SH e ele ...
(por Robert A. Monroe)
Com a publicação de Viagens Fora do Corpo, começamos a receber surpreendentes perguntas, informações e cooperação de muitas origens inesperadas. Um livro dedicado ao público geral estava atraindo o interesse de círculos científicos e acadêmicos. O nosso laboratório, a oeste de Charlottesville, Virgínia, foi inaugurado em uma base totalmente voluntária. Seu nome original era Laboratórios de Pesquisa Whistlefield, mas mudamos para Instituto Monroe de Ciências Aplicadas. O nome Monroe não significa uma expressão do meu ego, mas apenas uma maneira de tornar o título mais claro para o público. "Ciências Aplicadas" já era bastante específico. Sentimos que a compreensão das EFC poderia ser atingida em um nível compatível com as nossas ciências ocidentais, e que o melhor que poderíamos fazer seria pôr em prática quaisquer descobertas ou informações que encontrássemos.
O laboratório consistia de um prédio de um andar especialmente projetado, incluindo dois escritórios, uma sala de espera e uma ala destinada a pesquisas. Na ala havia uma sala de instrumentos ou controle, três cabines de isolamento e uma sala de instruções. Todas as três cabines eram ligadas separadamente à sala de controle para o controle fisiológico e o envio de vários tipos de sinais audíveis e eletromagnéticos para estimular alguma resposta de um voluntário dentro da cabine.
Cada cabine continha uma cama com colchão de água aquecida, proporcionando assim uma posição confortável em um ambiente totalmente escuro. Além disso, havia um controle do ar, temperatura e acústica da cabine. Uma pessoa que estivesse lá poderia ter fios colados nela e transmitir para a sala de controle um grande número de sinais fisiológicos. Isso incluía um EEG (eletroencefalograma) com oito canais, EMG (tônus muscular), pulsação e voltagem corporal. Aos poucos, fomos capazes de descobrir a maioria daquilo que queríamos saber apenas através da leitura das mudanças na voltagem corporal.
Com exceção dos participantes vindos de outras cidades, tínhamos um grupo de voluntários locais que consistia de vários médicos, um físico um engenheiro eletrônico, vários psiquiatras e assistentes sociais e ainda alguns amigos e familiares "convocados". A maioria das pesquisas e das experiências acontecia à noite ou nos finais de semana, já que todos nós tínhamos outras ocupações. Revendo o passado, a imensa contribuição que esse grupo deu espontaneamente foi um fator crucial para dar início ao processo sob essas novas circunstâncias, e eu lhes serei eternamente grato. Muita paciência e dedicação foi necessária para colar os elétrodos e depois passar horas e horas em uma cabine escura, anotando resultados subjetivos de vários testes - resultados esses que poderiam ser correlacionados com leituras feitas por aparelhos na sala de controle até o momento em que um consenso fosse alcançado.
Nossos primeiros estudos foram uma continuação da pesquisa sobre o sono iniciada em Nova York. A necessidade de uma solução para um problema trouxe um dos nossos primeiros resultados significativos. Uma vez que grande parte do que foi registrado dos estados extracorporais, incluindo muitas das minhas experiências pessoais, relacionava-se com estado de sono, ainda achávamos que algumas respostas seriam encontradas nessa área. Entretanto, a maioria dos nossos "pacientes" chegava após o jantar e, depois de longos e cansativos períodos em que eram ligados a elétrodos, ficavam cansados demais para permanecerem acordados na cabine, ou impacientes demais para conseguirem relaxar o suficiente para que registrássemos qualquer reação sutil ou subjetiva. Já que ia contra os nossos propósitos usar qualquer tipo de remédio ou droga para controlar esses estados, procuramos uma maneira que se adaptasse ao nosso sistema de coordenadas.
Há um ditado que diz: A necessidade é a mãe da invenção. Foi por causa dessa necessidade de ajudar nossos voluntários a ficarem acordados a entrarem em um estado de pré-sono, que começamos a tentar utilizar o som. Isso resultou na descoberta da FFR, que nos permitiu manter a pessoa em um determinado estado de consciência entre a vigília e o sono por longos períodos. Introduzindo certos tipos de sons no seu ouvido, descobrimos que havia uma resposta elétrica semelhante nas suas ondas cerebrais. Controlando essa freqüência de ondas cerebrais, conseguíamos ajudar a pessoa a relaxar, mantê-la acordada, ou fazê-la dormir. Um dos engenheiros do grupo sugenu que patenteássemos esse processo singular, e tiramos uma patente do método e da técnica em 1975.
Através de uma remissão recíproca das várias freqüências entre pacientes, começamos lentamente a desenvolver combinações de freqüências sonoras que criavam FFR que levariam a EFC e outros estágios de consciência fora do comum. Entre elas estava uma maneira bastante efetiva de passar para o estado comumente chamado de meditativo.
Tudo isso não aconteceu de um momento para outro. Apenas algumas palavras foram obtidas após centenas de horas de combinações de diferentes tipos de sons e testes para respostas, com os voluntários pacientemente deitados em uma cabine, ouvindo sons com lentas alterações na intensidade, enquanto o técnico ficava atento a mudanças nos monitores da sala de controle.
Durante essas sessões, nossos participantes voluntários aprenderam a relatar verbalmente quaisquer mudanças na sua condição física ou mental. Falar e perceber, quando o normal seria perder a consciência ou "dormir", tornou-se uma habilidade muito importante.
Um dos primeiros marcos de identificação foi um estado que começamos a chamar de Foco 10. Não havia nenhuma significação especial no n. 10, e nem sei bem de onde ele surgiu. Além disso, queríamos nos certificar de que ele não se confundiria com outras formas de consciência. Então, ficou simplesmente DEZ. Conseguimos identificar esse estado muito especificamente e voltar a ele várias vezes com os nossos voluntários. Em poucas palavras, o Foco 10 é um estado em que a mente está desperta e o corpo dormindo. Todas as reações fisiológicas são características do sono leve ou profundo. Entretanto, os modelos de ondas cerebrais são diferentes. Os EEGs mostram uma mistura de ondas comumente associadas ao sono, seja ele leve ou profundo, e que se sobrepõem aos sinais beta (vigília).
Pouco a pouco, foi-se formando um grupo muito especial, um total de uns oito voluntários completamente familiarizados com o estado Foco 10. A comunicação verbal no Foco 10 através do sistema de microfone/fone de ouvido se tornou tão normal que é como se estivéssemos sentados um de frente para o outro em uma sala de conferências. Poderíamos saber facilmente, com a ajuda da leitora, quando eles estavam e quando não estavam em Foco 10. Isso não podia ser imaginação ou algo simulado, mesmo que se quisesse. É lógico que muitas vez;es eles não conseguiram entrar no estado do Foco 10 por causa de pressões externas e da tensão do dia-a-dia que não lhes era fácil esqueçer. Nesses casos, eles simplesmente diziam que não poderiam "fazer" aquilo naquela noite, ou então cancelavam o encontro. Assim não se desperdiçava tempo nem esforços.
Com o fluxo constante de visitantes, começamos a estabelecer que outras pessoas, sem qualquer treinamento, poderiam ser assistidas no Foco 10 sem muito problema. O processo de aprendizagem de comunicação verbal levaria muito tempo. Para ver até onde isso iria, mandamos uma fita do sinal composto para um amigo psiquiatra em Kansas. Ele a testou, a título de experiência, em quatro voluntários completamente ingênuos e sem lhes dizer nada. Ele contou que uma das quatro pessoas abandonou o teste porque descobriu que estava indo de encontro ao teto da sala olhando para o seu próprio corpo.
Nossa etapa seguinte surgiu como uma proposta interessante. Com o corpo em estado de sono - ou seja, com os sentidos "desligados" ou reduzidos - por que não desenvolver freqüências que intensificariam a percepção por meio de outros sentidos diferentes dos cinco sentidos físicos? Com a inserção de sinais beta da mais alta freqüência, nossos voluntários começaram a descobrir muito mais do que a habitual escuridão. Primeiro vinham a luz e as cores vistas na cabine escura, com os olhos fechados ou abertos. Depois vinham sons; não os sons sintetizados, mas vozes, música, e às vezes grandes explosões que assustavam a pessoa a ponto de retirá-la do Foco 10 - algo que ainda tem de ser explicado.
Esses fenômenos foram gradativamente percebidos como formando um padrão, algo do tipo de uma faixa precedendo uma mudança na experiência extracorporal. Houve também noções fisiológicas preliminares - queda da pressão arterial e de pulsação, uma ligeira queda de temperatura (0,3°) e perda de tônus muscular. Foram relatados casos particulares de peso no corpo, às vezes catalepsia, e uma forte sensação de calor seguida de frio. À medida que analisávamos melhor a entrada ao estado EFC, um elemento principal se repetiu persistentemente. As pessoas começaram a localizar dentro da sua percepção não-física um ponto de luz. Quando elas aprenderam a "andar" na direção da luz até ela se expandir cada vez mais, e depois passar através dela, o estado EFC foi alcançado. Em câmara lenta, "era como se você estivesse passando por um túnel para chegar à luz", uma descrição clássica que tem sido feita por muitos que tiveram EFC sem querer ou em uma situação próxima da morte.
Uma nova descoberta foi a chave que abriu muitas coisas novas para nós. Agora o chamamos de processo SH.
Há muito tempo a ciência sabe de que o cérebro humano é dividido em duas metades, ou hemisférios. Mas só recentemente foi descoberto que essas duas metades são totalmente diferentes com relação às suas funções. Ainda há controvérsia sobre a teoria quando se tenta entrar em detalhes. Na maior parte das vezes, pensamos apenas com o nosso "cérebro esquerdo". Quando usamos o "cérebro direito" é para sustentar a ação do esquerdo. Do contrário, fazemos o possível para ignorá-la. Os sinais nervosos dessas metades cerebrais atuam em um cruzamento em forma de X. O cérebro esquerdo controla o lado direito do corpo, e o cérebro direito controla o lado esquerdo. Nós somos, a princípio, uma civilização destra dominada por nossos cérebros esquerdos. Apenas nos últimos cinqüenta anos os canhotos foram aceitos como "iguais" . Mas ainda discriminamos os canhotos de muitas maneiras. Voce sabia que uma tesoura é um instrumento de mão direita?
Usamos o cérebro esquerdo para falar e ler, fazer contas, raciocinar dedutivamente, lembrar de detalhes, medir o tempo, entre muitas outras coisas - e a fonte do pensamento lógico, racional. Ele não "sabe" de mais nada.
O nosso cérebro direito é o criador das idéias, do senso espacial, da intuição, da musica, da emoção, e provavelmente de muito mais do que pensamos. Ele é atemporal e possui aparentemente uma linguagem própria.
Uma das melhores descrições para ilustrar a diferença é a bobina de um filme. Para determmar o seu conteúdo, o cérebro esquerdo o colocara em um projetor, passará o filme na tela e então saberá do que se trata. O cérebro direito pegará o rolo do fiime, o segurará por instantes e então o deixará de lado dizendo: "Ah, já entendi."
Ridículo! Essa é a reação do seu cérebro esquerdo quando você o usa para ler essas palavras, isso simplesmente não faz sentido - pelos padrões do cérebro esquerdo.
Basicamente, somos uma sociedade de cérebro esquerdo. Praticamente tudo o que consideramos válido é operado ou controlado pelo lado esquerdo dominante do nosso cérebro. Mesmo que se origine do lado direito, como uma idéia ou música, o lado esquerdo toma conta e põe em pratica.
Como chegamos até esse ponto? Ninguém tem certeza absoluta mas uma das hipóteses mais plausíveis é que o domínio do cérebro esquerdo surgiu devido a uma necessidade básica de sobreviver em um mundo físico. Por milhares de anos, nossos antepassados se juntaram à teoria da dominância do cerebro esquerdo porque essa era a maneira de conseguir as coisas. O nosso sistema inteiro - livros, escolas faculdades e universidades, indústrias, estruturas políticas, igrejas - utiliza fundamentalmente o cérebro esquerdo na aprendizagem, aplicação e operação. Nós sempre encaramos o pensar de cérebro direito com uma tolerância gozadora, com suspeita, aversão, irritação, descrédito - e admiração.
Então para que tanta preocupação? Por que não continuar de cérebro esquerdo e ir em frente? Quem precisa do cérebro direito?
Nós precisamos.
Estudos recentes mostram que usamos o nosso cérebro direito nas nossas vidas diárias de muitas maneiras sutis. Por exemplo, o cérebro esquerdo se lembra do nome, mas o direito se lembra do rosto. (Quantas vezes você já reconheceu um rosto, mas não conseguiu lembrar o nome? Cérebro esquerdo, fique atento!) Estudos sobre líderes mundiais de toda a história indicam que eles pensavam com muito mais do que suas mentes intelectuais, analíticas. Todas as grandes decisões da humanidade têm sido tomadas pelo cérebro esquerdo mais alguma coisa. Mais o cérebro direito? Há provas de que sim, com base no que sabemos hoje, Além disso, é uma boa hipótese dizer que o cérebro direito puxa a alavanca da cabine de votação em eleições presidenciais. Uma teoria atual gira em torno da idéia de que trocamos a dominância do hemisfério cerebral várias vezes durante nossas atividades diárias. Essa troca ocorre instantaneamente, dependendo da necessidade física ou mental do momento. Isso parece limitar ainda mais o pouco uso que já fazemos do nosso potencial cerebral/mental. O fato de nos termos tornado inteligentes o suficiente pelo tempo necessário para descermos da árvore e sobrevivermos como uma espécie foi uma sorte incrível ou um milagre. Ou então algo mais.
Então como fazemos para usar mais do nosso poder mental? Já houve muitas tentativas no curso da evolução humana. Quase todas têm tido obstáculos ou limitações em uma forma ou outra. O processo SH oferece esperanças e potencial nessa área. Pode ser utilizado com relativa facilidade, não requer anos de treinamento intensivo, e não está limitado a uma estreita faixa de aplicação.
A SH (abreviação de sincronização hemisférica) usa padrões de sons para ajudar a criar simultaneamente uma onda cerebral idêntica em cada hemisfério. Isso significa que quando o seu ouvido capta um determinado tipo de sinal sonoro, o cérebro tende a responder ou "ressoar" com sinais elétricos semelhantes. Sabendo que várias ondas cerebrais elétricas são indicadoras de estados de consciência (como a vigília ou o sono), você pode então ouvir um tipo de som semelhante e isso o ajudará a ficar no esperado estado de consciência.
A SH leva o processo a uma nova etapa importante. Cada ouvido manda o seu sinal nervoso dominante para o hemisfério cerebral oposto, seguindo o modelo de cruzamento em X. Quando vibrações sonoras separadas são enviadas a cada ouvido (usando fones especiais, para separar um ouvido do outro), as metades do cerebro devem agir em uníssono para "ouvir" um terceiro sinal, que é a diferença entre os dois sinais de cada ouvido. Por exemplo, se você ouve um som medindo 100 em um ouvido e um sinal de 125 no outro, o sinal que o seu cérebro inteiro vai "produzir" será de 25. Nunca chega a ser um som de verdade, mas é um sinal elétrico que só pode ser criado pelos dois hemisférios agindo e trabalhando em conjunto. O sinal criado será então de faixa estreita de freqüência e terá quase sempre o dobro da amplitude ou força de uma típica onda cerebral de um EEG.
Se o sinal 25 produz certo tipo de consciência então o cérebro inteiro - os dois hemisférios - está voltado para 'um estado de consciência idêntico ao mosmo tempo. O que é mais importante: a condição pode ser voluntariamente trocada mudando-se o padrão de som. Também pode ser aprendida e recriada pela memória diante das necessidades.
Uma vez que o pesquisador ou clínico descobre algumas das potenclahdades do processo SH, o seu primeiro pensamento é aplicá-lo em áreas. do seu própno mteresse, como ilustra um exemplo no campo da psiquiatria. O uso de SH na análise aparentemente leva o paciente a níveis de memória que podem demorar anos para serem atingidos usando-se os métodos tradicionais de perguntas sobre o passado. Outro uso experimental está relacionado à redução da tensão emocional nos pacientes. Algumas vezes a mudança é tão sutil que o paciente nem chega a percebe-la. Um dos nossos psiquiatras associados estava tratando problemas relacionados à tensão de um coronel da Força Aérea. Depois de duas semanas de tratamento com SH e com o psiquiatra o paciente, zangado, quis desistir.
- Isso não está resolvendo droga nenhuma - disse ele. Está tudo na mesma. Não sinto nada de diferente, nada. Ele hesitou. - Bem, levei mmha mulher para jantar na outra noite pela primeira vez em seis meses. E ... ah, é, finalmente levei meu filho para pescar no fim de semana, como eu tinha prometido há muito tempo. Mas foi só isso. Mais nada.
O nosso amigo psiquiatra apenas balançou a cabeça positivamente.
Tem-se falado muito sobre o uso de SH em pacientes terminais No entanto, apesar do grande interesse e dos inúmeros pedidos, bem poucos tem utilizado realmente o sistema com pacientes específicos. Um exemplo ocorreu com outro psiquiatra associado, que estava com um caso que poderia ser chamado de terminal resistente. O seu paciente era um psicólogo que ficara doente por dois anos e se tornara viciado em drogas para tirar a dor que a doença lhe infligia. Assim, o prob!ema era duplo - o paciente provavelmente sabia de sua real condição e ira automaticamenente resistir a qualquer tratamento normal, agravado pela dependêncla às drogas. O nosso psiquiatra começou a trabalhar diariamente com ele, utilizando o processo SH. Na quarta-feira da segunda semana aconteceu algo simples, mas muito significativo. O paclente conseguiu dormir à noite pela primeira vez em dois anos sem sentir dor, e sem tomar qualquer remédio.
No final de duas semanas, o paciente voltou para casa. Ele morreu vários meses depois, e o último relatório veio de sua esposa. O paciente psicólogo passara de uma forma bastante tranqüila a última semana da sua vida, completamente livre da dor, sem qualquer remedio, e os últimos dias em família foram agradáveis e tranqüilos. O psiquiatra que tratou dele acredita que a sua exposição à SH durante o tratamento tornou isso possível.
Outro amigo psiquiatra, um pesquisador da esquizofrenia, descobriu que, colocado sob certos padrões SH, um paciente perdia muitos dos sintomas da doença. Ao ser privado do som SH, ele voltava a sua condição psicótica típica. Isso ocorreu com um paciente específico. Entretanto, é um fato que requer uma investigação mais cautelosa, para determinar se o paciente pode ser treinado para reproduzir as condições criadas por SH, além de alguma forma de codificação ou de início de processo que o levaria a lembrar-se e a fazer uso disso em sua vida cotidiana.
Certamente um dos mais bem-sucedidos usos do SH é uma serie de treinamentos que chamamos de Tratamento de Emergência. Ele se destina a ajudar um indivíduo no decorrer de uma doença seria, um ferimento causado por acidente ou uma cirurgia. Lembro-me agora de um caso.
Um psiquiatra de apoio visitou nosso laboratório, após ter ouvido falar de alguns dos nossos trabalhos. Durante a conversa que tivemos, descobrimos que ele era, na época, a segunda pessoa mais velha que vivia com um rim transplantado. Ele passara por umas quinze operações sucessivas através dos anos para corngir os efeitos dos medicamentos que teve de tomar para evitar rejeição do rim transplantado. Ele iria ser operado pela sexta vez na qumta-feira seguinte. Sugerimos que tentasse essa série de Tratamento de Emergência, no que ele concordou prontamente.
Seu caso foi importante porque, devido às inúmeras operações anteriores o médico tinha um histórico preciso do seu estado fisiológico durante uma cirurgia, quanto ele necessitava de anestesia, o que era necessário para controlar sua dor, e o seu grau de recuperação, entre outros itens. Sendo assim, o médico concordou que ele usasse a serie de fitas, que envolviam exercícios preliminares, e uma fita de SH para ser ouvida na sala de cirurgia durante a operação, ao sair dela, e ainda no pós-operatório.
No dia marcado, ele foi para a mesa de operações às onze horas.
Segundo o seu relato, o cirurgião quase cancelou a operação por causa da sua pressão baixa. Mas, como ela se mantinha estavel, ele decidiu que não chegava a representar um sério risco. As quatro da tarde, o paciente me telefonou do seu quarto do hospital. Estava sentado na cama.
- Achei que devia dizer a você como foi - sua voz parecia firme. - Eles me deraam uma injeção analgésica antes que eu pudesse evitar, mas não precisel de mais nada desde então. O único problema que tive é que tentei levantar para ir ao banheiro e desmaiei. O médico disse que a minha pressão ainda está muito baixa. Isso é normal?
- Tente contar de dez a um - respondi - e depois veja como está sua pressão. Parece que a fita do pós-operatório não o recuperou por completo. Telefone-me novamente depois que o médico tirar a sua pressão.
Ele fez o que sugeri, e disse que a sua pressão arterial voltara ao normal. O seu tempo de recuperação tinha sido reduzido à metade do das operações anteriores. E, o que é mais importante, ele foi capaz de controlar totalmente o problema de dor crônica, que o havia atormen¬tado nos meses e anos anteriores.
Depois que saiu do hospital, ele começou a desenvolver o uso de SH para controle da dor. Entrou para o Departamento Federal de Reabilitação, já que um dos maiores problemas em reabilitação é o controle da dor, que impede muitas pessoas de viver e trabalhar normalmente. Lá, ficaram tão interessados em nosso método que fomos convidados a fazer uma demonstração no Departamento Federal de Reabilitação em Hot Springs, Arkansas. Como resultado recebemos um pedido para que enviássemos o custo do treinamento de pessoal para nosso processo em centros de reabilitação de todos os estados. Nós o enviamos, mas não recebemos mais nenhum pedido. Evidentemente, ele estava muito em desacordo com as regras para se ajustar a um orçamento federal.
O uso do Tratamento de Emergência durante operações tem atingido graus variáveis de sucesso, mas nenhum fracasso, sempre que usado corretamente. Um cirurgião vascular o utilizou com mais de trinta pacientes e ainda tem dificuldades em enumerar a quantidade de colegas que o utilizam. O presidente de uma grande empresa o usou durante uma cirurgia, e não teve dores nem tomou qualquer remédio para dormir no pós-operatóno. Evidentemente, ficou tão aborrecido com os procedimentos do hospital que ele próprio se deu alta três dias após a operação. Uma jovem senhora sofreu uma cirurgia abdominal e uma semana depois, já estava saltando de pára-quedas. A história do tratamento de Emergência tem sido notável. O maior problema reside em se obter consentimento do cirurgião e dos funcionários do hospital para a sua utilização naquele ambiente altamente organizado.
Para uma boa noite de sono, SH é tão eficiente quanto fortes calmantes. Os executivos o utilizam em longas viagens aéreas para superar o mal-estar decorrente do vôo. Outros acham que ajuda a reduzir a tensão ou mesmo a jogar golfe melhor.
Utilizado como instrumento de aprendizagem, ele tem grande capacidade de atrair e prender a atençào. Em um determinado aviso de uma escola de treinamento do governo, ele aumentou as capacidades psicomotoras dos participantes em 75 por cento. Em outro teste, estudantes do código Morse aumentaram as suas habilidades em 30 por cento. No outro extremo da escala alunos primários em Tacoma aprenderam em quatro semanas o que normalmente levariam um semestre inteiro.
Estes e outros resultados nos conduziram ao início das definições de o que estávamos fazendo e por que o fazíamos. Parece ser algo muito diferente de achar maneiras para ativar estados de EFC.
Isso nos trouxe a seguinte premissa formal:
Em poucas palavras, o Instituto segue o conceito de que: 1) a consciência e o seu enfoque contêm todas e quaisquer soluções para os processos da vida que o homem procura ou acha; 2) podem-se alcançar uma grande compreensão e percepção dessa consciência apenas com coordenação e abordagens interdisciplinares; e 3) os resultados de esforços de pesquisas relativas ao assunto são significativos apenas se reduzidos à aplicação prática, a "algo de valor" dentro do contexto da cultura ou da era contemporânea.
Isso nos levou ao fundamento de que a consciência é uma forma de energia em funcionamento. O primeiro passo, então, deve ser o de captar a própria energia - não há nenhum truque quando você está se usando para uma auto-avaliação. Uma vez que percebe a sua forma "bruta", uma pessoa pode começar a compreender como ela é naturalmente usada. Tal percepção irá permitir um controle maior e mais deliberado de tais campos de energia. Partindo do controle, é uma etapa lógica aplicá-lo em formas novas e ampliadas. Essa é uma maneira bastante perifrástica de dizer que, se puder encontrar o material responsável por seus pensamentos e ações, você pode usá-lo de formas que desconhece atualmente.
(Extraído do livro "Viagens Além do Universo", de Robert Monroe)
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