terça-feira, 25 de agosto de 2020
Quando a Democracia não se encaixa na Justiça
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
A direita sempre precisa dobrar a aposta
Órfãos do pós-modernismo, os adeptos dessa direita se vêem numa contingência difícil. Não é à tôa que sua percepção do jogo social se assemelha a uma guerra.
Pois por serem conservadores, se vêem na difícil situação de defender o indefensável. A realidade está sempre em mutação. Ser conservador num mundo em transformação...É uma guerra !
Enfim, por defenderem o indefensável, optaram por seguir uma nova estratégia: se tudo são discursos, se não há mais referências, utopias ou grandes narrativas, vamos para a DISTOPIA !
E assim, de conservadores tornaram-se revolucionários reacionários.
Para conservar o " inconservável ", tiveram que elaborar realidades paralelas, mentiras atrás de mentiras. Fatos alternativos. Meia verdades associadas a mentiras deslavadas. Teorias conspiratórias.
É como andar numa corda bamba, você tem que manter o movimento, senão cai ! A mentira tem perna curta e assim, quando uma verdade alternativa cai, outra já deve estar em cena e assim sucessivamente.
O reacionário moderno tem que ser uma usina de novas mentiras funcionando a todo vapor !
Ora, quando cai um inimigo imaginário, outro já tem que estar pronto, saindo do forno, para manter o circo funcionando. E quanto maior e mais poderoso for o inimigo, melhor ! Nesse ponto George Orwell nos ensinou tudo !
Sempre foi assim. Hitler não precisou de uma guerra para manter em funcionamento sua máquina de mentiras ?
sábado, 22 de agosto de 2020
Alvo de delegado da PF, Sleeping Giants vai à fonte para minar financiamento de Olavo de Carvalho
A matéria abaixo, publicada na edição brasileira do El País, é de autoria do jornalista Breiller Pires
Incômodo para o bolsonarismo,
perfil foi investigado, mas inquérito acabou arquivado pela Justiça. Movimento
trava agora batalha contra patrocínio digital do mentor da família presidencial
São Paulo - 18 AGO 2020
“Desmonetizar” é um verbo que passou a frequentar o vocabulário do debate político desde que o Sleeping Giants, movimento que expõe empresas que financiam sites de extrema direita e notícias falsas por meio de anúncios, chegou ao Brasil há exatos três meses, provocando incômodo em setores influentes bolsonaristas e motivando até um breve e controverso inquérito da Polícia Federal, cuja existência foi revelada nesta terça-feira pelo The Intercept Brasil. Na Internet, o conceito de desmonetização significa tirar dinheiro de propaganda automática das páginas, mas, para o perfil que alerta anunciantes sobre publicidade em espaços de desinformação, a palavra tem representado a ação mais efetiva para desidratar redes disseminadoras de ódio e mentira, a exemplo da encabeçada pelo maior guru do Governo Bolsonaro, Olavo de Carvalho.
Terceiro alvo da versão brasileira do Sleeping Giants, o site Brasil Sem Medo foi criado no fim do ano passado pelo escritor, mentor intelectual do bolsonarismo, definindo-se como “o maior jornal conservador do país”. Em março, quando a pandemia de covid-19 já havia matado 30 pessoas no Brasil, com base nos dados oficiais divulgados na época, o portal teve um vídeo retirado do ar pelo YouTube em que Olavo afirmava que “não tem um único caso confirmado de morte por coronavírus. Essa epidemia simplesmente não existe.” De linha editorial pró-Governo, o site endossa a narrativa bolsonarista e insiste em relativizar as mortes pela doença. Na semana passada, repercutiu a interpretação deturpada do tabloide sensacionalista Daily Mail a respeito de um relatório do Governo britânico, também difundida pelo presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que o confinamento teria matado duas de cada três pessoas que morreram por coronavírus —na verdade, o levantamento ressalta que as medidas de isolamento social no Reino Unido salvaram mais de meio milhão de vidas.
No início de junho, o Sleeping Giants iniciou uma campanha para desmonetizar o Brasil Sem Medo por “utilizar constantemente notícias falsas, discursos odiosos e teorias conspiratórias”, além de “promover o ‘anticientificismo’ em plena crise de saúde pública”. Não bastasse a cobrança aos anunciantes pela retirada de propaganda automática, o perfil adotou a estratégia de “ir direto na fonte” ao alvejar empresas fornecedoras da tecnologia de pagamentos ao site, que cobra 290 reais pelo plano de assinatura anual. Em um primeiro momento, a Hotmart, utilizada como sistema de venda online das assinaturas, hesitou em parar de prestar o serviço ao portal. “Não somos a instância julgadora de fake news da Internet”, justificou em nota João Pedro Resende, CEO da empresa.
Já em 7 de julho, a Hotmart divulgou comunicado informando sobre a decisão de descontinuar o oferecimento de sua tecnologia à categoria de produtos jornalísticos e periódicos de cunho político, “independentemente da ideologia”. A empresa prometeu informar aos clientes afetados e interromper as vendas em no máximo 30 dias. Porém, o Brasil Sem Medo seguiu utilizando até a semana passada o sistema —já bloqueado pela Hotmart— para a comercialização de assinaturas, que, segundo cálculos do Sleeping Giants, rendem aproximadamente 236.000 reais por mês ao portal. O novo sistema operado pelo site não identifica o provedor do serviço.
Outra tática de desmonetização da máquina olavista empregada pelo Sleeping Giants foi expor PayPal e PagSeguro, plataformas que promovem a venda dos cursos online de Olavo de Carvalho e arrecadam doações para o ideólogo bolsonarista. Após mais de um mês de reivindicações pela interrupção do serviço, a norte-americana PayPal bloqueou a conta de arrecadação de Olavo, reiterando “o compromisso de revisar diligentemente qualquer usuário que não se enquadre nas políticas de uso”. Por outro lado, a brasileira PagSeguro, pertencente ao grupo UOL, resiste em suspender as transações eletrônicas remetidas ao filósofo, ainda que o Sleeping Giants sinalize violação dos termos de uso da plataforma por parte do usuário, como “propagar mensagem ou material que incite à violência ou ao ódio”.
“Reforçamos nosso compromisso transparente
e ético em não compactuar com a disseminação de ódio, fake news ou qualquer
tipo de discriminação”, manifesta o PagSeguro ao dizer que há impedimento legal
para bloquear Olavo. “Por lei, instituições de pagamentos devem garantir acesso
não discriminatório aos seus serviços e liberdade de escolha dos usuários
finais.” Para uma corrente de especialistas em direito comercial, entretanto,
empresas não atentam contra a Constituição ao deixar de prestar serviço a
propagadores de notícias falsas. “Isso pode ser entendido como uma forma de
compliance empresarial para observância de política corporativa de respeito aos
direitos humanos”, argumentou Vladimir Aras, mestre em direito público e
procurador do Ministério Público Federal (MPF).
Indignado com o bloqueio do PayPal, Olavo de Carvalho chama de “censura do comunismo” a campanha para desidratar o financiamento do site. “Usam a palavra desinformação para designar qualquer erro acidental ou imprecisão”, disse o filósofo em uma live do Brasil Sem Medo. “Não mostraram nenhuma fake news minha.” Em sua pregação contra ideais progressistas aos quais se refere como “doutrinação comunista”, Olavo já associou a pedofilia ao “movimento gay” e, recentemente, rogou pena de morte ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news no STF que mira influenciadores e parlamentares bolsonaristas.
De acordo com o último balanço do Sleeping Giants, mais de 270 empresas atenderam à solicitação para bloquear a monetização em mídia programática, sistema de anúncios automáticos do Google, no site Brasil Sem Medo. Em três meses de atuação, a versão brasileira do movimento calcula ter ajudado a desmonetizar cerca de 1 milhão de reais de páginas e canais ligados à extrema direita, incluindo campanhas de crowdfunding (financiamento coletivo) paralisadas por plataformas que aderiram aos apelos do perfil. “Temos muito a agradecer a todos os seguidores que se engajam diariamente em nossa luta, cobrando das empresas a responsabilidade social em prol de um país livre de fake news”, afirma o administrador da conta brasileira, que mantém anonimato por questões de segurança, ao celebrar os resultados obtidos pelo movimento em menos de 100 dias de operação no país.
Inquérito da PF
Antes do Brasil Sem Medo, o Sleeping Giants mirou o Jornal da Cidade Online (JCO) e o Conexão Política, ambos com linha editorial bolsonarista e histórico de propagação de fake news. Primeiro alvo da ofensiva antiextremismo, o JCO também perdeu mais de 200 anunciantes, mas, após passar dois meses desmonetizado, voltou a veicular anúncios por meio de plataformas alternativas de mídia, como o programa de afiliados da Bet365, empresa de apostas britânica. O site ainda é irrigado por propagandas automáticas em sua página no Facebook.
Para manter contribuições e escapar do cerco digital, sobretudo no sistema do Google, ativistas digitais associados ao bolsonarismo têm recorrido a outras formas de financiamento. Entre as opções testadas está o uso de bitcoins ou até mesmo de plataformas de financiamento coletivo menos conhecidas, como a recém-lançada Thinkspot, voltada à monetização de conteúdos ultraconservadores. Por causa da debandada de anunciantes em sites alinhados à extrema direita, a cruzada do Sleeping Giants despertou reação de apoiadores e integrantes do Governo Bolsonaro, que passaram a levantar campanhas pregando boicote às empresas que vetam anúncios nas páginas de seus aliados. Um estudo elaborado pelo Netlab, laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que pesquisa interações em redes sociais, identificou que 30% dos perfis que subiram hashtags contra marcas no Twitter eram operados por robôs.
Jornal da Cidade Online recorre a
novo sistema de anúncios após bloqueios no Google.
O contragolpe não se limita ao ambiente digital. Segundo o The Intercept Brasil, a Polícia Federal de Londrina tentou investigar o perfil, em maio, por meio de um inquérito que terminou arquivado por pedido do MPF e decisão da Justiça. “A informação de que há sites propagadores de fake news causou extremo desgaste e inconformismo à toda população, inclusive a que vive em Londrina”, diz trecho do inquérito agora arquivado. O EL PAÍS questionou a PF sobre o inquérito, mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem. O administrador do perfil do Sleeping Giants tampouco havia respondido aos questionamentos do jornal a respeito.
Fazendo coro aos filhos do presidente, o secretário de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, assegurou publicamente que iria contornar a situação a favor dos “veículos independentes” após o Banco do Brasil restringir anúncios no Jornal da Cidade Online em resposta ao Sleeping Giants. A possível interferência no órgão gerou ações no MPF e no Tribunal de Contas da União (TCU), que, no fim de maio, determinou a suspensão de campanhas digitais do banco em sites, blogs e redes sociais reconhecidos por disseminar notícias falsas. Relatório da CPMI das Fake News aponta que páginas apoiadoras do Governo já veicularam aproximadamente 2 milhões de anúncios pagos com verbas da Secom. A pasta explica que apenas contratou o serviço de mídia programática do Google, negando ter feito direcionamento específico a sites bolsonaristas.
Em nota enviada à reportagem, o porta-voz do Google informa que a empresa removeu anúncios, entre abril e junho deste ano, de mais de 600.000 páginas e 16.000 domínios no país por violação de suas políticas, que foram atualizadas em março para evitar a monetização de sites e canais com informações sobre a pandemia de covid-19 que contradizem o consenso científico. Recentemente, o TCU recomendou que o Governo suspendesse contratos com o Google para evitar a veiculação de propaganda estatal em páginas impróprias. A plataforma mantém contatos com o tribunal a fim de esclarecer o funcionamento do sistema de mídia programática, “incluindo opções de configurações e controles colocados à disposição dos anunciantes ou de seus representantes (como agências de publicidade)”, pontua o Google.
Com mais de 380.000 seguidores no
Twitter, o Sleeping Giants Brasil já tem alcance maior que a matriz norte-americana,
que foi tema de reportagem do EL PAÍS que inspirou o movimento brasileiro. Além
do foco na desmonetização dos três sites, o perfil acumula trunfos pontuais,
como a derrubada de uma campanha de financiamento dos 300 do Brasil, descrita
pelo Ministério Público como “milícia armada”, e a investida contra o Xbox Mil
Grau. O canal de gamers notórios por falas racistas, sexistas e homofóbicas
acabou derrubado devido à mobilização em torno do YouTube e anunciantes. “Uma
luta coletiva que deu resultados”, comemorou o perfil.
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
O Capitalismo é um sistema cultural
O Capitalismo não é (apenas) um sistema econômico.
Ele é um sistema regulador de vontades.
Mais do que isso.
É um sistema regulador da atenção. Uma economia da atenção. (...como, aliás, dizia Debord)
"Distraídos, venceremos !"
(Leminski)
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Escravidão, desigualdade, racismo
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Sobre o encarceramento em massa
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
O AVANÇO DO CONSERVADORISMO NOS EUA (2)
- CASO Citzens United (2010): no qual a Suprema Corte anulou os efeitos da lei McCain-Feingold, permitindo doações ilimitadas de empresas para campanhas. Para 2 avaliações fortes das contribuições de campanha na politica americana ,ver Heather K. Gerken: The Real Problem with Citzen United : Campaign Finance, Dark Money and Shadow Parties" . E Jane Mayer: Dark Money: The Hidden History of the Billionaires behind the Rise of The Radical Right. Ver tb o livro de Zephyr Teachout - Corrupção na América;
- Reagan relaxou a lei federal do pós-guerra sobre equilíbrio e
diversidade de pontos de vista na mídia, a Fairness Doctrine, um ato que
facilitou o avanço da Fox Broadcasting Company, a rede aberta
recém-fundada por Murdoch. Vale lembrar que o chamado jornalismo
objetivo foi uma exceção e não uma norma na história da imprensa
americana. Entre a Segunda Guerra e o final de década de 1980, o negócio
do jornalismo, sustentado por anunciantes, dependia de atingir audiências
maiores, portanto, não sectárias. O acirramento da polarização política
nos EUA, sob o governo Clinton, e a emergência da mídia digital
coincidiram com a ascensão da Fox News no cabo. Mas a rede começou conservadora,
não lunática. Hoje, a programação do horário nobre do canal, assistida por
uma média de 2.5 milhões de espectadores, é um loop contínuo de
propaganda, conspirações e desinformação. Medo e raiva são o modelo editorial.
- Em 2013, a Suprema Corte descobriu que racismo não era problema nos EUA e tomou uma decisão cujas consequências demonstraram a falsidade dessa premissa. A Lei de Direito ao Voto de 1965 exigia que estados com histórico de supressão do voto de afro-americanos submetessem mudanças em suas leis eleitorais para aprovação dos tribunais. Quando a Suprema Corte entendeu que isso não era mais necessário, certos estados imediatamente passaram a dificultar o acesso ao voto de afro-americanos (e de outros cidadãos). Em todo o Sul dos EUA, locais de votação desapareceram, em geral sem aviso, em cima da hora da eleição. Em 22 estados foram aprovadas leis destinadas a reduzir o peso de afro- americanos e hispânicos nas urnas - leis que materialmente afetaram a eleição presidencial de 2016. Na eleição de 2016, no estado de Ohio, 144 mil pessoas a menos votaram em condados que incluíam grandes cidades em relação a quatro anos antes. Nesse mesmo ano, na Flórida, cerca de 23% dos afro-americanos tiveram negado o direito ao voto por serem criminosos condenados. Os crimes na Flórida incluem soltar balão de gás hélio ou pescar lagostas de cauda curta. Ainda em 2016, no Wisconsin, foram contabilizados 60 mil votos a menos em comparação com a eleição presidencial anterior. A maior parte dessa redução ocorreu na cidade de Milwaukee, que concentra a maioria dos afro-americanos do estado. Barack Obama tinha ganhado na Flórida, em Ohio e no Wisconsin em 2012. Trump venceu nos três estados por pequena margem em 2016, sendo que no Wisconsin obteve apenas 23 mil votos a mais. (from "Na contramão da liberdade: A guinada autoritária nas democracias contemporâneas" by Timothy Snyder, tradução Berilo Vargas)
- Caso do encarceramento em massa : a partir da administração Nixon, promoveu-se o endurecimento das leis anti crime e diminui os programas sociais. (Ver o livro q fala mais detalhadamente sobre a perda de primariedade após um delito com subsequente punição mais dura no caso de cometimento de infração leve). Nos Estados Unidos, desde a “guerra contra o crime” dos anos 1990, quem reincidia duas vezes, tendo cometido ao menos um crime que valesse dez anos de cadeia, ia preso para sempre —sem condicional. No papel, parece uma boa lei: vamos tirar de circulação os contumazes. Por essa lei, Alvin Kennard cumpriu 36 anos de cadeia por assaltar uma padaria de faca na mão e roubar US$ 50 e uns quebrados. Isso por ser reincidente, embora seus crimes anteriores não fossem violentos. Quem soltou Alvin foi um juiz, opondo-se à lei. Os resultados que se destacam da aplicação dessas práticas penais nos Unidos foram o hiper encarceramento, o aumento massivo de demandas judiciárias (sendo que, estatisticamente, na década de 1990, mais da metade delas não chegava a ser julgada, ou pelo fim de prazos, ou por não possuírem qualquer fundamento), a desconfiança da população mais pobre em relação ao aparelho policial (com um aumento de queixas) e a discriminação racial, com a confirmação de prisões apenas baseadas na aparência do sujeito, infundadas, principalmente de latinos e negros.
- A chamada Lei Do Direito ao Trabalho, pelo qual dispensou a contribuição sindical obrigatória ao mesmo tempo que confere àquele que não contribui os mesmos direitos de representatividade sindical (Do livro : Como Funciona o Fascismo, de Jason Stanley). Nos anos 1980, o governo federal enfraqueceu a posição das organizações sindicais. A percentagem de norte-americanos em empregos sindicalizados caiu de cerca de um quarto para menos de 10%. A sindicalização no setor privado despencou ainda mais, de 34% para 8% entre os homens e de 16% para 6% entre as mulheres. A estimativa de Bruce Western e Jake Rosenfeld é de que a dessindicalização explica de um quinto a um terço do aumento da desigualdade.
- Os
EUA tinham recursos p oferecer politicas básicas que estabilizariam as
classes medias (aposentadoria, transporte coletivo, assistência medica,
ferias remuneradas e licença maternidade e paternidade), mas uma tendência
regressiva na politica tributaria tornava isso mais difícil. Enquanto os
trabalhadores pagavam uma carga tributaria cada vez maior, através
de impostos na folha de pagamentos, as empresas e as famílias ricas viam a
sua cair pela metade, ou mais.
- Dos
anos 1980 para cá, as alíquotas tributarias pagas pelos
norte-americanos de maior renda, que formam o topo de 0,1%, caíram de 65%
para 35% e pelos que formam o topo do topo de 0,01%, de 75% para menos de
25%.
- Em
1981 , Reagan baixou a alíquota máxima de imposto de renda p a população
de alta renda de 70% para 50%; em 1986 baixou novamente, para 38,5%.
George Bush reduziu p 35%; e a alíquota sobre ganhos de capital, de 20%
para 15% em 2003.
- Desde
1986, o PIB per capta dos EUA cresceu 59%; o patrimônio liquido do país
cresceu 90%; o lucro empresarial aumentou 283%. Porem só 1% do crescimento
total de 1986 a 2012 foi para as famílias que compõem 90% da base da pirâmide
social. Em contrapartida 42% foi para o 0,1% do topo.
- Reagan
cortou pela metade o financiamento de subsídios a alugueis e habitações
sociais e tirou 1 milhão de pessoas do auxilio-alimentação. Bill Clinton
substituiu o Auxilio a Famílias com Filhos Dependentes , um programa sem
limite de duração, pela Assistência Temporária para Famílias Carentes, um
programa administrado pelos estados e que tem limite de 2 anos
consecutivos ou 5 ao todo. Os estados por sua vez corroeram o sistema de
amparo social usando os recursos para preencherem seus orçamentos. Por
isso se ha 2 décadas , 68% das famílias pobres com filhos recebiam auxilio
financeiro , atualmente somente 26% recebem.
sábado, 8 de agosto de 2020
Populismos...
Populismos
(1)
O processo
de mundialização implicará profundas alterações urbanas e também demográficas,
especialmente nas grandes metrópoles da Europa (mais acentuadamente). Esse tipo
de transformação profunda e ampla é, naturalmente, muito traumática,
especialmente para aqueles que vivem passivamente o processo, no caso, os
europeus tradicionais moradores há gerações dessas cidades mais atrativas. É
nessa dificuldade que floresce o populismo, com suas soluções imediatistas e respostas fáceis (fechamento de fronteiras, proibição de imigrações).
Mas será
que isso é realmente possível?
Será que
um grupo de governantes conseguiria parar o processo de integração com a Ásia
, "na marra"?
Ou são
apenas tolos saudosistas e/ou oportunistas políticos evocando um passado mítico
que nunca existiu de fato?
Entendo
que os conservadores são tolos - conseguem até conquistar o poder, mas não
conseguem fazer face a esses desafios que a historia impõe.
É possível parar a marcha da história em nome do medo?
Populismos
(2)
Uma coisa a gente pode tender a concordar com o populismo de extrema direita: considerando a média de padrão de vida mundial, a Europa e os EUA vivem com o file mignon e o resto do mundo, mal e mal, com o osso. Se você diz "sim" à globalização (livre fluxo migratório e de capitais, integração dos processos produtivos etc.), das duas uma:
1. Ou você vai viver um decréscimo do padrão de vida dessa elite, em maior ou menor grau; ou
2. você advoga q todos cresçam, os asiáticos mais que os europeus, de modo q ninguém perde , mas os pobres ganham mais (é o que os globalistas têm defendido).
Suspeito que quem paga a conta dessa segunda hipótese é o
meio-ambiente. Ou seja, para você sustentar ganhos globais constantes, o índice
de produtividade terá que ser muito alto, extraindo-se da natureza esse excedente
a ser apropriado desigualmente.
Provavelmente
o processo histórico será uma combinação de ambos, da seguinte forma:
A elite
de primeiro mundo e também a classe média tentarão se fechar cada vez
mais, numa tentativa de segurar o máximo do filé possível. Mas o processo histórico
segue seu curso e conspira contra esse conservadorismo. Os populistas tentam
vender a ideia de que é possível, sim , brecar essa marcha. Mas os chineses,
indianos, paquistaneses, africanos e muçulmanos de diversas nações,
dentre tantos outros continuam e continuarão chegando e mudando o
perfil habitacional, de mercado de trabalho, a educação , a cultura etc.
Populismos
(3)
Ha quem diga que a própria natureza vai impor um limite ao crescimento nas próximas décadas. Se isso acontecer, voltamos ao cenário (1), anteriormente mencionado, com maior radicalismo. Ou seja, o crescimento de produtividade não se sustenta e a elite mundial ( estou aqui incluindo a classe media dos países avançados) vai tentar se fechar ainda mais, diante da escassez de recursos.
Num
certo sentido e sob esse ponto de vista sócio-econômico, é como se a pauta
ambientalista jogasse mais lenha no fogo populista, pois ao propor
maior preservação dos recursos , está dizendo: o consumo de vocês é - e sempre
foi - exagerado, ele só se sustentou graças à exploração de populações inteiras
de outros continentes (colonialismo) e graças a uma exploração ambiental insustentável. Mas agora que todos estão se integrando, seus filhos terão
que se contentar com menos!
Ora,
isso, para essa elite , é absolutamente inaceitável!
Sem uma mudança
cultural profunda (menos consumismo, menos filhos, decrescimento econômico,
mudança da matriz energética etc.), esse pessoal cai no colo do discurso
populista , simplesmente porque não admite abrir mão de nada , nesse
momento crucial para o mundo humano e não humano.
O medo e o ressentimento
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
O AVANÇO DO CONSERVADORISMO NOS EUA (1)
- permitindo que afro-americano
votassem em eleições;
- colocando negros em posições de
poder e
- removendo o poder de voto de
cerca de 15 mil brancos, antigos
soldados ou oficiais confederados.
- O primeiro foi o infame
Compromisso de 1877. O pacto acabou efetivamente com a Reconstrução, pois
ao retirar as proteções federais para os afro-americanos , permitiu aos
democratas sulistas anular direitos democráticos e consolidar o domínio de
um partido único.
- O segundo acontecimento foi o
fracasso do Projeto de lei de Eleições Federais de Henry Cabot Lodge, em
1890, o qual teria permitido a supervisão federal de eleições legislativas
a fim de garantir a implementação do sufrágio negro. O fracasso do projeto
deu fim aos esforços federais para proteger o direito ao voto dos
afro-americanos no sul, ocasionando, consequentemente, a sua extinção.
- oposição ao aborto,
- apoio ao direito de oração nas
escolas públicas e, mais tarde,
- oposição ao casamento gay.