quarta-feira, 19 de março de 2008

Apresentando Richard Rorty...

Richard Rorty


A esperança está na imaginação do terceiro mundo
(R. Rorty)



«Rorty foi um crítico ferocíssimo das verdades absolutas e exteriores ao discurso, dedicou a vida a um desporto muito saudável: detonar toda e qualquer metafísica.»


Rorty é considerado um dos pensadores mais importantes da filosofia contemporânea. Nasceu em 1931 em Nova Iorque numa família com simpatias pelo trotskismo ( o pai era um militante trotskista) e faleceu aos 75 anos no passado dia 8 de Junho em Palo Alto, Califórnia. Era um filósofo irónico e provocador que investia contra as certezas e as verdades absolutas. Os seus livros «A filosofia e o espelho da natureza» (Philosophy and the Mirror of Nature” ) e «Contingência, Ironia e Solidariedade» são as suas obras mais marcantes e nelas são plasmadas as teses do neo-pragmatismo norte-americano, também designado por pós-empirista.




Muito criticado quer pela direita quer pela esquerda, quiseram-no fazer dele um teórico do liberalismo. Mas a verdade é que Rorty era um activista ferrenho contra os chefes, as oligarquias e as grandes empresas, e não escondia a sua simpatia pela esquerda libertária que enfrenta o poder estabelecido. Contra a velha esquerda e nova esquerda Rorty era igual a ele mesmo ao defender uma «Nova Velha Esquerda» . Nos últimos anos, o anti-filósofo surpreendeu os críticos quando começou a intervir cada vez mais em política. Assim, num ensaio de 1997 apelou às universidades para regressarem a uma política de esquerda e "que, no essencial, visava impedir que os ricos desvalorizem o resto da população."

As suas principais influências derivam, por um lado, da tradição pragmática norte-americana ( Dewey, mas também William James, Peirce ) , por outro lado , do pós-nietscheanismo de um Wittgenstein e Heidegger, e recebe ainda, finalmente, as influências dos filósofos que desenvolveram as críticas ao essencialismo e ao representacionalismo como são os casos de Quine, Sellars e Davidson.



Professor de Filosofía nla Universidade de Princeton até 1983 acabou por renunciar à sua cátedra ao escolher ser professor de Humanidades na Universidade de Virginia, opção essa a que não foi alheia o seu anti-essencialismo e antifundamentalismo , e por meio dos quais Rorty ataca a filosofia como busca privilegiada das cauas primeiras, preferindo antes relacioná-la com a poesia, a arte e a crítica literária, com isso pretendendo dizer que se deve abandonar toda a pretensão ao conhecimento do Ser, da Verdade ou do Absoluto. Na sequência desta linha ele desmonta os pressupostos e as bases do conhecimento enquanto representação. Considera por isso ilegítima a pretensão da filosofia em arrogar-se em tribunal da cultura e da ciência, pelo que o filósofo não se encontra num pedestal nem em qualquer posição privilegiada. O filósofo irónico prefere a literatura e a poesia mais do que a redoma em que querem encerrar a filosofia. E via nisso não só o resgate da filosofia como um importante reforço da democracia.



(“He rescued philosophy from its analytic constraints” and returned it “to core concerns of how we as a people, a country and humanity live in a political community.”)



Para ele a verdade nunca é exterior, separada das nossas crenças. Ela é imanente à pragmática de cada um, ou seja, na teoria epistemológica dele, o conhecimento advinha de uma prática social, isto é, de algo convencional, intrínseco ao discurso, acabando consequentemente por rejeitar o conceito de objetividade

O conceito de verdade como representação é então substituido pelo acordo não forçado dentro de uma dade comunidade endagante, algo que confere protagonismo ao ser humano face à tirania dos factos e que permite a revisão contínua da «verdade» - em nome da qual se construiram tantos crimes – e que permite comprender afinal em que medida os vários ramos do saber não pasma de construções sociais. No fundo, a verdade é aquilo que os membros das comunidades de indagação decidem que seja.

Rorty é visto como o inimigo número 1 daquele personagem que ostenta a “carteira profissional” do filósofo , o filósofo engravatado numa cátedra académico e guardião das filosofias tradicionais. Aos olhos desse tipo de filósofo, o projecto de Rorty é anti-filosófico, uma tentativa destruir a filosofia. Tal personagem, o filósofo profissional, sente-se ofendido, pois Rorty considera um desejo pueril de infância e juventude querer reunir verdade e justiça numa visão unitária, num essencialismo totalitário como pretendem as várias variantes do platonismo




Num texto autobiográfico «Trotsky and the Wild Orchids», ele escreve:
“At 12, I knew that the point of being human was to spend one’s life fighting social injustice,” ( aos 12 anos soube que o importante na vida humana era lutar contra a injustiça social)

Pode-se ler uma entrevista com Rorty intitulada Against Bosses, Against Oligarchies em: www.prickly-paradigm.com/paradigm3.pdf

2 comentários:

Unknown disse...

Gosta do meu amigo Dick Rorty? Então visite: www.filosofia.pro.br e a TV Filosofia no www.mogulus.com/filosofia ou ainda http://worldtv.com/tvfilosofia.
Paulo Ghiraldelli Jr

jholland disse...

Muito bom seu Blog "Portal da Filosofia", já havia recomendado no Metamorficus. Parabéns e vou visitando seus outros Blogs.

josé Luiz