quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Reconhecendo o Ser


Mooji, você poderia explicar a auto-inquirição? Como de fato eu começo?

Comece assim: "Eu sou" - Este é o reconhecimento e o conhecimento mais natural. O sentimento de existir é espontaneamente sentido em você como "eu sou". Ninguém lhe ensinou isto. Esteja consciente desta simples intuição sem associá-la a outros pensamentos. Sinta como é estar simplesmente presente, neste instante, sem se agarrar a qualquer intenção. Não toque em nenhum pensamento de estar fazendo algo especial. Mantenha-se interiormente quieto. Se, de repente, uma onda de pensamentos vier, não entre em pânico.

Não é preciso controlá-los ou suprimi-los - simplesmente deixe-os brincar sem o seu envolvimento.


Observe com desapego. Permaneça vazio de intenção.


Mantenha-se em silêncio.


Imagine que você está parado em uma plataforma na estação do trem. Um a um os trens vêm, param, as portas se abrem, as portas se fecham, eles continuam. Você não precisa entrar. Desta forma, apenas observe a atividade do pensamento aparecendo na tela da consciência sem se conectar a ela. Não se envolva. Você perceberá que os pensamentos e as sensações se movem por si sós, sem serem forçados. Permaneça neutro. Esteja com a Pura Consciência sendo a própria Pura Consciência. Sinta a respiração movendo-se sem esforço, sem nenhuma vontade ou dificuldade.


Observe os sentidos funcionando, o sentido de fora ou dentro, qualquer movimento simplesmente "acontecendo" por si só, sem planos ou esforço.


O que quer que surja como pensamento, sentimento, movimento ou sensação é silenciosamente observado, só que agora existe menos interesse, menos atração. Tudo está surgindo; o seu ser não é estimulado. Tudo isso é gentilmente observado. Agora, até mesmo o sentimento de ser - o sentimento "eu sou" - está dentro desta Pura Consciência. Não faça esforço maior do que é exigido. Você está aqui. Aquilo, que não está fazendo ou desfazendo, nem dirigindo a atividade, nem sendo afetado por ela, que está naturalmente consciente, embora sem interesse: isto é o seu verdadeiro Ser.


Não está atrás ou na frente, nem em cima nem embaixo - porque não é um fenômeno. É o Ser sem localidade, sem nascimento, sem limites.


Agora, observe o observador: "Quem sou eu?" Investigue internamente, mas se mantenha quieto com uma atenção alerta. Não deduza nenhuma resposta ou indício; uma resposta seria - e apenas poderia ser - uma opinião, uma ideia de outro conceito. Não se amarre a nenhum conceito. Retire a atenção dos objetos e direcione-a para o sujeito que vê. O que é e onde está o observador? Permaneça silencioso e neutro. A observação deve estar agora mais focada.


Agora, observe novamente o sentimento "eu sou". O que é "eu"? De onde ele surge? Observe. O que você encontra?



Não pode ser encontrado. Não existe.



Não pode ser encontrado objetivamente. No entanto, a intuição ou sentimento "eu" continua presente. É o fato de o "eu" não ser encontrado que prova sua existência não-objetiva. O "eu", ou "eu sou", é descoberto como sendo sem forma; uma intuição surgindo do vazio, no vazio, e como o vazio. Sem uma investigação focada, o "eu" parece ser uma entidade contida em um corpo e em uma mente condicionada. Quando se busca o "eu" como uma forma, descobre-se que ele é meramente um pensamento; a forma do "eu" é pensamento. Sem forma, o "eu" surge do vazio como a sensação intuitiva da "presença" subjetiva.


Agora, esse "eu" é percebido como sendo presença sem forma. O que reconhece isto? Isto possui uma forma?


Investigue assim.


Obrigado, Mooji.



Você é muito bem-vindo.






(extraído do livro: Antes do Eu Sou - Diálogos com Mooji - O Reconhecimento do Nosso Ser Original" - Ed. Qualitymark)







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