A crítica ao fetichismo somente pode ser pensada dentro da reflexão sobre a linguagem. Ou, seja, para Debord, ambas as reflexões são uma só, o que implica dizer que a reificação se dá dentro e a partir dos mecanismos da linguagem. O espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupa integralmente a vida social e pode ser entendido como o contrário do diálogo (do "antagonismo", na acepção de Zizek - podemos estabelecer aqui também um diálogo com Habermas). Debord afasta-se, entretanto, das vanguardas artísticas, na medida em que, para ele, o inconsciente no pós-modernismo, perde a negatividade (conforme Jameson, "inconsciente colonizado")."
Daí a necessidade de se proceder à "elaboração consciente do desejo" e de um novo horizonte com base no qual a crítica da reificação precisa ser feita: uma nova linguagem comum, o diálogo nprático, uma nova comunicação." (in Reificação e Linguagem em Guy Debord - João Emiliano Fortaleza de Aquino)
A superação do fetichismo, da reificação e da alienação tem como pressuposto a recuperação do "jogo criativo e prático da comunicação e do diálogo" que tem no espetáculo seu antagonista mais acabado.
Debord também pensa a Sociedade do Espetáculo como aquela que põe fim à linearidade do tempo e à noção de progresso, que ele localiza ter sido fundada, dentro do Ocidente, na Grécia antiga. Se as sociedades agrícolas eram regidas pela noção de tempo cíclico, os "senhores de Atenas" promoveram uma ruptura, pois, assumindo o poder e tomando para si seus próprios destinos - o que pressupõe uma vida autônoma e fundada no diálogo - puderam pensar suas prórpias histórias (individuais e coletiva). Portanto, Debord considera que a própria noção de história finca sua raízes na possibilidade do diálogo. E é nesse sentido que o espetáculo inaugura um pseudo-tempo cíclico (fim da história, fim da política, percepção de que nada vai mudar etc.).
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