em sua total vulnerabilidade.
Os ambiciosos desconhecem o belo. A beleza está na percepção da essência de todas as coisas.
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O pensamento é matéria e pode ser transformado em qualquer coisa, bla ou feia.
Existe, porém, o sagrado que não vem do pensamento, nem de um sentimento por ele reavivado. Não é reconhecível pelo pensar nem pode ser por ele utilizado ou concebido. A palavra ou o símbolo não podem definir o sagrado. Ele é incomunicável. É um fato.
Um fato é para se ver, mas o ato de ver não se processa através da palavra. Quando se interpreta um fato, ele deixa de ser um fato.; torna-se algo inteiramente diferente. O “ver” é da mais alta importância. Encontra-se fora do tempo-espaço, é imediato, instantâneo. E o que se vê é sempre novo. Não existe a repetição nem o processo gradual do tempo.
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Não existe lógica na verdade. A verdade não pode ser medida, avaliada. Só se pode medir e dimensionar aquilo que não é vivo.
(Extraído do Blog Holosgaia)
2 comentários:
O mais interessante em um texto de Krishnamurti é a precisão que ele aplica às palavras em assuntos tão subjetivos. Levando luz e percepção ao que estava obscurecido e nos modificando gradativamente.
Sim, é uma inspiração para a prática (meditativa).
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