"O que perturba os homens não são as coisas, mas os juizos que os homens formulam sobre as coisas. A morte, por exemplo, nada é de temível - e Sócrates, quando dele a morte se foi aproximando, de maneira nenhuma se apresentou a morte como algo tremendamente terrível.
Mas no juizo que fazemos da morte, considerando-a temível, é que reside o aspecto terrível da morte. Quando somos hostilizados, contrariados, perturbados, atormentados e magoados, não devemos sacar as culpas a outrem, mas a nós próprios, isto é. aos nossos juízos pessoais e mais íntimos.
Acusar os outros das suas infelicidades é mera ação de um ignorante; responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém nem tão pouco a si próprio, então, sim, é feito de um homem perfeitamente instruído."
(Epiteto, in Manual)
6 comentários:
Já li o Manual de Epicteto mais do que uma vez, e é verdadeiramente um dos pontos altos do Estoicismo.
Efectivamente essa parte dos seus ensinamentos conflui para, em parte, o que é tratado normalmente na literatura de sonhos lúcidos: tudo não passa de percepções e o objectivo primordial é voltar a identificar-nos com a nossa consciencia, o Eu observador.
Trata-se de, aos poucos, ir levantando o véu de Maya.
Esse pequeno texto nos remete a reflexao de que isso é somente um ponto a ser trabalhado no homem internamente.
De um ponto -> linha -> superficie
Construindo a base.
eu vi este quadro semana passada, e ele é lindo. é pequeno, mas é lindo.
"O que perturba os homens não são as coisas, mas os juizos que os homens formulam sobre as coisas."
uma idéia: você talvez poderia colocar esta frase na barra lateral.
de onde eh esse texto?
O texto é do "Manual", de Epiteto. As conexões com a filosofia oriental são evidentes, Budismo e Advaita, em especial.
Parece que há uma influência do Budismo sobre o Estoicismo, ocorrida por meio do "greco-budismo", resultante das invasões de Alexandre - quando sábios gregos entraram em contato com iogues indus...
Bjs
De fato, poderia colocar na barra lateral. Mas acho que se não colocasse o texto todo, elegeria talvez sua última parte (em especial, o último trecho):
"Acusar os outros das suas infelicidades é mera ação de um ignorante; responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém nem tão pouco a si próprio, então, sim, é feito de um homem perfeitamente instruído."
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