quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um cérebro artificial em 10 anos ?


Um cérebro humano artificial ‘poderá ser construído’ em dez anos


Um abuso da linguagem corrente nomeia erradamente de “cérebros eletrônicos” o conteúdo dos nossos computadores e os chips dos nossos aparelhos eletrônicos. Salvo que nenhum desses dispositivos tem a arquitetura ou as funções de um verdadeiro cérebro. Desde 2005, entretanto, um enorme projeto de simulação em computadores, chamado de “Blue Brain Project” (Projeto Cérebro Azul), persegue o objetivo de construir, em dez anos, o primeiro “verdadeiro” cérebro eletrônico.

A reportagem é de Jean-Michel Bader e está publicada no jornal francês Le Figaro, 31-07-2009. A tradução é do Cepat.

Como lembrou no dia 24 de julho último Henry Markram, da Escola Federal Politécnica de Lausanne, na Suíça, e diretor do projeto, na Conferência Acadêmica Global TED, na cidade de Oxford, na Inglaterra, trata-se mais exatamente de simular a arquitetura e o funcionamento do neocórtex dos mamíferos com a ajuda de um supercomputador IBM da família Blue Gene, o terceiro supercomputador mais veloz (136 teraflops) do mundo. Essas máquinas podem efetuar simultaneamente trilhões de operações por segundo.

O Blue Gene é capaz de analisar em tempo real tanto os sinais radioastronômicos no contexto de pesquisas sobre a origem do universo, como simular, sempre em tempo real, a disposição das proteínas. Performances que fazem dele um bom candidato para modelar o cérebro.

Os pesquisadores se concentraram sobre uma coluna do córtex dos mamíferos. Dito de outra maneira, unidade funcional que empilha verticalmente 10.000 neurônios de mais de 200 tipos genéticos diferentes. Foi preciso, para alimentar o modelo, utilizar os dados de mais de 15.000 experiências individuais efetuadas em laboratórios do mundo inteiro sobre neurônios em cultura.

Com esses dados, a equipe de Markram criou no Blue Gene uma coluna virtual de neurônios corticais onde são imitados a arquitetura, a morfologia e o funcionamento de uma rede de 10.000 células em três dimensões. O equivalente a um laptop é necessário para efetuar os cálculos e a simulação de um único desses neurônios, razão pela qual o Blue Gene, e seus 10.000 computadores foram escolhidos.

Esse é apenas o começo, mas a fase 1 da experiência acaba de ser concluída: o modelo “vive” na máquina. Os pesquisadores apresentaram a esse cérebro in silico imagens e mediram a sua atividade elétrica de resposta: “Você estimula o sistema, e ele cria a sua própria representação” a partir desta simulação inicial, explicou Henry Markram. O objetivo final desta primeira fase é extrair esta representação e observá-la para ver como o cérebro percebe o mundo.

Não basta conhecer, descrever e imitar todas as regras que regem as comunicações entre as células nervosas. A equipe de Lausanne quer descer ainda mais profundamente em cada célula, ao nível molecular das estruturas e das trocas!

Markram lembra que o neocórtex que apareceu na espécie humana “é, na realidade, um novo cérebro. Os grandes mamíferos tinham necessidade de um instrumento cognitivo para a educação de sua prole, para as interações entres os membros da tribo, e para as funções superiores”, como as emoções ou a reflexão. “Isso teve um tal sucesso na evolução que o tamanho desse córtex foi rapidamente multiplicado por mil”.

O projeto é faraônico: hoje, uma única coluna de córtex é reproduzida na máquina da IBM. O nosso córtex contém em torno de um milhão dessas unidades funcionais. Para estudar um cérebro completo, será preciso inventar uma máquina um milhão de vezes mais potente que o Blue Gene. Esta ferramenta poderia servir para compreender e tratar as doenças mentais ou, se as diferenças entre as espécies forem elucidadas, para dialogar com os animais...

Os robôs inteligentes revelam velhos medos


O desenvolvimento de tecnologias cada vez mais aperfeiçoadas leva os cientistas a se perguntar: o que poderá acontecer se elas saírem do nosso controle?

A reportagem é de Jean-Michel Bader e está publicada no jornal francês Le Figaro, 31-07-2009. A tradução é do Cepat.

Em julho, a Associação para o Avanço da Inteligência Artificial tornou público o conteúdo de uma reunião secreta que aconteceu em fevereiro passado em Asimolar, na Califórnia. Cientistas especializados em computadores, pesquisadores nas áreas da robótica e da inteligência artificial estão preocupados com os avanços de sua ciência, e solicitaram um enquadramento estrito das pesquisas que, mais cedo ou mais tarde, poderiam resultar na perda de controle do homem sobre as máquinas.

Os fantasmas da ficção científica, dos “prometeus robóticos” ou das inteligências artificiais demoníacas que sonham em se libertar de seus mestres humanos, nascidos nos anos 1950 com os romances de Isaac Asimov, foram com frequência tratados no cinema: desde 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968), em que o computador HAL 9000 mata os astronautas, até Terminator, de James Cameron (1986), no qual a rede eletrônica Skynet detonou uma guerra impiedosa contra a humanidade. E muitos outros.

Atualmente, o que os cientistas temem é menos um complô dos computadores ou a geração espontânea de superinteligências nascidas da internet, do que a perda de controle de drones [aeronaves não tripuladas de finalidade estratégica militar] equipados com armas, capazes de atirar automaticamente, e de trocar de alvo sem aviso prévio! Há também o risco de desvio por parte de criminosos de consequências da inteligência artificial como os sintetizadores de voz humana. Outras ameaças decorrentes do seu emprego, como os veículos sem piloto, os robôs domésticos ou a secretária eletrônica, estão às nossas portas. A profecia do matemático inglês Jack Good, que previa uma explosão da inteligência das máquinas capazes de criar outras mais inteligentes ainda, remonta a 1965.






Fontes:



Um comentário:

lalb disse...

Consegui colocar os quadrinhos!

http://epifenomenos.blogspot.com/2009/08/curiosidade-matou-o-gato.html

hehe. mandei pra Célia tbm.

Bjos