quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SRI RANJIT MAHARAJ


SRI RANJIT MAHARAJ
1913-2000



Sri Ranjit Maharaj nasceu a 6 de janeiro de 1913 em Bombaim, Índia. Na sua tenra infância foi um devoto fervoroso de Krishna, mas, aos 12 anos de idade, conheceu Shri Sadguru Siddharameshwar Maharaj, que se tornou seu mestre. Depois, Shri Siddharameshwar também se tornou mestre do venerado sábio indiano Nisargadatta Maharaj.

Siddharameshwar Maharaj constatou o Ser através da meditação, um caminho árduo e longo, que, nas suas próprias palavras, na filosofia indiana se chama Pipilika Marg e significa o "caminho da formiga".

Shri Sadguru Siddharameshwar Maharaj



Siddharameswar ensinava o "caminho do pássaro", Vihangam Marg. Esse é o caminho da compreensão, o caminho direto para a Auto-Constatação (Auto-Realização). O Caminho do Pássaro também é o ensinamento de Sri Ranjit Maharaj. É bastante interessante que exatamente na mesma época em que o jovem Ranjit se encontrava pela primeira vez com seu mestre, também visitava Siddharameshwar, e era um dos primeiros americanos a fazê-lo, um jovem viajante americano em sua quase disfarçada busca espiritual da iluminação, que ganhou fama anonimamente alguns anos depois no romance intitulado O Fio da Navalha, do famoso autor e dramaturgo britânico W. Somerset Maugham. Narra-se que por ter morado na Índia ele alcançou paz de espírito.

O jovem americano, Larry Darrell, como no romance o denomina Maugham, viajava para Bijapur para encontrar-se com Siddharameshwar e aprender o Vihangam Marg, o caminho do pássaro. O santo contou a Darrell o que Ranjit Maharaj por fim também viria a aprender: "que só por escutar e praticar os ensinamentos do Mestre e refletir a respeito, tal como o pássaro, que voa de uma árvore a outra, é que se pode alcançar rapidamente o Despertar".


PERGUNTAS & RESPOSTAS

PERGUNTA: Quando considero minha verdadeira natureza, fico no "EU SOU", invade-me um sentimento de amor sem causa. Esse sentimento é correto ou ainda é uma ilusão?

Sri Ranjit MAHARAJ: É o êxtase do Ser. Você sente a presença do "EU SOU". Você se esquece de tudo, dos conceitos e da ilusão. É um estado não-condicional. Essa felicidade aparece quando você se esquece do objeto, mas na felicidade ainda há um pequeno toque do eu. Afinal, é ainda um conceito. Quando você se cansa do mundo externo, você quer ficar só, para estar consigo mesmo. É a vivência de um estado mais elevado, mas ainda faz parte da mente. O Ser não sente prazer nem desprazer. Sem o eu, sem o "EU SOU". O completo esquecimento da ilusão significa que nada é, nada existe. Ela ainda está aí, mas para você ela não tem realidade. É a isso que se chama de Constatação (Realização), ou Auto-Conhecimento. É a constatação do Ser sem o eu.
Se alguém o chama, você diz "Estou aqui", mas antes de dizer "Estou aqui", você estava. A ilusão não pode colar mais alguma coisa na Realidade. Não pode colar algo extraordinário na Realidade, porque a Realidade está na própria base de tudo que existe. Tudo que existe, tudo que você vê, os objetos da sua percepção, tudo se deve à Realidade. A ignorância e o conhecimento não existem. Não existem. Então, como é que você poderá expressá-los?

Quando você objetifica algo, significa que está sentindo alguma coisa. Tão logo sinta alguma coisa, você se afasta de Si, do Ser. Você sente amor, que é melhor que estar na ignorância, mas, afinal de contas, isso ainda é um estado, e um estado é sempre condicionado. O não-condicionado não tem estados. É a experiência da inexistência da ilusão. Tão logo você sinta a mínima existência, isso é ignorância. Isso é muito sutil. Ignorância e conhecimento ambos são sutis. É difícil entender, mas, se você realmente averiguar, chegará a esse estado. Isso é, e sempre foi, mas você não sabe; essa é a dificuldade. Não há um único ponto em que a Realidade não esteja. Você vivencia a existência através dos objetos, mas tudo isso não é nada. É onipresente, mas você não pode vê-lo. Por quê? Porque você é a própria Realidade. Então como pode você se ver? Para ver seu rosto, você precisa de um espelho.

A verdadeira felicidade está dentro de você e não fora. No sono profundo, você é feliz. Esquece-se do mundo. Portanto, a felicidade jaz no esquecimento do mundo. Deixe o mundo ser como é; não o destrua, mas saiba que ele não é. Faça tudo quanto tenha que fazer, mas fique desapegado com a compreensão de que seja lá o que for que você sinta, perceba e alcance é ilusão; não existe, e a sua mente precisa aceitar isso.

Os santos dizem: "Já que tudo é nada, como poderá você ser afetado por este nada, como o nada poderá atingi-lo?" Então, o que fazer? A mente não passa de conhecimento. As pessoas diferenciam a mente do conhecimento, mas isso não é correto. Não há nada no mundo. É ilusão. Só a Realidade existe, e, quando você entender que a ilusão é realmente ilusão, como poderá ela afetá-lo? Como poderá você sequer sentir que ela o afeta? A pétala de lótus origina-se da água; fica em cima d’água, mas não é tocada pela água. Se você verte água sobre ela, a água escorre; a flor não se molha.

Quando você compreende que nada permanece, já não se trata mais do amor. A felicidade do Ser que você sente é ainda o prazer do conhecimento. Primeiro você precisa se conscientizar e depois se tornar a própria Realidade, porque você é Ela. Portanto, não faz mal algum viver na ilusão, no mundo, mas ele não existe, você não é atingido. O lótus permanece na água, mas nem liga para ela.

É assim que você deve vivenciar sua verdadeira natureza. Digo "vivenciar", mas aí essa palavra já não existe, porque ela está além do espaço, além do zero. E as palavras não podem entrar aí; param aí. No Bhagavad Gita, o Senhor Krishna diz: "Para onde as palavras retornam está o meu estado". Ainda assim, ele era rei e reinava, mas sabia que nada existe. Você não sabe que nada pode atingi-lo. Quando sentir que nada o atinge, você estará fora da ilusão. Esse é o ponto culminante da filosofia e você pode chegar lá. Lá, lá não há Mestre nem discípulo, pois ambos são um só. Não existe dualidade. Existe somente a Unidade e nada fica fora dela. Portanto, fique na ilusão, mas por compreensão.

Dois amigos queriam pregar uma peça num outro amigo. Um começou a insultar o outro, mas o outro ria do insulto. O terceiro ficou perturbado e disse: "Como podes rir quando ele está te insultando?" Ele ria porque tinha a chave do jogo, mas o terceiro rapaz não entendia. Do mesmo modo, uma pessoa Realizada, embora viva no mundo, compreende que tudo isto é nada e o que quer que esteja acontecendo, nada está acontecendo. Portanto, ela não é atingida. As pessoas andam sempre com medo do que acontece ou vai acontecer. Temem o que as pessoas vão dizer. Pensam: "O que é que vou fazer? O que vai acontecer comigo?" Lutam ou desfrutam. Todos esses cativeiros se devem à mente.

Aquele que está fora do círculo entende que tudo é nada. Não existe; é apenas ignorância. Diz-se que só quem mergulha fundo no oceano é que pode encontrar a pérola. Quem fica na superfície é levado pela corrente do prazer e do sofrimento. Você deve mergulhar fundo até as profundezas do ilimitado, porque é lá que você está. Nunca pare no limitado. O ouro não liga para as formas que ele assume nos ornamentos; pode ser a forma de um cachorro ou de um deus, ele não se preocupa com a forma. Da mesma maneira, seja indiferente com as coisas, porque elas não existem.

Nada pode atingi-lo. Você é intocado. A mente deve chegar ao ponto de uma compreensão completa da ilusão. Ali jaz o seu estado. Nada permanece para quem compreendeu. Não há mais perda ou ganho. Não pergunte se você pode atingir a Realidade, porque você é a Realidade, então por que dizer: "Será que eu posso?" Primeiro saia do círculo. Largue tudo, uma coisa após outra, e entre fundo em seu Ser. Depois volte e esteja em tudo.

O que você descreveu é um bom estado, não há dúvidas, mas vá um pouco mais adiante. Quando a mente aceita que tudo é ilusão, somente ilusão, então você está no seu Ser. O corpo e a mente são ilusões; você devia ficar contente de saber isso. Desvencilhe-se da identificação com eles. A única coisa que o Mestre faz é dar o seu verdadeiro valor ao Poder que está em você, ao qual você nem presta atenção. Ele não faz nada mais. Era uma pedra, e o Mestre revela a própria natureza dela, que é diamante. Ele faz de você a pedra mais preciosa.

Eu sou onipresente, todo-poderoso, sou o Criador de tudo que existe. Quando você está na base de tudo, você está em tudo. É por isso que nem um assassino pode ser considerado mau. O que quer que esteja acontecendo, é "ordem minha". Seja o senhor, não o escravo! Você é o senhor.

PERGUNTA: Eu gostaria de saber por que algumas pessoas Realizadas reencarnam a fim de ajudar os outros a acordar?


SRI RANJIT MAHARAJ


Sri Ranjit MAHARAJ: Ninguém vem, ninguém vai. Quem lhe contou isso? Você leu livros e repete. Diz-se que o maior homem é aquele que morre desconhecido. Rama e Krishna foram heróis secundários. O homem realizado vive em silêncio e morre em silêncio. Depois, o pensamento dele funciona numa outra pessoa; mas que eles voltam é bobagem. Veja "A Doutrina do Renascimento".

Ninguém vem, ninguém vai. É tudo um sonho. Num sonho você pode se tornar um grande Mestre, mas, quando acorda, você volta ao seu estado normal. Quem foi lá e quem voltou? Não aconteceu nada. O conceito de um grande Mestre passou por você e você virou aquele "grande Mestre", mas, quando acorda, você percebe: "Nossa, tudo isso é absurdo! Como posso eu ser um grande Mestre? Não sei nada!" Mesmo assim, no sonho você dava palestras e falava com facilidade sobre todas essas coisas, mas, quando chega o despertar, todo conhecimento se esvai. Era um sonho.

De onde ele veio e aonde desapareceu? Quando nada existe, tudo são apenas crenças e conceitos da mente. O suposto sábio que diz "Eu sou a reencarnação de Deus" não o conhece, não conhece a Realidade. Ao contrário, é escravo do seu ego, da ilusão. Quando o próprio conhecimento não tem entidade, não vêm à baila todas essas coisas.

Aquele que compreende, livra-se de tudo. Uma pessoa assim parece comum, mas seu coração é bem diferente. Se ficar do lado de fora, como você poderá entender? Para se tornar o dono da casa, você precisar entrar nela. Da mesma maneira, você precisa penetrar o seu próprio Ser para tornar-se o dono. Mas aí o "eu" não permanece "eu". Não mais se trata de Mestre ou discípulo. O pensamento em um Mestre pode inspirar quem quer que assuma um corpo porque ele e o Sábio são unos. Penetre o coração do Realizado e você não permanecerá como "Você", porque só ele é. É por isso que se diz que aqueles que ensinam são reencarnações de Deus. O Mestre passa o ensinamento a todos, mas não o valoriza, porque sabe que o conhecimento é a maior ignorância. Portanto não se deixe tocar por nada.

PERGUNTA: Se tudo é ilusão, você mesmo é uma ilusão?

MAHARAJ: Ah, sim! Eu sou a maior ilusão! Tudo que digo de todo o coração e com tanta franqueza é tudo falso! Mas o falso ‘eu’ pode fazer você alcançar esse ponto. O endereço da pessoa não é o objetivo. Quando você chega à casa, é graças ao endereço que lhe deram, o endereço é verdadeiro somente até o momento em que você entra na casa. Assim que você entra, desaparece o endereço. As palavras não passam de indicações; não têm nenhuma realidade em si mesmas. Se o ‘eu’ permanece, eu também sou ilusão. Não permaneça como ‘eu’. Essa é a mais alta compreensão da filosofia. O santo Tukaram dizia: "Vi a minha própria morte, e o que vi lá, a alegria que se revelou, isso eu conheço". Antes de tudo, você precisa morrer. "Você" significa ilusão.

Por isso, o que digo é falso, todavia verdadeiro, porque eu falo daquilo. O endereço é falso, mas, quando você atinge o objetivo, é a Realidade. Da mesma maneira, todas as escrituras e os livros filosóficos destinam-se apenas a indicar esse ponto, e, quando você o atinge, eles se tornam inexistentes, vazios. As palavras são falsas; só o sentido que elas comunicam é que é verdadeiro. Portanto, tudo é ilusão, mas, para compreender a ilusão, é preciso ilusão. Por exemplo, para tirar um espinho do dedo, você utiliza outro espinho; depois joga fora os dois. Mas, se você guardar o segundo espinho que utilizou para remover o primeiro, certamente você estará de novo preso. Para remover a ignorância, é preciso conhecimento, mas por fim ambos devem dissolver-se na Realidade. O seu Ser é sem ignorância nem conhecimento.

Portanto, o Mestre e o buscador são ilusões, porque ambos são um só. Se você guardar o segundo espinho, que significa conhecimento, nem que seja um espinho de ouro, você estará preso (pelo segundo espinho). O ego é a única ilusão, e ego é conhecimento. Conta-se que para apanhar um ladrão é preciso tornar-se um ladrão. Então você poderá dizer-lhe: "Cuidado, eu estou aqui e sei que você é ladrão; portanto, não poderá me roubar". Mas você não pode apanhar o ladrão porque ele tem quatros olhos e você só tem dois. Num relance, o ladrão percebe os objetos de valor e, se você não estiver atento, ele lhos rouba. A ilusão é como o ladrão, de modo que você precisa ser mais forte do que o ladrão. A sua mente precisa aceitar que tudo é ilusão, somente ilusão. Então você será o "maior dos maiorais".

O conhecimento é uma grande coisa, mas deve ser apenas um remédio. Quando a febre baixa graças ao remédio que você tomou, você deve parar de tomá-lo. Não prolongue o tratamento, senão você criará mais problemas. O conhecimento só é necessário para remover o mal da ignorância. O médico sempre prescreve uma dosagem limitada! Antes de tudo, compreenda que o ‘eu’ é uma ilusão e o que ‘eu’ diz é ilusão. O Mestre e o que ele diz também são ilusão, porque na Realidade, ‘eu’ e ‘Ele’ não existem mais. Vá fundo para dentro de si, tão fundo até você desaparecer. Caso contrário, veja o que acontece. Entra um bode em sua casa, e, para fazê-lo sair, você abre a porta. O bode sai, mas entra um camelo. O camelo é apenas como a ilusão. Portanto, fique fora da ilusão.

SRI RANJIT MAHARAJ


Fonte: Blog da Editora Advaita


sábado, 2 de outubro de 2010

Ele veio zombar...





Quando se participa nos diálogos entre Maharaj e seus visitantes por algum tempo, fica-se surpreso com a diversidade de perguntas que são feitas – muitas delas terrivelmente ingênuas – e com a espontaneidade e facilidade com as quais as respostas vêm do Mestre. Perguntas e respostas são traduzidas tão acuradamente quanto possível. As respostas de Maharaj em Marathi, que é a única língua que domina, seriam naturalmente baseadas nas palavras do Marathi usadas na tradução da pergunta. Em suas respostas, contudo, Maharaj faz um uso muito hábil das palavras do Marathi empregadas na tradução da pergunta, ou por meio de trocadilhos, ou leves mudanças nas próprias palavras, produzindo interpretações algumas vezes totalmente diferentes de seus significados usuais. A exata significação de tais palavras nunca poderia ser obtida em qualquer tradução.

Maharaj francamente admite que, geralmente, faz uso claro e direto do Marathi com o fim de tornar manifestos o nível mental do interlocutor, sua intenção, e o condicionamento por trás da pergunta. Se o interlocutor toma a sessão como um entretenimento, embora de um tipo superior, Maharaj está pronto para juntar-se à diversão, na ausência de melhor assunto e melhor companhia!

Entre os visitantes, há ocasionalmente um tipo pouco comum de pessoa que tem um intelecto muito penetrante, mas é dotado de um ceticismo devastador. Ele presume que tem uma mente aberta e uma curiosidade intelectual penetrante. Ele quer ser convencido e não meramente enganado por palavras vagas e incertas que os mestres religiosos freqüentemente distribuem em seus discursos.

Maharaj, com certeza, rapidamente reconhece este tipo e, então, a conversa imediatamente assume um tom de mordacidade que o deixa abalado. A percepção intuitiva subjacente às palavras de Maharaj simplesmente varre a crítica metafísica proposta por semelhante intelectual. É de maravilhar-se ver como um homem, o qual não tem nem mesmo o benefício de uma educação adequada, possa mostrar mais talento que vários eruditos pedantes e cépticos agnósticos que se acreditam invulneráveis. As palavras de Maharaj são sempre eletrizantes e brilhantes. Ele nunca cita autoridades das escrituras em Sânscrito ou em qualquer outra língua. Se um dos visitantes citasse um verso do Gita, Maharaj tinha que pedir sua tradução para o Marathi. Sua intuição perceptiva não precisa do apoio das palavras de qualquer outra autoridade. Seus próprios recursos internos são, sem dúvida, ilimitados. O que quer que eu diga, disse Maharaj, sustenta-se por si mesmo, não necessitando nenhum outro apoio.
Um dos visitantes habituais às sessões trouxe com ele um amigo e o apresentou a Maharaj como um homem com um intelecto muito aguçado que não aceitaria nada como verdade absoluta e que questionaria tudo antes de aceitar. Maharaj disse que estava feliz por encontrar tal pessoa. O novo visitante era um professor de Matemática.
Maharaj sugeriu que seria talvez melhor para ambos conversar sem hipóteses de qualquer tipo, diretamente do nível básico. Ele gostaria disto? O visitante deve ter ficado muito surpreendido com esta oferta. Ele disse que estava encantado com a sugestão.

Maharaj: Agora, diga-me, você está sentado diante de mim aqui e agora. O que exatamente pensa que ‘você’ é?

Visitante: Sou um ser humano do sexo masculino, quarenta e nove anos, com certas medidas físicas e certas esperanças e aspirações.

M: Qual sua imagem de si mesmo dez anos atrás? A mesma de agora? E quando você tinha dez anos de idade? E quando você era uma criança? E mesmo antes disto? Sua imagem de si mesmo não mudou o tempo todo?

V: Sim, o que considero como minha identidade mudou todo o tempo.

M: E, no entanto, não há alguma coisa, quando pensa sobre si mesmo – no fundo do coração –, que não mudou?

V: Sim, há, embora eu não possa especificar o que é exatamente.

M: Não seria o simples sentido de ser, o sentido de existir, o sentido de presença? Se você não estivesse consciente, seu corpo existiria para você? Haveria qualquer mundo para você? Teria, então, qualquer pergunta sobre Deus ou o Criador?

V: Isto, certamente, é algo a ponderar. Mas, diga-me, por favor, como você vê a si mesmo?

M: Eu sou este eu sou ou, se preferir, eu sou esse eu sou.

V: Desculpe-me, mas eu não entendi.

M: Quando você diz “eu penso que entendi”, está tudo errado. Quando você diz “eu não entendi”, isto é absolutamente verdadeiro. Deixe-me simplificar: eu sou a presença consciente – não esta pessoa ou aquela, mas Presença Consciente, como tal.

V: Agora, novamente, estou para dizer que penso que entendi! Mas você disse que isto é errado. Você não está tentando confundir-me deliberadamente, está?

M: Ao contrário, estou dizendo para você qual é a posição exata. Objetivamente, eu sou tudo que aparece no espelho da consciência. Absolutamente, eu sou aquilo. Eu sou a consciência na qual o mundo aparece.

V: Infelizmente, não vejo isto. Tudo o que posso ver é o que aparece diante de mim.

M: Você seria capaz de ver o que aparece diante de você se não estivesse consciente? Não. Não é toda existência, portanto, puramente objetiva na medida em que você existe apenas em minha consciência e eu na sua? Não é claro que nossa experiência um do outro está limitada a um ato de cognição na consciência? Em outras palavras, o que nós chamamos nossa existência está meramente na mente de algum outro e, portanto, é apenas conceitual? Pondere sobre isto também.

V: Você está tentando me dizer que todos nós somos meros fenômenos na consciência, fantasmas no mundo? E o que diríamos sobre o próprio mundo? E sobre todos os eventos que acontecem?

M: Pondere sobre o que eu disse. Você pode descobrir alguma falha? O corpo físico, o qual geralmente alguém identifica como a si mesmo, é apenas uma estrutura física para o Prana (a força vital) e para a consciência. Sem o Prana e a consciência, o que seria o corpo físico? Apenas um cadáver! É apenas porque a consciência identificou-se erradamente como sua cobertura física – o aparato psicossomático – que o indivíduo aparece.

V: Agora, você e eu somos indivíduos separados que têm de viver e trabalhar neste mundo junto com milhões de outros, certamente. Como você me vê?

M: Vejo você neste mundo exatamente como você vê a si mesmo em seu sonho. Isto satisfaz você? Em um sonho, enquanto seu corpo está descansando em sua cama, você criou todo um mundo – paralelo ao que você chama mundo “real” – no qual existem pessoas, incluindo você mesmo. Como você se vê no seu sonho? No estado de vigília, o mundo emerge e você é levado para o que eu chamaria um estado de sonho acordado. Enquanto você está sonhando, seu mundo de sonho aparece para você como muito real, sem dúvida, não é assim? Como você sabe que este mundo que você chama ‘real’ não é também um sonho? É um sonho do qual você deve acordar pela visão do falso como falso, do irreal como irreal, do transitório como transitório; ele pode ‘existir’ apenas no espaço e no tempo conceituais. E, então, depois de tal ‘despertar’, você estará na Realidade. Então você verá o mundo como ‘vivente’, como um sonho fenomênico dentro da periferia da percepção sensorial no espaço e tempo, com um aparente livre-arbítrio.
Agora, a respeito do que você chama um indivíduo: Por que você não examina analiticamente este fenômeno com a mente aberta, depois de abandonar todo condicionamento mental existente e todas as idéias preconcebidas? Se você fizer assim, o que você encontrará? O corpo é meramente uma estrutura física para a força vital (Prana) e para a consciência, o qual constitui um tipo de aparato psicossomático; e este ‘individuo’ nada faz a não ser responder ao estimulo externo e produzir imagens e interpretações ilusórias. E, além disto, este ser sensível individual pode ‘existir’ apenas como um objeto na consciência que o reconhece! É apenas uma alucinação.

V: Você quer dizer com isto que você não vê diferença entre um sonho sonhado por mim e minha vida neste mundo?

M: Você já tem bastante para cogitar e meditar. Está certo que deseja prosseguir?

V: Estou acostumado a grandes doses de estudo sério e não tenho dúvidas que você também. De fato, seria mais gratificante para mim se pudéssemos prosseguir e levar isto à sua conclusão lógica.

M: Muito bem. Quando você está em sono profundo, o mundo fenomênico existe para você? Você não poderia, intuitiva e naturalmente, visualizar seu estado primitivo – seu ser original – antes que esta condição corpo-consciência irrompesse sobre você sem ser solicitada, por si mesma? Neste estado, você estaria consciente de sua “existência”? Não, certamente.
A manifestação universal está apenas na consciência, mas o ‘desperto’ tem seu centro de visão no Absoluto. No estado original de puro ser, não consciente de sua qualidade de ser, a consciência surge como uma onda sobre a extensão das águas, e o mundo aparece e desaparece na consciência. As ondas se levantam e caem, mas a expansão das águas permanece. Antes de todos os princípios, de todos os fins, eu sou. O que quer que aconteça, devo estar presente para testemunhar.
Não é que o mundo não ‘exista’. Ele existe, mas meramente como uma aparência na consciência – a totalidade do manifesto conhecido na infinidade do desconhecido, o não manifestado. O que começa deve terminar. O que aparece deve desaparecer. A duração da aparição é um assunto relativo, mas o princípio é que o que quer que seja sujeito ao tempo e à duração deve terminar e é, portanto, não real.
Você não pode perceber imediatamente que neste sonho da vida você ainda está dormindo, que tudo que seja reconhecível está contido nesta fantasia da vida? E que aquele que, enquanto conhecer este mundo objetificado, considerar-se uma ‘entidade’ separada da totalidade que conhece é, em realidade, parte integral deste mesmo mundo hipotético?
Considere também: Nós parecemos estar convencidos de que vivemos uma vida própria, de acordo com nossos próprios desejos, esperanças e ambições, de acordo com nosso próprio plano e objetivo, através de nossos próprios esforços individuais. Mas é realmente assim? Ou estamos sendo sonhados e vividos sem vontade, totalmente como fantoches, exatamente como em um sonho pessoal? Pense! Nunca esqueça que, assim como o mundo existe, embora como uma aparência, as figuras sonhadas também, neste ou naquele sonho, devem ter um conteúdo – elas são o que o sujeito do sonho é. É por isto que digo: Relativamente ‘Eu’ não sou, mas eu mesmo sou o universo manifesto.

V: Penso que começo a entender toda a idéia.

M: Não é o pensamento de si mesmo uma noção na mente? O pensamento está ausente quando se vê as coisas intuitivamente. Quando você pensar que entendeu, você não entendeu. Quando perceber diretamente, não há nenhum pensamento. Você sabe que está vivo; você não ‘pensa’ que você está vivo.

V: Céus! Isto parece ser uma nova dimensão que você está apresentando.

M: Bem, nada sei sobre uma nova dimensão, mas você se expressou bem. De fato, poderia ser dito que tal dimensão adquire uma nova direção de medida – um centro novo de visão – na medida em que, evitando os pensamentos e percebendo diretamente as coisas, evita-se a concepção. Em outras palavras, vendo com a mente total, intuitivamente, o observador aparente desaparece, e a visão torna-se o visto.

O visitante então se levantou e prestou seus respeitos a Maharaj com muito maior devoção e submissão do que a que havia mostrado na chegada. Ele olhou para dentro dos olhos de Maharaj e sorriu. Quando Maharaj perguntou por que sorria, disse que havia lembrado de um provérbio Inglês: “Eles vieram para zombar e permaneceram para orar”.


Do livro: Sinais do Absoluto


Fonte: Blog da Editora Advaita


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Explorando Universos paralelos


Nota do Blog: o texto que se segue é uma tradução livre de um fragmento do Capítulo 3 do livro de William Buhlman, "Aventuras Fora do Corpo". A tradução foi realizada a partir da edição em espanhol da obra. (Também publicado no Blog Sonhos Lúcidos)




Classificação do Universo invisível


Por William Buhlman

Enquanto a ciencia tradicional segue concentrando-se na capa epidérmica e densa do universo, a exploração e a classificação das dimensões invisíveis começaram sem alarde. Através do intenso processo de tentativa e erro, algumas pessoas deram um passo mais além da matéria e dos limites de nossa tecnologia física atual. As observações efetuadas durante estas explorações não físicas laçaram luz sobre um universo multidimensional de enorme profundidade e beleza.
Se quisermos compreender a estrutura das dimensões invisíveis, devemos ter em conta a capacidade natural de resposta que os sutis entornos energéticos não físicos têm frente aos pensamentos. Mais além da dimensão não física paralela (a primeira), estamos explorando um universo de energia interativo que responde ao pensamento. Assim, uma vez que reconheçamos esta interação entre o pensamento e a energia não física, podemos concentrarmos nas semelhanças energéticas específicas de um nível ou área vibratória concreta. Isto se consegue classificando o modo que um entorno não físico específico responde à energia do pensamento. Este tipo de classificação com base na resposta da energia é muito mais prática que concentrar-se no aspecto das diferenças visuais das distintas dimensões. Duas dimensões vibratórias diferentes e separadas podem parecer surpreendentemente iguais, embora suas frequências vibratórias sejam completamente distintas. Por isso, para julgas os entornos não físicos, não adequados os conceitos físicos tradicionais. Para classificar com eficácia o universo invisível, devemos partir de uma referência ou de um método de comparação novo. O método mais prático é classificar a capacidade de resposta de uma área não física determinada ante o pensamento.
A grande maioria das realidades não físicas têm uma grande capacidade de resposta ao pensamento. Em outras palavras, quando nos separamos de nossos corpos e entramos em uma dimensão não física, nossos pensamentos, tanto conscientes como inconscientes, imediatamente começam a interagir com a energia sutil que nos rodeia e começam a reestruturá-la. A capacidade de resposta das dimensões internas frente ao pensamento explica porque os exploradores extracorporais descrevem com tanta diversidade os entornos que presenciam. Esta situação se complica com a presença dos incontáveis entornos e realidades que existem dentro de cada dimensão individual do universo.
Ainda que o universo tenha uma variedade ilimitada de entornos ou ambientes possíveis, todos os entornos e as dimensões não físicas parecem ter certas semelhanças e diferenças. Cada dimensão ou entorno está formado por frequências ou longitudes de onda específicas de energia. Além disso, cada dimensão e cada entorno parece ser o resultado direto do pensamento. A capacidade natural de resposta ao pensamento das dimensões interiores criou grande parte da confusão e mistério que rodeia os entornos internos. Temos uma tendência natural a relacionar diretamente as experiências não físicas com pontos de referência físicos; comparamos tudo com objetos físicos que conhecemos. Entretanto, as formas moleculares que nos rodeiam não são uma referência válida. Os objetos e os acontecimentos físicos não são o centro do universo, como muitos supõem, mas o resultado final de uma cadeia de reações energéticas que ocorrem no interior invisível do universo multidimensional.
Para compreender a natureza do universo, devemos reavaliar nossos conceitos atuais de solidez, energia e tempo. Devemos manter nossa mente aberta para um novo ponto de vista da realidade. A fim de compreender verdadeiramente a estrutura de nosso universo, devemos investigar a causa invisível da forma e da solidez. Parece-me que a exploração extracorporal nos permite fazer exatamente isso.
A informação relacionada com as dimensões não físicas é mais valiosa do que a maioria de nós reconhece. Não apenas nos ajuda a adaptarmos e a ajustarmos a nosso entorno não físico, como também afeta notavelmente nossa existência física atual.
Até agora, a grande maioria da humanidade morreu sem ter conhecido com entecipação seu destino. A morte manteve-se como um vazio escuro; esperamos coisas boas e oramos por elas, mas quase todos nós nos aproximamos da transição da morte desconhecendo absolutamente qual o nosso destino. Até agora, a humanidade não teve informação comprovável e direta do mistério da vida depois da morte nem das realidades não físicas que então se experimenta.
As experiências extracorporais controladas mudam tudo isso. Na exploração não física, experimentamos os possíveis entornos que serão nosso lugar futuro. Em um sentido muito real, podemos examinar com antecipação e familiarizarmos com nossa morada futura.





OS TIPOS DE DE ENTORNOS ENERGÉTICOS

Uma só dimensão não física pode conter (e às vezes ocorre assim) três tipos de entornos energéticos: de consenso, não consensuais e natural.

Um ambiente de consenso é criado e conservado pelo pensamento de um grupo de pessoas. Por exemplo, os céus de cada grupo religioso são criados pelos pensamentos e as crenças de seus respectivos integrantes. Igual a todas as realidades, a consciência do grupo molda os entornos de consenso. Muitos dos entornos de consenso são extremamente velhos e resistentes à mudança. Embora pareça estranho, as cidades e as comunidades físicas são exemplos de entornos energéticos de consenso. Todas as cidades e povoados se desenvolvem de acordo com os pensamentos de seus habitantes. Em essência, a energia do pensamento humano usa veículos biológicos para manipular e moldar as moléculas físicas que nos rodeiam. O resultado são as estruturas físicas temporais que observamos.

Durante uma experiência extracorporal ou próxima da morte, transferimos nossa noção de consciência a partir do nosso corpo físico para nosso corpo não físico de frequência superior. A isto denomino "mover-se para dentro". Uso o termo movimento porque esta transição de energia com frequência se experimenta como uma sensação de movimento interior. Qualquer referência a um movimento ou exploração interior se relaciona com o reconhecimento consciente de uma área de energia superior.
À medida que exploramos para dentro e nos afastamos da matéria, descobrimos que a primeira dimensão não física é paralela ao universo físico e também é uma realidade de consenso. Este ambiente de energia tem um aspecto tão físico que muitas pessoas pensam que estão contemplando o mundo físico. Na realidade, observam a primeira dimensão energética interna do universo. Devido ao fato desta dimensão ter uma frequência mais próxima da matéria, ela é observada e experienciada com frequência durante as explorações extracorporais. Esta dimensão é um exemplo clássico de uma realidade de consenso: sua estrutura é sólida e estável dentro de sua própria frequência vibratória. Neste ambiente, nossos pensamentos, independentemente de quanto nos concentremos, afetam muito levemente as estruturas de energia. Entretanto, eles exercem um imenso efeito em nosso corpo de energia. Quando pensamos em voar ou em caminhar, podemos fazê-lo. Esta diferenciação entre as mudanças de energia externas e internas (pessoais) é fundamental para compreender a estrutura inerente a uma dimensão ou entorno não físico. Em um entorno de consenso, nossos pensamentos influem em nossa energia pessoal mas não na que nos rodeia. Os diversos céus de que fala São João na Revelação e Maomé no Corão são exemplos clássicos de entornos de consenso. Essas cidades e estruturas não físicas existem dentro da segunda e terceira dimensões de energia e a consciência grupal de milhões de habitantes não físicos as moldam e as conservam. Quando entramos nesses entornos, nossos pensamentos não mudam as estruturas que ali se encontram.

Um ambiente não consensual é aquele não modelado firmemente por um grupo. Tenho considerado que esse tipo de ambiente é o que mais prevalece. O aspecto pode ser qualquer coisa que imaginemos: um bosque, um parque, o mar, inclusive um planeta inteiro. Os ambientes não consensuais são detectados facilmente porque, embora com frequência tenham um aspecto similar ao físico, são muito sensíveis aos pensamentos concentrados e mudam e se reestruturam com rapidez de acordo com os pensamentos conscientes e subconscientes que estão presentes na área imediata.
Si nos encontramos em um ambiente que mudam com frequência ou parece instável, é provável que seja uma realidade não consensual. Nesse caso, é importante que saiba que seus pensamentos, tanto conscientes como inconscientes, provavelmente influíram na realidade que experimenta. Com frequência a mente subconsciente modela as áreas não conscientes para nosso benefício. Por exemplo, se você experimenta um problema ou bloqueio recorrente em seu desenvolvimento pessoal, sua mente subconsciente ou seu eu superior moldará um ambiente que lhe permitirá enfrentar esse bloqueio de uma forma muito pessoal.
Esta confrontação pessoal pode adotar qualquer forma que nos ajude com eficácia a experimentar e superar nossos limites, nossas barreiras ou temores. Muitas pessoas informam que se vêem projetadas em uma situação que as testam de um modo muito pessoal - frequentemente confrontando seus grandes temores ou limitações. Por exemplo, se você sente um imenso temor de alturas, pode ver-se escalando uma montanha ou atravessando uma ponte estreita. Um bom exemplo disto detalha Robert Monroe em Viagens Fora do Corpo, descrevendo sucessivas tentativas de aterrizar um pequeno avião na ponta de um edifício enquanto estava fora do corpo.
Com frequência os ambientes não consensuais parecem semelhantes ao nosso mundo físico normal ou mesmo apresentar um aspecto físico idílico; parques, jardins e plácidos campos verdes. Parece-me provável que tais espaços tenham sido criados pelos pensamentos de outras formas de vida não física que no passado habitaram ou explorara essas zonas. Diferentemente do mundo físico, uma vez formado o ambiente energético, pode durar séculos. Ali a decomposição celular ou molecular não é problema. Um só pensamento criativo, firmemente sustentado, pode modelar um ambiente capaz de durar quase indefinidamente; entretanto, um pensamento mais forte (mais concentrado) pode alterar todo esse entorno em segundos. Lembre-se que todos os ambientes são uma forma de energia e que toda energia em certo grau responde ao pensamento.
Os entornos energéticos naturais (em bruto) são áreas do universo que aparecem sem uma forma específica de nenhum tipo. Estas áreas se observam como vazios brumosos, espaço vazio ou sem elementos, áreas abertas formadas por nuvens de energia brancas, prateadas ou douradas.
Os entornos energéticos naturais são muito sensíveis aos pensamentos. Qualquer idéia focada molda instantaneamente o ambiente. Por isso é importante conseguir certo grau de controle sobre nossos pensamentos. Nossa evolução pessoal depende em grande medida do modo como nos concentramos, controlamos e dirigimos nossa energia-pensamento. Não importa a dimensão que habitemos, nossa responsabilidade pessoal sobre nossos pensamentos e nossas ações é absoluta. Todos os pensamentos são criativos, tanto os positivos como os negativos e reestruturam o ambiente não físico imediato. Por isso os líderes espirituais insistiram sempre em temas como "dar aos demais" e "amar ao próximo". Uma vez que você reconheça a força dos pensamentos, nunca mais gerará ou manterá uma imagem negativa ou destrutiva em sua mente. Os pensamentos negativos ou limitantes são o verdadeiro inimigo que devemos enfrentar. Nas dimensões internas do universo, nossos pensamentos, bons ou maus, influem poderosamente sobre nosso entorno imediato. Isto se observa e se experimenta durante a experiência extracorporal.
Além dos três tipos de entornos que mais prevalecem fora do corpo, existem outros dois.
O primeiro, embora raras vezes se observe, parece estar formado por dimensões e entornos que existem mais além da energia-pensamento. Na verdade, poucos exploradores se aventuraram conscientemente bastante longe para dar-nos uma descrição com modelo preciso destas dimensões. Porque não possuem forma ou estrutura, postula-se que estas áreas do universo existem além do espaço, do tempo e da energia, tal como os concebemos. É possível que estas dimensões e seus habitantes no possam ser descritas mediante nossos conceitos lineares. Não obstante, estou seguro de que nas profundidades do universo interno existem entornos sem pensamentos e sem formas.
O outro ambiente observado é uma área que parece uma duplicata de um espaço vazio. É um ambiente de energia extremamente baixa. Alguns crêem que este espaço não físico seja um ambiente consensual. Eu duvido seriamente desta teoria porque não se emitem radiações ou vibrações energéticas perceptíveis a partir do próprio espaço vazio. Todas as emanações energéticas perceptíveis parecem situar-se próximo de lugares habitados. Parece-me mais provável que esse espaço "vazio" careça de energia suficiente local para que os pensamentos o afetem; como resultado, conserva um estado relativamente constante.
Também deve se assinalado que o espaço não físico vazio parece prevalecer cada vez mais, à medida que nos aprofundamos e nos afastamos da dimensão física em direção à origem de toda a energia. Se desconhece a razão disso. Serão necessárias a observações de numerosos exploradores não físicos antes que cheguemos a uma conclusão.

O universo multidimensional não é só outra teoria; é um fato observável. Quando puser em prática as técnicas extracorporais que explico neste livro, você mesmo poderá verificar este descobrimento. As experiências auto-iniciadas e controladas nos dão uma notável oportunidade de explorarmos as profundezas do universo invisível. A atenção científica atual sobre a atividade molecular densa mudará lentamente para uma forma de investigação baseada na frequência. No século XXI, a ciência começará a reconhecer que as formas densas que nos rodeiam são os veículos externos da energia e que todo o universo físico é só uma parte diminuta do esplendoroso universo multidimensional.


(Fonte: Aventuras Fuera del Cuerpo - Cómo realizar viajes extracorporales - William Buhlman)


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Verdade e Hipnose





"O pior cego é aquele que não quer enxergar", ditado popular.

George Gurdjieff é um dos mestres mais importantes de nossa era.

Ele é único sob muitos aspectos: ninguém no mundo contemporâneo se expressa como ele. Ele é quase como um outro Bodhidharma ou Chuang Tzu, aparentemente absurdo, mas na realidade dando excelentes indicações para a libertação da consciência humana. Ele costumava dizer: "Você está numa prisão". Às vezes mergulhava ainda mais fundo na realidade e, em vez de dizer "Você está numa prisão", dizia "Você é a prisão". O que é mais verdadeiro.

Se você quiser sair da prisão - ou, melhor dizendo, se não quiser ser uma prisão -, a primeira coisa a fazer é dar-se conta de que está numa prisão... ou de que é uma prisão. É algo que deve ser sempre lembrado como um dos primeiros princípios de todo aquele que e stiver em busca da verdade.

A tendência da mente humana é negar as coisas feias, esconder o que não quer que os outros saibam - e esconder de tal maneira, em camadas tão profundas do inconsciente, que a própria pessoa deixa de ter consciência dessas coisas! Desse modo, mantém sua personalidade superficial.

Gurdjieff tem uma história a esse respeito...

Havia um mágico que vivia numa floresta densa e tinha muitas ovelhas, que eram seu único alimento. No meio da floresta, ele mantinha todas aquelas ovelhas somente para matá-las diariamente, uma a uma. Naturalmente, as ovelhas tinham muito medo dele e costumavam correr pela floresta, temendo que qualquer dia fosse o seu dia de morrer. As companheiras que eu tinha já se foram, não se pode confiar... Por puro medo, elas costumavam fugir para muito longe, entrando profundamente pela floresta. E todo dia era uma canseira tentar encontrá-las.

Finalmente, o mágico recorreu a u m truque. Ele hipnotizava as ovelhas, dizendo-lhes: "Você é uma exceção; todo mundo pode ser morto, mas não você. Você não é uma ovelha comum; você tem um privilégio divino". Para as outras dizia: "Vocês não são ovelhas; são leões, tigres, lobos. Só as ovelhas são mortas. Não precisam esconder-se na floresta; seria muito embaraçoso um leão se escondendo na floresta com medo de ser morto - só as ovelhas são mortas". Dessa forma, ele conseguia hipnotizar todas as ovelhas.

Chegava inclusive a dizer para algumas delas: "Vocês são homens, seres humanos, e os seres humanos não se matam uns aos outros. Vocês são exatamente como eu (ser humano). Nunca tenham medo nem tentem fugir por medo". Desde esse dia, nenhuma ovelha voltou a fugir para se esconder na floresta, embora todas elas vissem diariamente que uma delas era abatida e morta (como vemos todos os dias, não é mesmo?). Mas é claro que todas pensavam: ela deve ser uma ovelha; eu sou um tigre, um leão, um ser humano. Eu sou especial e excepcional, tenho um privilégio divino... Eram essas as histórias que o mágico botava em suas cabeças.



Gurdjieff


Gurdjieff afirma que, se não nos conscientizarmos da primeira coisa - de que estamos numa prisão, que somos a prisão -, não existe esperança de liberdade. Se você já acredita que é livre, é por ser uma ovelha hipnotizada que pensa ser um leão - excepcional, não é preciso ter medo -, que acredita inclusive que é um ser humano (divino). Você continua vendo outras ovelhas serem mortas, mas ainda está sob efeito da hipnose, sem tomar consciência de sua condição concreta. Ser livre, quando já sabemos que somos livres, não constitui problema.

Todas as religiões juntas, talvez involuntariamente, geraram um tremendo estado hipnótico. As pessoas acre ditam ter almas imortais. Não estou dizendo que você não tem, mas apenas que não sabem em que acreditam. E, como acreditam que têm uma alma imortal, nunca descobrem que já a têm. Disseram-lhes: "Vocês são o reino de Deus"... e é tão cômodo e consolador acreditar nisso. Mas não existe uma maneira de buscar e tentar descobrir se essa crença hipotética tem algum fundo de verdade, ou é apenas um truque hipnótico usado pela sociedade (pelos manipuladores da sociedade) para mantê-lo livre do medo da morte, da doença, da velhice, da solidão (e manter você disponível para ser sacrificado, quando for conveniente).

O seu Deus pode ser apenas uma hipnose psicológica. Não é uma descoberta sua. Isso é verdade: até aqui, é a absoluta verdade. Ele (Deus) foi implantado em sua mente e, como você continua acreditando nele, a sua crença impede qualquer aventura de busca da verdade.

Geralmente, estão sempre lhe dizendo que, se não acreditar, você não encontrará. Mas a verdade é exatamente o contrário. A crença é uma barreira para se encontrar a verdade, não é uma ponte. Os que acreditam nunca encontram, pois sequer se dão ao trabalho de buscar; não há necessidade, "já sabem"...

Você está numa prisão e se julga livre.

Você está preso a grilhões, mas acha que são apenas adornos. É um escravo (numa sociedade escravagista), mas lhe disseram que você é apenas humilde, simples, que é assim que deve ser uma pessoa religiosa como você. Você está cercado de muitas estratégias hipnóticas desenvolvidas pela sociedade ao longo das eras. E essas estratégias hipnóticas sã a causa essencial da sua ignorância, do seu sofrimento, da sua falta de esclarecimento (de suas doenças físicas e mentais).

De modo que a primeira coisa a ter em mente é que você está numa prisão. A partir do momento em que você reconhece que está numa prisão, você já não pode mais tolerá-la. Ninguém a tolera; ela vai contra a sua dignidade humana. Você começará a encontrar maneiras de sair dela. Começará a conhecer pessoas que já se libertaram. Pode começar a buscar ajuda além das muralhas, pois lá fora existem pessoas capazes de oferecer todo tipo de ajuda. Mas elas não serão de ajuda alguma se você acreditar que já está vivendo em absoluta liberdade.

Se você acredita que essa prisão é a sua casa, seria naturalmente absurdo pensar em se livrar dela. Você acredita que o muro que o mantém prisioneiro é uma proteção para você. Estaria portanto fora de questão fazer um buraco na parede para escapar, ou encontrar uma escada, ou ainda buscar ajuda lá fora. Pode até ser lançada uma corda lá de fora, ou providenciada uma escada, mas isso só teria valia se for reconhecido o principal: que você está numa prisão. George Gurdjieff estava constantemente insistindo: "É a principal coisa a entender. Sem isso, não pode haver avanço para o esclarecimento. Se você acha que é livre, você não pode escapar".




Fonte: Osho, Encontros com pessoas notáveis, Editora Academia, São Paulo, 2009.

Histórias Sufi




Um viajante encontrou a casa de um beduíno perdida no meio do deserto. Este não tinha mais do que um pouco de leite de cabra, que não saciou a fome do hóspede.

Nisto, o beduíno disse à esposa:

“Mata a cabra.”

“Marido, é tudo o que temos, sem ela morreremos de fome.”

“Antes morrer de fome que deixar o nosso hóspede faminto. Mata a cabra, mulher!”

A cabra foi morta, cozinhada e servida.

Na hora da partida, o hóspede disse ao seu criado:

“Dá ao nosso anfitrião tudo o que contigo trazes.”

“Mas, Senhor, tamanha riqueza por uma cabra apenas?”, questionou o servo.

“É verdade. No entanto, este bom homem deu-nos tudo o que possuía e nós pouco lhe estamos a dar. A sua generosidade é muito superior à nossa.”


Fonte:

http://www.cienciadasreligioes.eu/wikipedia/index.php?title=Pequenas_Hist%C3%B3rias_Sufi

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Deleuze e o Tarô







Retirei o excelente texto que se segue do Blog: Cosmos e Consciência.
Clique no link para acessar o texto completo, que possui uma interpretação delueziana para as cartas do tarô, aqui não reproduzida.



Deleuze e o Tarô

Rascunho rumo a um pensar em êxtase

Por: Nelson Job

Em magia, como em religião e em linguística,
são as idéias inconscientes que agem.

Marcel Mauss

A filosofia “deleuziana” se presta a quê? Se presta a pensar em limiar, a pensar com, sem amarras, sem limites, em ressonância. Deleuze dialogou com vários filósofos clássicos, com a física, a biologia, a antropologia, a literatura, o cinema, a pintura, a psicanálise, a química etc. Em um artigo anterior, “Ontologia Onírica”, nos dedicamos a evidenciar as ressonâncias entre a filosofia da diferença (tendo Deleuze como atrator), a física “pós-newtoniana”, o hermetismo e a literatura de ficção científica pré-cyberpunk. Tais relações permitem uma ressonância mais específica: a relação entre os principais conceitos de Deleuze (e da filosofia da diferença) com os arcanos maiores do tarô.

Sobre o tarô, pouco desenvolveremos. As imagens devem falar por si. Existem inúmeros livros sobre tarô, mas nenhum deles vai fornecer o mais relevante: a relação intensiva e intuitiva com as imagens.

Uma filosofia como a de Deleuze ser relacionada com um saber pagão como o hermetismo, e, por conseqüência, com o tarô, não nos surpreende. Deleuze, em seu texto “Nietzsche e São Paulo, D. H. Lawrence e João de Patmos” faz um belo elogio ao paganismo (simbólico), que possui conexões vivas, em detrimento do judaísmo e cristianismo (alegóricos) com seu amor abstrato (dar sem nada tomar) e o Apocalipse já industrial (que, com o seu “Juízo” - pré kantiano - Final, nos desconecta com o cosmos).

O paganismo é uma relação de êxtase com o cosmos, onde a vida é celebrada. Não nos surpreende que um antropólogo como Eduardo Viveiros de Castro, dado a reviravoltas deleuzianas, relacione o seu trabalho etnográfico (que envolve o xamanismo Yawalapíti e Araweté) com o filósofo neo-platônico Plotino, em seu texto “A Floresta de cristal”. Nele, é formulada uma operação que nos é cara: “Seria preciso apenas trocar a metafísica molar e solar do Um neo-platônico pela metafísica da multiplicidade lunar, estelar e molecular indígena”.

Plotino é o primeiro grande filósofo do êxtase (lembrando que "êxtase" significa literalmente "sair de si mesmo"). Francis Yates, em seu brilhante “Giordano Bruno e a Tradição Hermética”, o considera o verdadeiro iniciador histórico do hermetismo. Porfírio, seguidor de Plotino, nos diz que seu mestre sofreu quatro êxtases em que ele sofria tremores e tinha visões, donde os textos das “Enéadas” derivavam-se a partir de tais êxtases. Deleuze celebra o conceito de “contemplação” em Plotino, que já era uma relação onde sujeito e objeto se misturavam.

O autor que Deleuze considera o seu “plano de imanência”, Spinoza, também tinha várias influências místicas (a cabala judaica, por exemplo), como afirma Marilena Chauí em sua máquina do tempo “A Nervura do Real”. Vale lembrar que Bergson, outro grande atrator na obra de Deleuze, possui um livro chamado “A Energia Espiritual”, onde afirmava a telepatia e a vida após a morte. As questões de Deleuze seriam místicas, mas não com essa alcunha: mistura de sujeito e objeto, problematização da atomização do eu, conexão intensiva com a Natureza apenas para sair dela rumo ao inominável: o devir contra-natureza e a criação de Corpo sem Órgãos.

Uma relação do tarô com Deleuze já foi feita, sobretudo enfatizando o seu caráter semiótico, por Inna Semetsky. A nossa abordagem é diferente, relacionando conceitos filosóficos. François Jullien - esse um grande autor cujo conjunto de obra é um extensivo trabalho relacionando a filosofia do Ocidente e o pensamento chinês - em seu livro “Figuras da Imanência”, realizou um ótimo estudo relacionando o “I Ching”, antigo livro oracular chinês, com vários conceitos da filosofia da diferença.

O tarô, como quase tudo relacionado ao conhecimento antigo, tem um passado incerto. Costuma-se afirmar que tenha se originado no Antigo Egito, com o hermetismo. Os jogos de carta começaram a se popularizar na Europa no séc XIV e o tarô mais popular – com o qual lidaremos neste texto – conhecido com o Tarô de Marselha, surgiu no final do séc XV, constituído por 22 arcanos maiores, de sentido mais geral e por 56 arcanos menores.

Jogar tarô é mais e menos que realizar um “oráculo”. Mais do que “dizer o futuro”, o tarô realiza o princípio hermético de correspondência, a saber: tudo o que está em cima é como o que está embaixo. Desse princípio se desenvolve, por exemplo, a astrologia, que é um embrião da astronomia. O princípio hermético da correspondência é o mais profícuo (e popular, daí um texto apenas para ele: “Fractais quânticos monádicos”) de todos, pois possui ressonância com a teoria do caos (fractais), mecânica quântica (“colapso” de onda) e filosofia, já que o conceito leibniziano de mônada, se origina no hermetismo. Então, jogar tarô é ver o presente, grávido de passado e futuro



Fonte:
http://cosmoseconsciencia.blogspot.com/2010/02/deleuze-e-o-taro.html

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cristianismo e xamanismo


The Pharmacratic Inquisition
Gênero: Astrologia e xamanismo
Diretor: Andrew Rutajit
Duração: 1h58 minutos
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês

"O filme argumenta que virtualmente toda a mitologia, simbolismo e a história de Jesus e das tradições Cristãs estão relacionadas a dois assuntos básicos: astrologia e xamanismo. Para aqueles não familiares com as evidências que apóiam esta declaração, este filme pode ser verdadeiramente revolucionário e abrir a mente.

Muito do material do filme está apoiado no trabalho de John Allegro. Allegro foi um dos acadêmicos originalmente escolhidos para traduzir os Pergaminhos do Mar Morto, escritos Católicos antigos, descobertos em Qumran próximo ao Mar Morto no meio do século XX. Diferentemente de seus colegas, Allegro não era comprometido com a Igreja Católica e portanto foi capaz de desenvolver suas próprias teorias e interpretações, livre do dogma Católico. O resultado foi a sugestão radical de que Jesus era um cogumelo psicoativo. Em particular, Allegro argumentou que a mitologia e o simbolismo que rodeiam Jesus Cristo apontam para o cogumelo Amanita muscaria, o icônico cogumelo vermelho e branco tão comum no simbolismo e imagens Cristãs.

O cogumelo Amanita tem papel central no filme e é apresentado como base dos elementos xamânicos no Cristianismo. Existe uma história longa de uso do Amanita entre xamãs do norte europeu e da Sibéria, as próprias culturas de onde se origina a palavra "xamã". Nestas culturas, xamanismo era sinônimo do uso do Amanita e o conhecimento de suas propriedades psicoativas eram bem conhecidos em toda esta região do mundo. Portanto a influência do uso xamânico do Amanita no Cristianismo não deveria necessariamente surpreender, mas o argumento de que Jesus é o Amanita, e não um personagem histórico, é provavelmente surpresa para muitos.

O filme faz uma argumentação convincente para esta conexão entre Jesus e o Amanita, e mesmo com os cogumelos psilocibe, através da apresentação do simbolismo Católico, iconografia e imagens. Quando se olha cuidadosamente para a Igreja Católica, o simbolismo do Amanita parece abundante, das roupas dos Papas e cardinais até afrescos, arcos de passagem e arquitetura de igrejas. Mesmo os mitos, como do Santo Graal, parecem cair na categoria de simbolismo do amanita. Realmente, quando as imagens são apresentadas desta maneira, a comparação com o amanita se torna imediatamente óbvia e difícil de desbancar.

Mesmo Papai Noel recebe o tratamento amanita neste filme. Aqui o elfo bom velhinho é apresentado no contexto do xamanismo do norte europeu, onde, de acordo com a tradição, o xamã secava seus amanitas em um pinheiro e depois visitava os yurts de sua comunidade, entrando pelo buraco para fumaça trazendo de presente para as pessoas cogumelos sagrados. Não é muito estender esta visão para perceber que estes xamãs que passeavam com renas foram o modelo icônico para o velho gordo Noel vestido de vermelho e branco, ele mesmo parecendo muito com o amanita.

O filme apresenta, adicionalmente à influência do xamanismo e de cogumelos psicoativos no Cristianismo, a relação entre astrologia e astronomia com o mito Cristão. Aqui os produtores fornecem argumentos convincentes para a correlação entre o mito Cristão e o céu no Solstício de inverno, incluindo as Eras Zodiacais, demonstrando graficamente como estes contos da estrela brilhante, os três reis, a morte e ressurreição de Jesus todos se encaixam com fatos previamente conhecidos do céu noturno e a mudança das estações.

Por fim, a Inquisição Farmacrática desafia muitos dos pressupostos e crenças que podemos ter sobre o Cristianismo e suas figuras centrais, mostrando evidências provocativas de que as coisas não são como parecem nesta tradição. Se for verdade, a pergunta que vem é: Será que a Igreja Católica ainda usa o amanita secretamente nos confins do Vaticano? Estariam eles realmente escondendo esta verdade fundamental por dois milênios, ou eles mesmos passaram a acreditar nos mitos que foram criados para comunicar e esconder a verdadeira identidade de Jesus Cristo? Assista este filme e tome sua decisão."



quarta-feira, 21 de julho de 2010

Consciência e consciência



(Nota do Editor: usa-se aqui o termo "Consciência" - com letra inicial maiúscula - quando se refere à presença onde não há sentido de " eu". Refere-se à consciência pura e impessoal. O estado original e eterno, além da percepção, do tempo e de qualquer identificação mundana. Usa-se a palavra "consciência" - em minúsculo - quando se refere à sensação de existir, ao sentimento "eu sou" identificado com um objeto, uma entidade, à consciência no nível da percepção manifestada do tempo e do espaço)



Pergunta: Que você faz quando está adormecido?

Maharaj: Tenho consciência de estar adormecido.

P: Não é o sono um estado de inconsciência?

M: Sim, tenho consciência de estar inconsciente.

P: E quando está desperto, ou sonhando?

M: Tenho consciência de estar desperto ou sonhando.

P: Não o entendo. O que quer dizer exatamente? Deixe-me esclarecer meus termos; por adormecido quero dizer inconsciente, por desperto quero dizer consciente, por sonhar quero dizer consciente da mente mas não das cercanias.

M: Bom, é quase o mesmo para mim. Ainda assim, parece que há alguma diferença. Em cada estado, você esquece os outros dois, enquanto que, para mim, apenas há um estado de ser, incluindo e transcendendo os três estados mentais de vigília, do dormir e do sonhar.

P: Você vê um rumo e um propósito no mundo?

M: O mundo não é senão um reflexo de minha imaginação. Posso ver o que quiser. Mas porque eu deveria inventar modelos de criação, evolução e destruição? Não os necessito. O mundo está em mim, o mundo sou eu mesmo. Não o temo e não desejo encerrá-lo em uma imagem mental.

P: Voltando ao dormir. Você sonha?

M: Certamente.

P: Que são os sonhos?

M: Ecos do estado de vigília.

P: E seu sono profundo?

M: A consciência do cérebro está suspensa.

P: Está, então, inconsciente?

M: Inconsciente de minhas cercanias, sim.

P: Não totalmente inconsciente?

M: Permaneço ciente de que estou inconsciente.

P: Você utiliza os termos "cônscio" e "consciente". Não são a mesma coisa?

M: A Consciência é primordial; é o estado original, sem princípio nem fim, sem causa, sem apoio, sem partes, sem mudança. A consciência está em contato, um reflexo contra uma superfície, um estado de dualidade. Não pode haver consciência sem a Consciência, mas pode haver Consciência sem a consciência, como no sono profundo. A Consciência é absoluta, a consciência é relativa a seu conteúdo; a consciência é sempre de alguma coisa. A consciência é parcial, a Consciência é total, imutável, tranqüila e silenciosa. E é a matriz comum de toda experiência.

P: Como se vai além da consciência, até a Consciência?

M: Já que a Consciência é a que faz possível o ser consciente, há Consciência em todo estado de consciência. Portanto, a própria consciência de ser consciente já é um movimento na Consciência. O interesse em sua corrente de consciência o levará à Consciência.
Não é um novo estado. Ele é imediatamente reconhecido como a existência básica, original, que é a própria vida, e também o amor e a alegria.

P: Já que a realidade está sempre conosco, em que consiste a auto-realização?

M: A realização é o oposto da ignorância. Tomar o mundo por real e ao próprio ser por irreal é ignorância, a causa da aflição. Conhecer o ser como a única realidade e todo o restante como temporal e transitório, é liberdade, paz e alegria. Tudo é muito simples. No lugar de ver as coisas como as imaginamos, aprenderá a vê-Ias como são. Quando puder ver as coisas como são, também você se verá como é. É como limpar um espelho. O mesmo espelho que lhe mostra como é o mundo também lhe mostrará sua própria face.
O pensamento "eu sou" é um pano de limpeza. Use-o.




(extraido do livro "EU SOU AQUILO - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" - Editora Advaita)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Nota do Editor sobre o livro Sinais do Absoluto




"Descobrir um novo autor de mérito genuíno é como descobrir um novo planeta ou estrela no espaço infinito do céu. Enquanto escrevo estas linhas, posso imaginar como William Herschel se sentiu quando descobriu Urano.

Ramesh Balsekar, o autor desta obra, é uma nova luz de cintilante esplendor que adornou o firmamento misterioso da literatura esotérica de grande significação, embora totalmente indiferente a seu próprio brilho. Quando, depois de um rápido olhar para uns poucos capítulos de seu manuscrito, o qual me chegou às mãos através de um amigo comum, eu o encontrei e lhe falei sobre quão gratamente impressionado eu estava, ele me fixou um olhar vazio. Eu não sou o autor, ele disse, e o que escrevi não é para publicação, mas para minha clara compreensão dos ensinamentos do meu mestre, para minha orientação e para minha própria satisfação. Foi difícil convencê-lo de que o que ele havia escrito para sua satisfação poderia ser proveitoso para milhares de outros se fosse publicado como um livro. Ele escutou-me sem responder – um enigmático sorriso nos lábios, com atitude afável, mas totalmente neutra.

Aparentando sessenta anos e muito bem conservado para sua idade, Balsekar tem tez branca, sendo bastante gentil e amigável, mas taciturno por natureza. Quando decide falar, fala com uma circunspecção e distanciamento próprio de um presidente de banco conversando com um solicitante de crédito. Mais tarde, senti-me muito intrigado ao saber que ele realmente tinha sido um banqueiro e que tinha se aposentado como o mais alto executivo de um dos principais bancos da Índia.

Evidentemente, como um solicitante de crédito, fui uma pessoa bastante tenaz, pois fui bem sucedido em tomar emprestado de Balsekar o seu manuscrito por uns poucos dias, para minha iluminação pessoal como um admirador dos ensinamentos de Maharaj. E, quando eu o li, achei-o muito além de minhas melhores expectativas. Não perdi tempo em chamá-lo e a lhe oferecer a publicação da obra. Depois de um breve silêncio, e despreocupadamente, ele abanou a cabeça, expressando seu consentimento.

Li novamente todo o manuscrito, muito cuidadosamente, como um leitor profundamente interessando, mantendo à margem minhas inclinações editoriais. E, enquanto o lia, experimentei em um flash, momentaneamente, minha verdadeira identidade como algo distinto do que penso ser, ou do que pareço ser. Nunca havia tido tal experiência antes. Uns poucos anos atrás, quando tive a boa sorte de editar e publicar as conversações de Nisargadatta Maharaj, Eu Sou Aquilo, senti o impacto de sua originalidade criativa e raciocínio socrático, mas não tive sequer um fugaz lampejo da Verdade ou Realidade ou de minha verdadeira entidade, como agora. E isto porque Balsekar em seus escritos não repete meramente as palavras de Maharaj, mas as interpreta com grande discernimento e lucidez, e um profundo entendimento. Ele escreve com um poder e uma autoridade intrínseca oriunda do próprio Maharaj, por assim dizer. Ele não argumenta; ele anuncia. Suas afirmações são da natureza dos pronunciamentos em nome do Mestre.

Eu nunca fui um visitante regular de Maharaj, mas ouvi suas conversas com bastante freqüência, sempre que minhas ocupações me permitiam um tempo livre. Um dedicado devoto de Maharaj, chamado Saumitra Mullarpattan, que é igualmente bem versado em Marathi e inglês, atuava como intérprete. Em um par de ocasiões, contudo, encontrei uma pessoa desconhecida traduzindo, e fiquei impressionado pelo tom competente com que comunicava as respostas de Maharaj a seus inquiridores. Ele sentava com os olhos fechados e transmitia as sábias palavras de Maharaj com a determinação característica do Mestre. Era como se o próprio Maharaj estivesse falando em inglês, para variar.

Quando perguntei, disseram-me que o tradutor era um devoto novo de Maharaj, chamado Balsekar. No fim da sessão, quando os presentes se dispersavam, apresentei-me a ele e o elogiei por sua excelente tradução das palavras do Mestre. Mas ele mostrou-se impassível, como se nada tivesse ouvido. Surpreendido por sua atitude intratável, afastei-me e nunca voltei a pensar nele até que o encontrei recentemente tendo como motivo este livro. E, agora, compreendi quão deploravelmente errado estava ao formar minha opinião sobre ele. Devia ter-me ocorrido que ele vivia em um diferente nível de existência, o qual estava fora do alcance de elogio ou crítica. Eu devia ter entendido que ele estava em união com o Mestre e nada mais o interessava. E isto é provado por seu presente trabalho no qual encontrei a presença de Maharaj em cada página – sua agilidade mental excepcional, suas conclusões rigorosamente lógicas, seu pensamento total, sua completa identidade com a unidade que aparece na diversidade.



Sri Nisargadatta Maharaj e Ramesh Balsekar



É interessante notar que em seu Prefácio ao livro, Balsekar quase negou sua autoria. Ele disse que o material que apareceu neste volume surgiu espontaneamente, ditado, em um frenesi que sobrecarregou seu ser, por um poder compulsivo que não podia ser negado. Eu acredito no que ele falou. E estou inclinado a pensar que o leitor estará de acordo comigo, conforme avançar na leitura. Não há nada neste trabalho que possa ser tomado como projeção do próprio autor, nenhuma improvisação, nenhuma citação erudita das escrituras; não há nenhum adorno de qualquer tipo tomado emprestado. Os pensamentos apresentados por Balsekar levam a assinatura silenciosa do Mestre. Eles parecem vir de um conhecimento luminoso, de uma exaltação da glória da Verdade que preenche seu interior.

Esta obra, intitulada SINAIS DO ABSOLUTO, é o próprio Maharaj, de modo completo. É, sem dúvida, um tipo de curso de pós-graduação para o leitor que já absorveu o que é oferecido em EU SOU AQUILO. Ela compreende os ensinamentos finais e mais sublimes do Mestre e vai muito além do que ele havia ensinado nos anos anteriores. Eu arriscaria dizer que não pode existir nenhum conhecimento mais elevado do que o que este livro contém. Também arrisco dizer que ninguém, exceto Balsekar, poderia ter exposto este conhecimento, pois nenhum daqueles que estiveram próximos do Maharaj entenderam seu ensinamento tão profundamente como ele.

Alguns dos devotos de Maharaj que conheço assistiram a suas conversas por vinte anos ou mais e, no entanto, suas mentes não mudaram, e eles continuam as mesmas entidades que eram duas décadas atrás. A associação pessoal de Balsekar com Maharaj, por outro lado, estendeu-se por apenas três anos. Mas, tais associações não devem ser medidas no tempo, se pudessem ser medidas de alguma forma. O que é mais importante que a duração da associação é o tipo especial de receptividade que é o forte de Balsekar. Não tenho dúvidas de que o manto de Maharaj tenha caído sobre seus ombros. Na falta de uma expressão melhor, eu diria que Balsekar é o alter ego vivo de Maharaj, embora ele não tenha nenhuma inclinação para desempenhar o papel de um mestre. Que ele está saturado com a Jnana passada pelo Mestre é mais do que evidente por este livro. Todavia, quero atrair a atenção particular do leitor para este artigo especial, “A Essência do Ensinamento”, o qual expõe, em todas as suas facetas, a filosofia única de Maharaj (Apêndice 1) assim como sua nota sobre o desconcertantemente difícil tema da consciência (Apêndice 2). Nenhum leitor deve deixar de ler.

Antes de terminar, posso também relatar um divertido incidente no qual o editor em mim teve um choque com o autor em Balsekar. Sua distância e indiferença sempre me irritaram. Ele obteve a graduação da Universidade de Londres e tinha um bom domínio da língua inglesa. Dificilmente poderia encontrar alguma falha em sua linguagem. Ainda assim eu tentei melhorar sua dicção e expressão aqui e lá, como um editor deve fazer! Ele reparou nos melhoramentos não solicitados e permaneceu quieto, com sua habitual indiferença. Então ficou claro que ele tinha feito de seu silêncio uma virtude, exatamente como eu havia feito com minha verbosidade. Éramos antípodas, senti. Ansiando por um entendimento com ele, queria retirá-lo de sua casca, de qualquer modo. E achei por acaso um artifício. Ataquei sua exposição de um dos aspectos do ensinamento de Maharaj (embora realmente concordasse com ele), e ele explodiu repentinamente. Seu contra-ataque foi devastador e eu me alegrei com a quebra da casca, finalmente. Ele, contudo, rapidamente acalmou-se quando concordei com ele sem muita discussão. E seus olhos irradiavam amizade. As habituais circunspecção e distância desapareceram, dando lugar a uma nova intimidade entre nós. Depois daquilo, nós trabalhamos juntos no livro; de fato, ele me permitiu todas as liberdades com seu manuscrito e nunca se incomodou em olhar os acréscimos e alterações que escolhi fazer. Desenvolvemos um necessário entendimento entre nós, o qual, sem dúvida, apreciei muito. Ele passou os olhos casualmente na cópia final, antes que fosse para a gráfica, e parecia estar totalmente feliz com isto.

Perguntei a ele se iria escrever para nós outro livro sobre os ensinamentos do Mestre. Ele sorriu levemente e talvez houvesse um imperceptível abanar de sua cabeça."

Sudhakar S. Dikshit - Editor

Mumbai
Março, 1982


"Sinais do Absoluto"



Fonte:

http://editoraadvaita.blogspot.com/

sábado, 10 de julho de 2010

EXPERIÊNCIAS FORA DO CORPO DURANTE A ATIVAÇÃO DOS CHACRAS



Por Hiroshi Motoyama -


O DESPERTAR DO CHAKRA ANAHATA

Embora tivesse tido problemas digestivos (1), nunca senti nenhum incomodo relacionado com o coração. Entretanto, depois de aproximadamente dois anos após ter iniciado a Ioga, comecei a sentir um tipo de dor no ponto onde a linha que liga os dois mamilos se cruza com a mediana (o ponto Danchu do meridiano do vaso da concepção, Shanchung, VC 17) e meu coração parecia estar funcionando de modo irregular. Porém, em lugar de me sentir doente, estava saudável, muito ativo e necessitava de pouco descanso.

Nesta época, como de costume durante o período mais rigoroso do inverno, praticava o tradicional ascetismo aquático. Levantava-me de madrugada, ia para o lado de fora da casa e derramava água gelada sobre o corpo seminu, durante aproximadamente uma hora. Enquanto fazia isso, minha mãe ficava do meu lado, rezando por mim.

Certa manhã, aconteceu o seguinte: senti um tipo de energia quente elevar-se de meu cóccix para o coração, através da espinha dorsal. Percebi que meu tórax estava muito quente e vi brilhar em meu coração uma luz dourada. A água gelada se esquentava com esse calor e da superfície de meu corpo saía vapor; porém, eu não sentia frio. Quando a kundalini (2) subiu de meu coração para o alto da cabeça, ela tornou-se uma luz branca radiante. Deixei meu corpo e elevei-me juntamente com ela, para uma dimensão muito mais elevada. Meu corpo físico ficou imóvel, exposto ao vento frio do mundo terreno; havia me esquecido dele. Estava meio inconsciente, porém ainda podia perceber que estava nos céus e adorava o Divino. Quando voltei a mim dez ou vinte minutos depois, minha mãe me disse que havia visto uma luz dourada brilhar no alto de minha cabeça e em meu coração. Creio que esta experiência ocorreu no momento em que se ativou meu chakra anahata (chacra cardíaco, na região peitoral).


O DESPERTAR DO CHAKRA SAHASRARA

Uma das práticas que executei regularmente em meu programa inicial de disciplina foi a taoísta chamada Shoshuten. Esse método purifica o sushumna (canal central da coluna) através da circulação de energia na parte superior do corpo, o que se consegue com a elevação da kundalini pelo sushumna até o alto da cabeça e depois deixando-a fluir para o chakra ajna (chacra frontal) durante a inspiração. Em seguida, prende-se a respiração por dois ou três segundos, conservando a energia neste chakra. Depois ele é deixado fluir para o chakra svadhishthana (chacra sexual) através da linha mediana frontal, sendo conservado ali simplesmente prendendo-se mais uma vez a respiração por dois ou três segundos. Deve-se manter, então, a circulação da energia através do sushumna, partindo do muladhara (chacra da base da coluna) até o alto da cabeça e depois de volta ao muladhara, por diversas vezes.

Enquanto executava o Shoshuten, eu podia ver o interior do sushumna (3), o sahasrara (chacra coronário, situado no meio da alto da cabeça) e dois ou três outros chakras brilhando. Depois de praticar Ioga de seis meses a um ano, uma luz dourada brilhante começou a entrar e sair de meu corpo pelo alto da cabeça, e senti como se este ponto tivesse se alongado de dez a vinte centímetros. Na dimensão astral, não na física, notei um vulto que parecia a cabeça de Buda, brilhando nas cores violeta e azul, apoiado em cima de minha própria cabeça. Havia uma luz dourada-clara que entrava e saía pelo alto da coroa de Buda. Fui gradualmente perdendo a sensação do meu corpo, porém continuava com a perfeita percepção de consciência, e também de superconsciência. Pude ver meu próprio espírito elevando-se, saindo de meu corpo pelo alto da cabeça, a fim de ser revigorado nos Céus.

Tornei-me capaz de ouvir uma Voz poderosa, mas muito tema, ressoar pelo Universo. Enquanto escutava essa Voz, compreendi espontaneamente minha missão, minhas vidas anteriores, meu próprio estado de espírito, e muitas outras coisas. Em seguida, senti um estado de fato indescritível; toda minha existência espiritual ficou corno que inteiramente imersa numa serenidade extraordinária. Após algum tempo, senti que era imperativo voltar ao mundo físico. Retomei pelo mesmo caminho, entrando pelo portão no alto de minha cabeça. Tive de inundar conscientemente todo o corpo com a energia espiritual, pois ele estava enregelado e todas as extremidades paralisadas. Afinal, consegui mover mãos e pés, e gradualmente fui retomando ao estado normal.

Isso aconteceu depois de menos de um ano de prática iogue. Durante os dois anos seguintes, os chakras vishuddhi (chacra laríngeo) e anahata (chacra cardíaco) foram ativados. Meus chakras svadhishthana (sexual), manipura (chacra umbilical) e sahasrara, conforme mencionei antes, foram os primeiros a serem ativados.

Depois de ativar o chakra sahasrara, meu corpo astral tomou-se capaz de sair livremente pelo Portão de Brahman (4). Isso me permitiu observar o mundo exterior durante a meditação.

(Texto extraído do livro “Teoria dos Chacras” – Hiroshi Motoyama – Editora Pensamento)

- Comentários de Wagner Borges:

O livro "Teoria dos Chacras", do pesquisador japonês Hiroshi Motoyama é uma das principais obras sobre o estudo dos chacras dentro do contexto iogue. Uma das partes essenciais do seu livro é quando ele narra as repercussões da ativação dos chacras dentro de sua prática iogue. E com isso, ele também relata as projeções da consciência que ocorriam com ele durante o processo de ativação energética.

Baseado nas narrativas projetivas dele, e de outros iogues ao longo da História, pode-se dizer que seguramente há estreita relação dos processos energéticos dos chacras com as saídas do corpo. Por esse motivo, e evidenciando tal correlação bioenergética com as projeções, é que selecionei esses dois relatos projetivos iogues para esse envio de texto pelo site.

1. O autor se refere a alguns problemas digestivos ocorridos com ele enquanto atendia a pessoas doentes e assediadas espiritualmente. Nesse ocasião, o seu chacra umbilical foi afetado seriamente pela ação das energias pesadas dos obsessores que assediavam às pessoas que ele estava atendendo. Isso chegou a prejudicar as suas saídas do corpo por um tempo, já que ele se deparava com severos ataques extrafísicos e não sabia lidar espiritualmente com isso.

Numa da partes do seu livro ele explica como isso acontecia com ele: "Há aproximadamente treze anos (1967), dezessete anos após ter-me iniciado na ioga, minha mãe ficou doente. Substituindo-a, dei consultas espirituais aos membros do Tamamitsu Shrine durante uns três anos. A princípio, era capaz de deixar meu corpo, através do chakra sahasrara, durante a meditação para entrar num estado de união divina ou superior. Contudo, depois de uns seis meses de ter dado início àquelas consultas, apareciam espíritos diante de meu chakra manipura ou ajna quando eu me concentrava, isso me obrigava a negociar com eles constantemente. Era incapaz de passar por eles e deixar meu corpo através do chakra sahasrara para alcançar aquela união – uma situação que continuou por dois ou três anos. Apesar de não ter mais ficado doente depois de começar a praticar a ioga, meu estômago passou a abalar-se com facilidade e comecei a sentir-me freqüentemente cansado."

2. Kundalini (do sânscrito): Kundalini significa literalmente "enroscada". Esse nome deve-se ao seu movimento ondulatório que lembra o movimento de uma serpente. Daí a expressão esotérica "fogo serpentino". Ela também é chamada pelos iogues de "Shakti" (do sânscrito): a força divina aninhada na base da coluna (chacra básico).

Kundalini nada tem a ver com o sexo diretamente, muito embora seja a energia que ativa e vitaliza a sexualidade. Devido a prática de exercícios tântricos que envolvem a contenção do orgasmo, quando esse conhecimento chegou ao Ocidente foi logo desvirtuado. Hoje, esse tema surge associado a rituais e posturas sexuais aqui no Ocidente. No entanto, o despertar da kundalini é um processo puramente espiritual e energético em essência. Envolve a ativação dos chacras, principalmente do chacra cardíaco, que equilibra e distribui corretamente o fluxo ascendente da shakti ao longo dos nádis.

3. Os nádis são os condutos sutis de transporte de energia pelo sistema. Há milhares deles interligando vibracionalmente vários pontos energéticos no corpo sutil. Estão correlacionados com os mesmos pontos no corpo denso. Contudo, apenas dez deles é que são de grande importância na ativação dos chacras e da kundalini. E desses, são três os principais: Ida, Píngala e Sushumna.
Esses nádis são importantes porque correm ao longo do duplo etérico da coluna, onde estão situadas as raízes dos chacras principais.

4. Portão de Brahman (do sânscrito "Brahmarandra"): Trata-se de uma abertura sutil situada no centro do chacra coronário. Dentro do Hinduísmo se considera essa abertura como a passagem sutil do espírito, ligada ao centro cardíaco em linha reta por dentro do canal central da coluna vertebral. É por isso que muitos iogues narram saídas do corpo pelo alto da cabeça, principalmente nos momentos de ativação de alguns chacras, ou mesmo no despertar da Kundalini.



Fonte:

http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2353&catid=31&Itemid=57